quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

PROFESSOR CONECTADO ?

Apesar de toda pirotecnia que a mídia tem dado ao Programa Professor Conectado e aos rasgados elogios às figuras de Eduardo Campos e Danilo Cabral, feitas pelos nossos próprios colegas de trabalho, é PRECISO, e NECESSÁRIO, que se façam algumas ponderações a respeito. Primeiramente, quero lembrar de um sábio e muito conhecido provérbio chinês que reza: "em vez de dar o peixe, ensine o homem a pescar"... (bem ao contrário do que tem feito nossas políticas assistencialistas eleitoreiras não ?) Sempre fui CONTRA esse negócio de dar por dar (lembrem-se dos sábios versos de Luiz Gonzaga: "uma esmola para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão") porque cria um círculo vicioso de dependência, do tipo, "olha eu tenho isso porque fulano deu", traduzindo para a nossa (triste) realidade: "olha, eu tenho um notebook porque Eduardo e Danilo deram"... Assim como sou contra esse negócio do governo dar assinatura de jornal. A meu ver, e fique com raiva quem quiser, o governo tem que dar é CONDIÇÕES para cada professor adquirir seu computador, assinar o jornal de sua preferência (não conheço ninguém que receba Diário de Pernambuco, por exemplo), comprar livros e revistas que ache conveniente ao seu trabalho pedagógico, etc. E condições passam necessariamente pela questão salarial, uma vez que, mais uma vez, voltamos a receber o MENOR SALÁRIO pago aos professores do Brasil (o sonhado piso virou na verdade uma pisa na cabeça da gente), embora Eduardo e Danilo encham o peito e digam: "nós antecipamos o piso"... Não falam que incorporaram gratificações, como os decênios, que as salas de algumas escolas continuam lotadas parecendo mais um auditório, que apesar de todas as reformas anunciadas ainda tem escola caindo aos pedaços, etc... Resumindo: muita retórica pra pouca ação prática. Em segundo lugar é bom lembrar que a maioria e põe maioria nisso do professorado do Estado tem pouco ou praticamente nenhum conhecimento na área de informática! Infelizmente, nem a metade dos professores do Estado saberão sequer manusear seu notebook, ou seja esse pessoal entrará na era digital pela porta dos fundos. Outra coisa que me aflige, enquanto que os notebooks virão com o Windons XP ou com o Vista como sistema operacional, nos laboratórios de informática das escolas o sistema operacional que tem é o Linux. Para você que é leigo entender isso, basta uma simples comparação: é como se seu computador falasse português e o da escola inglês. Traduzindo, ambos fazem a mesma coisa (digitar um texto, abrir um vídeo ou uma música, etc.) mas em LINGUAGENS diferentes! O governo ofereceu a cada professor um bônus no valor de dois mil e trezentos reais para a aquisição de cada equipamento, mas basta uma rápida pesquisa em qualquer site de compras para ver que essas máquinas estão sendo oferecidas com preços que oscilam entre 1600 a no máximo 2000 reais... A pergunta é: quem vai ser beneficiado com a diferença de valor, que chega até a 300, 400 reais ??? Cadê o TCE (Tribunal de Contas do Estado) e o Ministério Público que não veem isso ? Finalmente, vão nos conectar a quê, afinal ? Se levarmos esses notebooks para as escolas corremos o risco de sermos assaltados na porta dos colégios tamanha é a insegurança que ronda nossas escolas, na certa Danilo e sua turma de tecnocratas vão cobrar dos professores as notas, as faltas, as aulas, tudo pela via Internet, e vire-se quem não souber usar (eu dei o notebook não dei, vai dizer ele). Na prática, quem vai ganhar mesmo nessa historinha são as empresas de informática que estão vendendo os notebboks, Eduardo e Danilo que vão usar isso como propaganda eleitoreira para 2010, e os ladrões que não vão poder ver uma pasta de professor para agarrar pensando que é um notebook!!! Parafraseando um jargão bem conhecido do meio jornalístico local: "conecte-se, com uma bronca dessas".

6 comentários:

  1. Caro colega Ricardo. Concordo com tudo o que vc disse. O gasto com propaganda visando criar a imagem de governo bom para o fun cionalismo é uma vergonha. Dinheiro que compra esses computadores portáteis não saiu do bolso do governador, nem do secretário de educação mas dos nossos suados impostos. Se o governo quer realmente estruturar a educação em nosso estado deveria investir de forma mais adequada as verbas, ofertando um salário digno e não premiando os empresários da iniciativa privada adquirindo milhares de jornais todos os meses, acho que 26 mil multiplicado por 30 dias, isso a cada mês, se levarmos em consideração o quantitativo de professores na ativa.As empresas de tecnologia lucrando acima do valor de mercado. Isto beneficia a quem?Ao povo, nem ao funcionalismo é que não. O professorado precisa se informar, sim, ler jornais, ficar a par da utilização de tecnologias que facilitem e dinamizem seu trabalho em sala de aula, mas não jogando dinheiro público a toa, é preciso responsabilidade, não houve concor~encia? por que todas essas empresas que estão disponíveis no site do servidor ofertam o mesmo preço acima do de mercado?. Que é preciso ofertar, melhor dizendo tornar possível o acesso destas mídias, é indiscutível.Isso seria possível se tais profissionais, os professores, fossem bem remunerados, se nossas unidades escolares fossem estruturadas de forma adequada para receber bem a comunidade escolar. Pensem se todo o dinheiro gasto com propaganda fosse melhor revertido para se conseguir estas metas? metas apontadas pelo governo como prioridade de gestão. O show foi iniciado, todavia me preocupa o que fica após o apagar das luzes de neon deste espetáculo pirotécnico . A nossa realidade já é bem triste com nossos representantes pensando apenas nas próximas eleições. Quantos séculos passarão para que os políticos de Pernambuco parem e pensem no melhor para nós pernambucanos e trabalhem para concretizar nosso sonho de desenvolvimento e bem-estar para todos?

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  2. Concordo plenamente com o exposto. O certo seria pagar o que nos é de direito: o 3.5 (salário de 3.000,00) cuja causa já foi transitada e julgada no Supremo e até hoje o Governo não se dignou em nos pagar (p/ isto não existe o "cumpre-se". É professor...) Desde 1993 estamos nesta luta definitivamente perdida.

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  3. Não há lei que obrige-me a utilizar em sala de aula determinado objeto que expõe-me de forma explícita ao risco de roubo e outros.
    Além disso, defendemos salários decentes e não esmolas, nada temos a agradecer à este governo midiático. Verbas que deveriam ser destinadas para pagamento de nossos salários,viram 'benefícios' governamentais.
    E os jornais (JC, DP e FOLHA),principais clientes de Eduardo em vez de preocuparem-se com meras propagandas, deveriam dar mais atenção à questão da educação no Estado. Que tal visitarem as escolas públicas de periferia, conversar com alunos e professores, diagnosticar as nossas condições de trabalho e estampar tudinho na primeira pagina heim????

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  4. Boa noite.

    Também não simpatizo com o programa do governo pelas mesmas razões que foram apresentadas. Recebo o Diário de Pernambuco, outras pessoas recebem O Jornal do Commercio e as escolas recebem a Folha de Pernambuco. Realmente é muito dinheiro que o Estado gasta com essas empresas de comunicação. Sobre os notebooks, quero dizer que o que a minha esposa recebeu já apresentou um defeito e será preciso levá-lo a uma assistência técnica.
    Acredito que o governo errou na questão do licenciamento dos softwares. Os programas educativos instalados nos notebooks não vieram em mídia gravada, o que prejudicará o professor que futuramente precisar fazer uma formatação em seu HD.

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  5. Concordo em parte com os comentários acima, mas enxergo de um outro prisma.
    Realmente um salário de 3 mil ou mai seria bem vindo, mas desdenhar da entrega dos notebooks dizendo que não é importante, que vão roubar, que o linux sei lá o que, é tudo conversa fiada e politiqueira, resquícios de um tempo onde ser de esquerda tinha um glamour que hoje é opaco.
    Pesquisei o preço dos equipamentos e deixei pra pegar o meu essa semana e tive um trabalho pra escolher entre as mais de 12 empresas, com quase 20 opções de equipamentos.
    É verdade que pediram o educandus e windows que encarecem o produto, mas sim, os equipamentos estão no preço de mercado, e alguns fabricantes hesitaram em entrar por conta do custo muito baixo considerando as exigências do programa.
    Estou feliz com esse programa e infeliz com a educação de um modeo geral. Continuarei a pedir melhores salários, mas isso não invalida a boa vontade dos Danilo e beleza desse projeto.
    Não sejamos hipócritas colegas! Só com pes no chão chegaremos onde queremos.

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  6. Não são medidas midiáticas que resolverão os problemas da educação no Estado. A questão não é só salarial, o "buraco é mais em baixo".
    A educação precisa ser repensada e discutida com os trabalhadores em educação, ações politiqueiras, que garantem votos, servem apenas para perpetuar o caos educacional.

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