segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Professores em agonia

Por Duci Medeiros


Depois da greve do ano passado ter sido decretada ilegal, depois dos salários dos professores grevistas terem sido descontados, depois do governo deixar de dar o devido, prometido e merecido aumento dos professores no 3º quadrimestre de 2009, depois de janeiro ter passado sem o aumento, depois do MPPE permitir que o governo descumpra a lei do piso e incorpore gratificações em março quando a lei versa que os administradores teriam até 31 de dezembro de 2009 para fazer isso, depois do governador destruir nosso plano de cargos e carreira, fazendo com que um professor que passou 4 anos na universidade ganhe R$ 9,00 a mais que um professor de ensino médio, que um mestre e doutor ganhe menos que um professor de escola de Referência que foi escolhido pelo sistema QI – quem indica. Depois que o governador propaga pela mídia que paga o piso salarial e baixa os salários dos professores que antes já era o pior salário do país, agora ganhamos menos ainda. Depois de tudo isto venho através desta denunciar a inércia do MPPE e a justiça deste estado e deste país.
Denuncio a falência e agonia da alma dos professores. Depois da greve do ano passado publiquei um texto denunciando as formas de como matar a alma dos professores de Pernambuco. O governador Eduardo campos deve ter lido e pensado que sua excelente competência não estava bem representada e que poderia melhorar sua eficiência no ano seguinte. Pois bem, ele conseguiu. Agora não são as almas dos professores que estão morrendo, suas esperanças em dias melhores, sua vontade de levantar e ir trabalhar, seu desejo de ser competente, sua vontade de comer, dormir, viver está em falência. E com esta falência da vida e ânimo dos professores morre também a escola, a educação e a esperança dos jovens e da sociedade em si.
Denuncio que a extrema competência do governador de Pernambuco e seus colaboradores, secretário de educação, deputados estaduais e Sintepe está conseguindo enterrar com eficiência e urgência esplêndida a vontade de muitos professores de trabalhar com a educação. Conheço 15 estudantes que estão trancando suas matrículas em universidades, 35 professores que estão pedindo aposentaria e licença, 40 que estão estudando para mudar de profissão e eu, a professora que vos fala está chorando ao deitar, rezando por milagre ao levantar e olhando com dor e angústias as faces de meus alunos, a tristeza está tomando conta de minha vida e vejo na face de meus colegas a mesma desesperança com a profissão que escolhi e que amo, mas que não sei mais se vale a pena mantê-la, por mais que eu ame o que faço.
Denuncio a minha dor, e a dor da face dos meus colegas e o autor de tanta desesperança foi tão eficiente que a sociedade pernambucana não consegue entender o que está acontecendo nas salas de aula. Denuncio a eficiência extrema do governador de Pernambuco em matar a alma e a esperança e o amor pela profissão do professor.

3 comentários:

  1. Comentário feito pela professora Rita de Cássia Barreto de Moura.


    Professora Duci,
    Entendo perfeitamente seus sentimentos e compreendo as circunstâncias que a levaram a tal situação. No entanto, não é verdade que todos os 49 deputados estaduais colaboram com o governador em suas ações de desrespeito com a educação do nosso estado. Para confirmar o que afirmo, peço que acompanhe mais atentamente os mandatos e reveja o cartaz que o Sintepe produziu com a posição de cada um deles, por exemplo, em relação ao Projeto de Lei enviado pelo Poder Executivo no processo da nossa última campanha salarial educacional. Assim, verá as diferenças e que temos deputadas como Teresa Leitão 13613 e Isabel Cristina, oriundas da nossa categoria e forjadas nas nossas lutas e com posições na defesa de uma educação pública de qualidade. Avaliar todos como "iguais", além de ser uma injustiça, colabora com aqueles que de fato, não têm nenhum compromisso com a classe trabalhadora, e este não é o nosso papel ! Além disso, os fatos mostram que o nosso sindicato é forte e combativo, pois, apesar dos fortes ataques do governo, não esmorece nem perde a vontade de lutar. Sua posição política é clara, seu lado é o lado da categoria, e por isso mesmo, fez e fará greve em todos os governos, independente das forças que o integram. Se o Sintepe fosse um colaborador do governo estadual, porque então, fez greves, passeatas, atos públicos, mobilizações, denúncias através dos meios de comunicação, paralizações, panfletagens, ações na justiça? Que outro sindicato você conhece com tanta disposição e autonomia?
    Entretanto, companheira, por mais dificuldades que tenhamos, não podemos perder a esperança em construir uma sociedade mais justa para todos, até porque, este é o objetivo central dos educadores comprometidos com a transformação social na perspectiva freireana. Estou convencida que não devemos entregar os pontos, mas, juntar nossas forças, construir uma categoria cada vez mais unida e fortalecer o nosso mais importante instrumento de luta que é o nosso SINTEPE.
    Convido-a a dar-se a oportunidade de se contagiar com a energia, a vontade e a disposição de grande parte da nossa categoria e da direção do SINTEPE, e ainda, tomar como referência, tantos diretores que já conquistaram sua aposentadoria, mas que não se contagiam com a desesperança, e todos os dias vão ao Sintepe (quando poderiam ficar em casa ou optar por atividades de lazer com amigos e familiares), construindo assim, um sindicato mais forte, uma categoria mais unida e uma sociedade mais justa.
    Um abraço, Rita.

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  3. O discurso de Rita é bem parecido com o do governo no guia eleitoral.
    Eduardo dizia-se injustiçado, cobrado,ninguém conseguia ver seus feitos,chamava seus opositores para 'uma união', o momento era pra juntar forças...e blá...blá...blá...blá...era o coitadinho da vez, o bom homem que trouxe crescimento pra PE.
    Não podemos servir a dois senhores ao mesmo tempo, todo mundo sabe que os partidos de pseudo esquerda receberam ordens para NÃO contrariar o governo.
    Sequer tivemos assembleias para discutirmos interesses da categoria. Não é só o PCC que está em jogo, as questões pedagógicas da pauta foram relegadas. Se agenda reunião para se marcar outra reunião, brincadeira.
    Os deputados que diziam nos defender (nas assembleias) estavam todos agarrados ao governo puxando voto para o mesmo, a exemplo Tereza Leitão e Fernando Nascimento.
    Pelo amor de Deus, é achar que somos o quê??? Preparem os lombos, mais quatro anos de cobranças, assédio moral, escolas decadentes, e baixos salários.
    Que sociedade mais justa teremos quando o Estado usa seu poder para garantir a manutenção das forças que este representa? Tô cheia de discurso fantasioso que não provoca em melhoria alguma.
    Amargamos perdas irreversíveis, saímos desmoralizados na última greve, assistimos o desrespeito com que o governo tratou o sindicato quando alterou o PCC.
    E ainda tem representante sindical apontando em panfletos benefícios desse governo.
    Paciência !!!

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