terça-feira, 23 de dezembro de 2008

UM CONTO DE NATAL

por José Ricardo de Souza*

Alguns dias antes do Natal, um certo homem, de posses e muito rico, foi à uma Igreja, e lá ficou tristre e deprimido ao ver Jesus pregado na cruz. “Como o Senhor está magrinho”, pensou ele. Então, ele resolveu convidar Jesus para cear na sua casa, na noite do Natal. Com um gesto no olhar, Jesus aceitou o convite. A partir daí, o homem se preocupou com os preparativos do grande banquete. Tomou todos os cuidados para que nada faltasse do bom e do melhor, afinal iria receber o próprio Jesus Cristo. Convidou também seus amigos riquíssimos, e forou toda a casa com bonitos arranjos e cortinas.

Na noite marcada, 24 de dezembro, todos estavam a espera do ilustre convidado, quando alguém bateu à porta. Era um mendigo, que suplicantemente implorava por um resto de comida. Botaram ele para fora do refinado recinto, e nada lhe deram. Outra pessoa bateu à porta. Era um rapaz sujo de óleo e graxa que pedia auxílio para consertar seu carro que havia quebrado na estrada. Como estava muito sujo, não lhe deixaram entrar, e também não o ajudaram. Nova batida. Ao atenderem, era uma mulher com uma criança de colo, pedindo um abrigo para passar a noite. Infelizmente, mandaram a mulher embora, pois não havia ali lugar para gente pobre e mal vestida.

A madrugada foi chegando e nada de Cristo aparecer. Um a um, os convidados se retiraram decepcionados. No dia seguinte, o homem foi até a Igreja reclamar à Jesus sua ausência na festa da ceia. Indignado, Jesus, retrucou-lhe: “como não estive lá, apareci por três vezes e não me deixastes entrar”! O homem ficou intrigado, mas Jesus tirou-lhe a dúvida: “primeiramente, fui como um mendigo, e nada me destes. Depois, apareci com um rapaz precisando de uma ajuda, mas ainda assim, não me auxiliastes. Pensei que na figura de uma mulher com uma criança ao colo, me acolhesse melhor, mas mesmo assim recusaste minha presença. Nada pude fazer, senão voltar para o banquete na casa do meu Pai, junto com meus irmãos empobrecidos, marginalizados, excluídos, os pequeninos do reino dos homens; mas acolhidos no reino de Deus”. Só então, o homem rico pôde perceber a figura de Cristo em cada um dos pobres e excluídos de seu tempo. Neles, Cristo manifestava sua presença, por meio da bondade, da caridade e da solidariedade.

* O autor é historiador, professor da rede pública estadual, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

Um comentário:

  1. Que a paz seja infinita.
    Tenha um excelente NATAL !
    Um abraço forte: Albenia.

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