quarta-feira, 30 de junho de 2010

Aula cronometrada

Com um método já aplicado em países de bom ensino,
o Brasil começa a investigar o dia a dia nas escolas


Roberta de Abreu Lima

Fotos Eduardo Martino/Documentography e Istockphoto/RF
Controle do tempo
Escola municipal no Rio de Janeiro: os cronômetros vão ajudar a entender as causas da evidente ineficácia na sala de aula

As avaliações oficiais para medir o nível do ensino no Brasil têm se prestado bem ao propósito de lançar luz sobre os grandes problemas da educação – mas não fornecem resposta a uma questão básica, que se faz necessária diante da sucessão de resultados tão ruins: por que, afinal, as aulas não funcionam? Muito já se fala disso com base em impressões e teoria, mas só agora o dia a dia de escolas brasileiras começa a ser descortinado por meio de um rigoroso método científico, tal como ocorre em países de melhor ensino. Munidos de cronômetros, os especialistas se plantam no fundo da sala não apenas para observar, mas também para registrar, sistematicamente, como o tempo de aula é despendido. Tais profissionais, em geral das próprias redes de ensino, já percorreram 400 escolas públicas no país, entre Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Em Minas, primeiro estado a adotar o método, em 2009, os cronômetros expuseram um fato espantoso: com aulas monótonas baseadas na velha lousa, um terço do tempo se esvai com a indisciplina e a desatenção dos alunos. Equivale a 56 dias inteiros perdidos num só ano letivo.

Já está provado que a investigação contínua sobre o que acontece na sala de aula guarda relação direta com o progresso acadêmico. Ocorre, antes de tudo, porque tal acompanhamento permite mapear as boas práticas, nas quais os professores devem se mirar – e ainda escancara os problemas sob uma ótica bastante realista. Resume a especialista Maria Helena Guimarães: "Monitorar a sala de aula é um avanço, à medida que ajuda a entender, na minúcia, as razões para a ineficácia". Não é de hoje que países da OCDE (organização que reúne os mais ricos) investem nessas incursões à escola. Os americanos chegam a filmar as aulas. O material é até submetido aos professores, que são confrontados com suas falhas e insucessos. Das visitas que fez a escolas nos Estados Unidos, o pedagogo Doug Lemov depreendeu algo que a breve experiência brasileira já sinaliza: "Os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital".

Numa manifestação de flagrante corporativismo, os professores brasileiros chegaram a se insurgir contra a presença dos avaliadores dentro da sala de aula. Em Pernambuco, o sindicato rotulou a prática de "patrulhamento" e "repressão". Note-se que são os próprios professores que preferem passar ao largo daquilo que a experiência – e agora as pesquisas – prova ser crucial: conhecer a fundo a sala de aula. Treinados pelo Banco Mundial, os técnicos já se puseram a colher informações valiosas. Afirma a secretária de educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin: "Pode-se dizer que o cruzamento das avaliações oficiais com um panorama tão detalhado da sala de aula revelará nossas fragilidades como nunca antes". Nesse sentido, os cronômetros são um necessário passo para o Brasil deixar a zona do mau ensino.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Recesso

Funcionários de escola têm direito a recesso

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Escrito por Mellyna Reis

Ter, 08 de Junho de 2010 13:18

O Sintepe informa que os servidores administrativos das escolas da rede estadual têm direito ao recesso de acordo com a cláusula 28, do acordo coletivo negociado com o Governo do Estado.Na cláusula 28 do Acordo Específico da Educação de 1991/1992, cuja validade permanece ao logo dos anos, está previsto:

"Os integrantes do quadro de magistério, independente da função que exerçam na rede escolar, farão jus à totalidade do recesso escolar que será de 15 (quinze) dias. Os servidores administrativos, durante período de recesso da rede escolar, farão revezamento igualitário, de modo a assegurar o atendimento das funções mínimas nas escolas da Rede Oficial de Ensino."

João Alexandrino, diretor de Filiação e Patrimônio do Sintepe e Coordenador Nacional do Departamento de Funcionários da Escola (Defe), orienta os funcionários a definirem com o gestor da unidade o esquema de rodízio de trabalho. "Os diretores e servidores administrativos das escolas que tiverem algum dúvida sobre a legislação, podem procurar o Sintepe".

domingo, 27 de junho de 2010

Judiciário quer reajuste de 56% e salário de quase R$ 9 mil para copeiro

Argumento para aumentar rendimentos dos 100 mil funcionários é que valores atuais estão defasados com relação ao Executivo e Legislativo


Os tribunais superiores do País se propõem a pagar até R$ 8.479,71 a funcionários que têm apenas instrução fundamental e desempenham funções de apoio, como copeiros, contínuos ou operadores de copiadora. O salário inicial é de R$ 3.615,44.

Essa situação será criada pela aprovação do projeto de lei 6.613/2009, em tramitação no Congresso Nacional. A proposta dá um reajuste médio de 56% aos 100 mil funcionários do Judiciário. Com ele, profissionais de nível técnico poderão ganhar até R$ 18.577,88 e os de nível superior, R$ 33.072,55 - acima do teto do serviço público, que é de R$ 26.723,13.

Esses super salários não constam do projeto de lei, cujo anexo informa apenas o valor do vencimento básico, somado a uma gratificação. Mas os contracheques podem engordar até dobrar de tamanho se foram somadas vantagens pessoais.

É o caso do analista judiciário. Pelas tabelas que circulam no Congresso, ele ganharia, no topo, R$ 16.324,61. Mas o vencimento bruto chega a R$ 33.072,55, num caso extremo. É o caso de um profissional que ocupe um cargo de confiança, chamado "cargo em comissão", que lhe rende um adicional de até R$ 7.596,39, esteja nessa situação há duas décadas, recebendo por isso dez "décimos", num total de R$ 7.791,17, e tenha doutorado, ganhando por isso R$ 1.360,38 a mais.

"Alguns servidores podem chegar a essa situação, mas isso é coisa de 1% a 2% da carreira", disse Jailton Mangueira Assis, coordenador de Administração e Finanças do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (Sindjus-DF). "Cerca de 60% não têm incorporação nenhuma."

Da mesma forma, ele explica que os profissionais de nível básico com salários polpudos são exceção. "Deve ter umas 100 ou 200 pessoas, no máximo, nessa condição". Segundo sindicalista, há muito tempo não se faz concurso público para profissionais de nível fundamental, pois atualmente empresas terceirizadas se ocupam dessas funções.

O principal argumento dos funcionários do Judiciário para obter o reajuste é que seus salários estão defasados em relação aos dos colegas do Executivo e do Legislativo. Isso estaria provocando alta rotatividade nos tribunais, "com prejuízos no que se refere à celeridade e à qualidade da prestação jurisdicional", diz a justificativa ao projeto de lei. Parecer da área econômica diz o contrário: se os reajustes foram concedidos, os funcionários do nível técnico e auxiliar ganharão mais do que o equivalente no Executivo, o que é inconstitucional.

O projeto de lei foi enviado ao Congresso em dezembro passado, com a assinatura de todos os presidentes de tribunais superiores. Em maio, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, visitou o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Temer negou que tenham discutido o reajuste. A matéria foi aprovada pela Comissão de Trabalho da Câmara na semana passada. Precisa passar por mais duas comissões.

"Estamos na expectativa de um acordo com o Ministério do Planejamento que permita levar o projeto para o plenário", explicou Assis. Isso encurtaria o tempo de tramitação. Do contrário, não haverá tempo para votar o projeto antes do recesso parlamentar. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tem dito que não há como pagar o reajuste este ano.

O custo estimado dos reajustes no Judiciário, que variam de 52,88% a 81,85%, é de pelo menos R$ 6,4 bilhões e beneficia 100 mil pessoas. Em comparação, o aumento de 7,72% das aposentadorias acima de um salário mínimo, sancionado semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, beneficia 8,4 milhões de pessoas e custará R$ 8,3 bilhões no total.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Enchentes e Secas

Enchentes e secas: excelentes mecanismos de aparição e obtenção de votos. Com a tragédia que se abateu sobre diversos municípios pernambucanos por conta das fortes chuvas, o que não falta é político interessado em resolver a questão. A estratégia é a de sempre, visitam áreas afetadas, prometem ajuda, indignam-se com a situação de miséria da população pobre, fazem discursos inflamados, alguns até choram... entre outras encenações. Instituições e grandes empresas, fazem campanhas para doações de gêneros necessários à sobrevivência humana, realizam caridade com recursos alheios, mas, basta a poeira, ou melhor, a 'chuva baixar' e tudo volta ao 'normal'. Os pobres que são os mais afetados em situações catastróficas permanecerão morando em encostas de morros, em terrenos alagadiços, e em outros locais inóspitos de se habitar. Continuarão juntamente com os fenômeno naturais sendo responsabilizados pela sua própria desgraça .Assim como acontece com as secas no Sertão nordestino, a manutenção da miséria intensificada com as enchentes, é uma questão política, aos marginalizados sociais, resta apelar para a ajuda dos céus e aceitar que tudo é vontade divina.
"Solidariedade a gente vê por aqui". Abandono, humilhação e muito descaso, também.

Imagem disponível em regismarques.worpress.com

sábado, 19 de junho de 2010

De volta

Diário de Pernambuco 15/06/2010 Caderno Viver- João Alberto

Mozart Neves Ramos está voltando de vez para o Recife. Deixa a presidência executiva do Todos pela Educação, ficando no conselho, para assumir o comando da Synapses, ONG que trabalha com programas de qualidade na educação básica nas escolas públicas. Tem entre os parceiros a Microsoft e as Universidades de Harvard e Cambridge.

Que "ótima" notícia! Esse senhor Mozart Ramos, adora projetos estrangeiros, nas escolas de referências americanas o professor é avaliado, pela direção da escola, pelos alunos e pela comunidade, caso ele não seja aprovado, é afastado de sala e vai para curso de "reciclagem". Se não conseguir ser reciclado a "peça" certamente irá para o lixo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Arraial da Secretaria de Educação sem Professor

A secretaria de educação de Pernambuco realizou hoje seu arraial de São João em sua nova sede na Várzea( área periférica de Recife). Camisas foram distribuídas visando padronizar o evento de confraternização festiva entre os servidores. Todavia o curioso é que os professores da rede não foram avisados, nem convidados para a festa.
Mas parece que a SEE discrimina seus servidores: uns podem outros não. Os gestores(as) da SEE, através das gerências de ensino só se voltam para os professores para cobrar metas, as quais ninguém entende.
Diante disto percebemos haver distorções grotescas dentro da própria SEE: de um lado os executivos e técnicos(beneficiados com melhores salários e local adequado de trabalho) e do outro os professores responsáveis por "fazer o bonde andar" com a responsabilidade de educar milhares de pernambucanos todos os dias e sem ter com que contar.
Talvez afastando dos olhos os professores, a SEE consiga esquecer também suas responsabilidades para com o povo pernambucano.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Copa do Mundo e a reposição de aulas

O verde e o amarelo tomam conta do Brasil: é o patriotismo que nos domina a cada quatro anos. Como de costume, o país pára durante os jogos e o serviço público não fica de fora. Só há uma distinção: professores terão que repor as aulas que coincidam com os jogos da Seleção Brasileira. Isto está expresso na portaria 5.643 da Secretaria de Educação, publicada no Diário Oficial de 11 de junho. Embora não seja obrigatório a reposição do expediente interrompido nas instâncias burocráticas da Secretaria de Educação e nas GREs, os professores terão que dar um jeito e repor as aulas! A novidade desta nova medida está na retórica, pois o governo acabou de cunhar a expressão "recompor o calendário escolar", o que significa exatamente REPOR AULA!
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Confiram abaixo a Portaria 5.643:
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PORTARIA Nº 5643 DE 10 JUNHO DE 2010.

Determina as Unidades Escolares da Rede Estadual de Ensino a recompor o calendário escolar, em virtude da realização de jogos da Seleção Brasileira de Futebol em dias úteis.

O SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO, no uso das atribuições que lhe são conferidas no Regimento Interno da Secretaria de Estado de Educação e considerando a realização da Copa do Mundo de Futebol no ano de 2010, resolve:
Art. 1º. Determinar as Unidades Escolares da Rede Estadual de Ensino a recompor o calendário escolar das turmas cujo turno coincide com a realização dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol.
Art. 2º. As Unidades Escolares deverão cumprir rigorosamente, os 200 (duzentos) dias letivos e a carga horária anual das respectivas matrizes curriculares, conforme preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 e o art. 8º da Instrução Normativa 03/2009, publicada no Diário Oficial do dia 23 de dezembro de 2009.
Art. 3º. Para realização da reposição, a Unidade Escolar deverá, impreterivelmente, realizar reunião com a comunidade escolar, devidamente registrada em ata, constando o período de reposição, a concordância e assinatura dos presentes, particularmente dos professores com regência de classe.
Art. 4º. Cabe ao gestor(a) da GRE assegurar a consolidação dos calendários de reposição das escolas sob sua jurisdição e encaminhar para a GGPRE/SEGE.
Art. 5º. Ficará a cargo das Gerências Regionais de Educação a verificação do cumprimento das reposições de que trata esta Portaria.
Art. 5º. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Nilton Mota
Secretário de Educação

Nota de Falecimento

Faleceu sábado (12/junho) o professor de Geografia Carlos Alberto Torres Bezerra Menezes lotado na escola Tito Pereira e recentemente na Torquato de Castro, ambas em Aldeia/ Camaragibe. O professor foi vítima de um ataque cardíaco e teve óbito imediato. O enterro aconteceu às 16 horas do domingo no Cemitério Parque das Flores.

domingo, 13 de junho de 2010

Nem tudo é festa

Professores da rede estadual aproveitam festa para protestar. O fato aconteceu dia 11 de junho na escola Santa Sofia /Camaragibe, na inauguração da sala de ginástica bancada por uma empresa privada. Arrumada para o evento, a escola contou com a presença de Cláudio Luppi (Deloitte Consultoria), do jogador Kuki, representantes da Gre Metro -Sul, entre outros convidados. Em sua fala a gestora da Gre, Sandra Farias, referindo-se ao desconforto bastante questionado na escola disse que, "o calor ali existente era por conta do calor humano" expressão infeliz e até irônica, mas, bastante compreensível uma vez que parte de alguém acostumada a dar expediente em sala com arcondicionado, água gelada, biscoitos e cafezinho. Porém, nem tudo era festa, cartazes colados na parede , refletiam o sentimento de indignação da categoria. Entre os dizeres lia-se: Professores de PE: Pior salário do Brasil/ Abaixo os fiscais do governo dentro das escolas/ Cadê o PISO?/ Eduardo Campos destruiu o Plano de Cargos e Carreiras e reduziu salário dos professores/Cadernetas burocráticas reduzem o tempo pedagógico do professor/ Vale refeição dos professores: R$ 7,00 por dia. Uma piada/ Cresce a violência da escola./ O governo está acabando com o Ensino Fundamental.
Fotos dos deputados traídores que aprovaram a proposta do governo que trouxe danos aos trabalhadores em educação, também estampavam as paredes.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Homenagem

Saiu hoje na Folha de PE caderno Grande Recife (p.2):
Reunião na "Confraria da Educação" onde iriam ser homenageados Francisco José e Beatriz Castro da Rede Globo , no restaurante Boi Preto na Av. Boa Viagem (Pina).
Veja a que ponto essa burguesia chegou, o que esse pessoal contribui para a nossa educação? É uma piada, é a política do movimento "Todos pela Educação" comandada por Cristovão Buarque e Mozart Neves, aquele que foi o Secretário de Educação no governo Jarbas e, como seus antecessores e sucessores, nada acrescentou à educação de Pernambuco a não ser descaso e desrespeito com a categoria dos professores. Inclusive, em entrevista recente os senhor Mozart chegou a responsabilizar os professores pelos baixos índices de aprendizagem verificados em atuais pesquisas, disse que, em Pernambuco o professor é faltoso, apresenta muitos atestados médicos aproveitando-se da legislação que é "muito branda". E, negando de forma clara os fatores que contribuem para uma boa aprendizagem chegou a questionar o porquê do aluno não aprender, uma vez que, na maioria das vezes estes, vão todos os dias à escola.
Ou seja, basta frequentar a sala de aula, mesmo que esta seja quente, superlotada, com professor doente, mal remunerado, sem recursos para trabalhar...nada importa.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não ao Nepotismo

Presidência da RepúblicaCasa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 7.203, DE 4 DE JUNHO DE 2010.
Dispõe sobre a vedação do nepotismo no âmbito da administração pública federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
DECRETA:
Art. 1o A vedação do nepotismo no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta observará o disposto neste Decreto.
Art. 2o Para os fins deste Decreto considera-se:
I - órgão:
a) a Presidência da República, compreendendo a Vice-Presidência, a Casa Civil, o Gabinete Pessoal e a Assessoria Especial;
b) os órgãos da Presidência da República comandados por Ministro de Estado ou autoridade equiparada; e
c) os Ministérios;
II - entidade: autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de economia mista; e
III - familiar: o cônjuge, o companheiro ou o parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau.
Parágrafo único. Para fins das vedações previstas neste Decreto, serão consideradas como incluídas no âmbito de cada órgão as autarquias e fundações a ele vinculadas.
Art. 3o No âmbito de cada órgão e de cada entidade, são vedadas as nomeações, contratações ou designações de familiar de Ministro de Estado, familiar da máxima autoridade administrativa correspondente ou, ainda, familiar de ocupante de cargo em comissão ou função de confiança de direção, chefia ou assessoramento, para:
I - cargo em comissão ou função de confiança;
II - atendimento a necessidade temporária de excepcional interesse público, salvo quando a contratação tiver sido precedida de regular processo seletivo; e
III - estágio, salvo se a contratação for precedida de processo seletivo que assegure o princípio da isonomia entre os concorrentes.
§ 1o Aplicam-se as vedações deste Decreto também quando existirem circunstâncias caracterizadoras de ajuste para burlar as restrições ao nepotismo, especialmente mediante nomeações ou designações recíprocas, envolvendo órgão ou entidade da administração pública federal.
§ 2o As vedações deste artigo estendem-se aos familiares do Presidente e do Vice-Presidente da República e, nesta hipótese, abrangem todo o Poder Executivo Federal.
§ 3o É vedada também a contratação direta, sem licitação, por órgão ou entidade da administração pública federal de pessoa jurídica na qual haja administrador ou sócio com poder de direção, familiar de detentor de cargo em comissão ou função de confiança que atue na área responsável pela demanda ou contratação ou de autoridade a ele hierarquicamente superior no âmbito de cada órgão e de cada entidade.
Art. 4º Não se incluem nas vedações deste Decreto as nomeações, designações ou contratações:
I - de servidores federaisocupantes de cargo de provimento efetivo, bem como de empregados federais permanentes, inclusive aposentados, observada a compatibilidade do grau de escolaridade do cargo ou emprego de origem, ou a compatibilidade da atividade que lhe seja afeta e a complexidade inerente ao cargo em comissão ou função comissionada a ocupar, além da qualificação profissional do servidor ou empregado;
II - de pessoa, ainda que sem vinculação funcional com a administração pública, para a ocupação de cargo em comissão de nível hierárquico mais alto que o do agente público referido no art. 3º;
III - realizadas anteriormente ao início do vínculo familiar entre o agente público e o nomeado, designado ou contratado, desde que não se caracterize ajuste prévio para burlar a vedação do nepotismo; ou
IV - de pessoa já em exercício no mesmo órgão ou entidade antes do início do vínculo familiar com o agente público, para cargo, função ou emprego de nível hierárquico igual ou mais baixo que o anteriormente ocupado.
Parágrafo único. Em qualquer caso, é vedada a manutenção de familiar ocupante de cargo em comissão ou função de confiança sob subordinação direta do agente público.
Art. 5º Cabe aos titulares dos órgãos e entidades da administração pública federal exonerar ou dispensar agente público em situação de nepotismo, de que tenham conhecimento, ou requerer igual providência à autoridade encarregada de nomear, designar ou contratar, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo único. Cabe à Controladoria-Geral da União notificar os casos de nepotismo de que tomar conhecimento às autoridades competentes, sem prejuízo da responsabilidade permanente delas de zelar pelo cumprimento deste Decreto, assim como de apurar situações irregulares, de que tenham conhecimento, nos órgãos e entidades correspondentes.
Art. 6º Serão objeto de apuração específica os casos em que haja indícios de influência dos agentes públicos referidos no art. 3o:
I - na nomeação, designação ou contratação de familiares em hipóteses não previstas neste Decreto;
II - na contratação de familiares por empresa prestadora de serviço terceirizado ou entidade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou entidade da administração pública federal.
Art. 7o Os editais de licitação para a contratação de empresa prestadora de serviço terceirizado, assim como os convênios e instrumentos equivalentes para contratação de entidade que desenvolva projeto no âmbito de órgão ou entidade da administração pública federal, deverão estabelecer vedação de que familiar de agente público preste serviços no órgão ou entidade em que este exerça cargo em comissão ou função de confiança.
Art. 8o Os casos omissos ou que suscitem dúvidas serão disciplinados e dirimidos pela Controladoria-Geral da União.
Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 4 de junho de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAPaulo Bernardo SilvaJorge Hage Sobrinho
Este texto não substitui o publicado no DOU de 7.6.2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

JC ONLINE (03/06/2010)

Denúncia
Professores criticam burocracia e falta de estrutura nas escolas. Enquanto uns não têm tempo de preencher dezenas de diários de classe, outros precisam levar o próprio material para dar aula.
Paulo Alexandre é obrigado a preencher 19 diários de classe.
"Ser professor sempre foi encarado como um sacerdócio, aquela pessoa desprendida. Esse tipo de pensamento facilitou muito a nossa degradação". O desabafo do professor de história Paulo Alexandre, 35 anos, revela o descontentamento que muitos docentes sentem com relação à profissão. Além da desvalorização em termos salariais, muitos se queixam da falta de estrutura na escola, da indisciplina dos alunos e do excesso de burocracia nas escolas. Esses desestímulos, afirma o professor, vão deixar as salas de aula sem mestre: "Somos aqueles que estão colocando tijolo por tijolo na base do desenvolvimento de uma sociedade. Infelizmente, podem faltar pedreiros um dia".
Paulo Alexandre, que abandonou administração para cursar história, graduação que não teve coragem de fazer inicialmente pelo pouco retorno financeiro, ensina numa das 160 escolas consideradas modelo, os chamados Centros de Referência em Ensino Médio de Pernambuco. Com muros pintados, salas limpas, jardim bem cuidado e laboratório de informática climatizado, essa "ilha da fantasia", nas palavras dele - porque não representa a realidade das demais unidades públicas -, é a Escola Estadual Professor Trajano de Mendonça, em Jardim São Paulo, Zona Oeste do Recife.
Apesar da excelente estrutura de trabalho, as atividades do professor esbarram na burocracia. Ele ensina três disciplinas - história, sociologia e filosofia - em seis turmas de 1º ano e história numa turma de 3º ano, ou seja, são 19 diários de classe que ele é obrigado a preencher. "Trabalhamos com uma caderneta que nos toma um tempo que é precioso para elaborar nosso trabalho e nós trabalhamos basicamente para preencher burocracias. Temos fiscais nos cobrando um diário de classe preenchido, mas não tem ninguém nos cobrando uma boa qualidade de aula", reclama o professor que, em época de prova, precisa corrigir mais de 700 testes em uma semana.
Assim como Paulo Alexandre, a professora de geografia Maria Albênia de Souza, 51, também sofre com esses relatórios diários, mas reclama, principalmente, da relação distante com os gestores. Ela ensina 24 turmas de 6ª série ao 1º ano e EJA (Educação de Jovens e Adultos) na Escola Estadual Santa Sofia e na Escola Estadual Torquato de Castro, ambas em Camaragibe.
"Somos cobrados diariamente, mas em momento nenhum alguém chega para perguntar sobre nossa satisfação em relação ao trabalho, se a sala está cheia, se os alunos estão incomodados com o calor, com a água da chuva que entra", afirma.
O professor de história vai mais além: "Nós não somos ouvidos no processo de planejar a educação em termos macro, de programa geral de desenvolvimento do Estado. Infelizmente, um certo grupo de burocratas dirige a educação e o professor vira um mero executor de um programa que vem de cima para baixo".
O principal desafio da professora Albênia, porém, não é a burocracia. Ao contrário de Paulo Alexandre, ela não trabalha numa escola que é referência. A Torquato de Castro, em Aldeia, apresenta sérios problemas estruturais. A unidade foi criada no início de 2008 para absorver os alunos e professores que não foram inseridos na Escola Tito Pereira, já que essa passou a ser escola modelo exclusiva para o ensino médio. Segundo a professora, o local era uma antiga fábrica de biscoito e foi reformado para abrigar a escola. "É um galpão, onde fizeram algumas reformas, as paredes são de gesso e vivem constantemente caindo. Um calor insuportável, porque, apesar de ser climatizado, são ventiladores e ar-condicionados antigos", reclama a professora de geografia que leva o próprio material de aula, pois a escola também carece de mapas e globo.

sábado, 5 de junho de 2010

Nem perto

DIARIO DE PERNAMBUCO - Recife, sábado, 5 de junho de 2010
Vida Urbana
Diario Urbano
Luce Pereira luce.pereira@diariodepernambuco.com.br

Nem perto // No dia de Corpus Christi, a declaração de solidariedade dada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, aos professores, na missa da Matriz da Boa Vista, animou manifestantes que participavam da celebração. Pelos cartazes expostos na calçada da igreja, eles não pareciam nem perto de engolir o aumento dado pelo governo do estado, que, segundo repetiam, transformou o salário da categoria no pior do Brasil.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Protesto no Corpus Christi






No dia de Corpus Christi (03/06) a Matriz da Boa Vista (Recife) foi palco de mais um protesto realizado pelos professores da rede estadual de Pernambuco contra o governo Eduardo Campos. Cartazes com o nome dos deputados que posicionaram-se contra os trabalhadores e aprovaram a proposta do governo que, reduziu salários e desmontou o Plano de Cargos e Carreiras da categoria foram colocados na calçada, denúncias sobre a violência nas escolas estamparam as paredes, na porta da igreja uma cruz foi erguida, simbolizando o sofrimento e a resistência do corpo docente de Pernambuco, crucificado pelo governador e condenado a morrer recebendo o PIOR SALÁRIO do Brasil.Em sua chegada para a celebração da missa, Dom Fernando Saburido (arcebispo de Olinda/Recife) dirigindo-se aos professores, disse ser solidário à luta da categoria.

Matéria no JC Online

Eu e a professora Albênia participamos de uma matéria publicada no JC Online, que está produzindo um ótimo especial sobre a educação pública em Pernambuco.
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Este é o link para a matéria:
http://www2.uol.com.br/JC/sites/educacao_basico/denuncia.html

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Holocausto em Gaza: Liberdade ao Povo Palestino!

Amigos! Amigas!
Temo que, nesses próximos 45 dias, tudo se transforme num gigantesco e anestesiante carnaval da copa...
Há, porém, fatos gravíssimos que se produzem, no âmbito internacional e no próprio cenário nacional. O covarde ataque do exército de Israel a uma frota de paz, em águas internacionais, constitui apenas a ponta de um enorme "iceberg"...
Tomemos o exemplo da Faixa de Gaza. Não bastassem os territórios anexados por Israel, com o apoio ou a cumplicidade das grandes potências, a começar pelos Estados Unidos, agora nem no minúsculo território que lhes restou (uma área de pouco mais de 350 mil Km2, onde se acham confinados um milhão e meio de habitantes), os Palestinos podem respirar... Vivem, há três anos, a pão e água, num bloqueio desumano decretado pelo Estado de Israel em flagrante desrespeito ao Direito Internacional, em situação que, guardadas as proporções, lembra os campos de concentração nazistas, de que foram as principais vítimas os judeus, cujo Estado hoje reproduz contra os Palestinos aquilo de que ontem foi vítima o povo judeu...
Ações de incessante violação aos Direitos Humanos mais elementares são praticadas pelo Estado de Israel, de modo impune. Até parece que, num fórum como o da ONU, cada israelense vale por centenas ou milhares de cidadãos, numa escala cuja definição dependa da força e do prestígio de seu respectivo país.
No dia em que cada cidadã(o) - não importando de qual país, de qual condição de gênero, de etnia, de faixa etária, etc. - for respeitada(o) pela sua condição de ser humano, essas aberrações, não apenas merecerão a devida indignação e o devido repúdio, como também já não teriam lugar entre os Humanos.
Imaginemos, por exemplo, se o abominável e covarde ataque cometido pelo exército de Israel contra as embarcações com pessoas de cerca de 60 países (Brasil, inclusive), em missão evidentemente humanitária, tivesse sido cometido pelo exército de outro país (Irã, Cuba, Brasil, Venezuela, Coréia do Norte, Síria...), qual teria sido a reação imediata de governos como o dos Estados Unidos, dos países europeus e de sua respectiva mídia?
Importa, sim, que nos indignemos profundamente. Ser humano, não importa onde viva, ou qual sua condição, tem que ser tratado com justiça e com respeito. E que de tal indignação profunda resultem gestos concretos, que acenem para o nosso compromisso de o nosso efetivo empenho na construção de um novo mundo.

Com ira e com esperança,
Alder Calado (jornalista) / Pesqueira-PE