quarta-feira, 14 de novembro de 2007

"Professor-gorjeta"


O Governo Eduardo Campos afirma priorizar a educação e respeitar os educadores, mas isso é pura falácia. Provas disso não faltam e o governo ainda cria outros indícios reveladores. A nova demonstração de descaso é a seguinte: mais um anúncio de contratação temporária foi realizado para o setor educacional, porém o absurdo não consiste apenas neste fato. Ocorre que entre os contratados temporariamente estão professores e também analistas de obras. Ao todo, o governo anunciou que contratará em regime provisório 671 professores, 608 educadores indígenas (embora ainda não saibamos se há gente capacitada para este fim num volume que atenda a esta demanda), 43 “educadores da terra” (?), 20 professores para o conservatório de música e 44 engenheiros. A seleção não obedecerá concurso e sim a análise de currículos.

São oferecidos os seguintes salários:
  • Professores com 200 horas/aula: RS 420,00
  • Professores com 150 horas/aula: R$ 380,00 (um salário-mínimo!)
  • Analistas de obras: R$ 3.230,00
A “curiosidade” deste anúncio é bastante grotesca: a SECRETARIA DE “EDUCAÇÃO” oferece aos professores salários equivalentes a 11,76% (150 horas/aula) ou 13% (200 horas/aula) dos salários pagos aos engenheiros a serviço da própria secretaria, ou seja, o governo simplesmente não pode argumentar que valoriza os professores quando estabelece uma relação salarial ostensivamente humilhante.

Define-se o termo gorjeta geralmente como uma gratificação pequena correspondente ao préstimo de algum serviço e, neste sentido comparativo, nós, educadores, estamos vivendo de “gorjetas salariais” pois nossos vencimentos equivalem a frações daquilo que é pago a outros trabalhadores a serviço de nossa própria secretaria. Quando uma Secretaria de Educação coloca seus mestres nos últimos patamares de reconhecimento profissional ao ponto em que educadores equivalham a uma ínfima fração de outros profissionais que não atendem à atividade-fim do setor, está evidenciado o mais gritante dos descasos, retrato de que a categoria é claramente desprestigiada, chegando a receber o pior salário do Brasil. Continuando a ilustrar a situação: ao todo, os salários dos 44 engenheiros que poderão ser contratados pela Secretaria da (Des)Educação corresponderão ao pagamento de cerca de 374 professores com 150 horas/aula ou ainda a cerca de 338 professores com 200 horas/aula.

Quais serão os argumentos cínicos que o governo apresentará para justificar esta discrepância salarial? O que nossa insípida representação sindical fará a respeito? Será que a direção do SINTEPE terá a mesmíssima atuação sem efeito que a caracteriza?

Um comentário:

  1. A direção sindical continuará omissa como sempre. A "lua-de-mel" com o governo parece que perpetuou-se... E a base que se ....

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