domingo, 19 de junho de 2011

Senado estabelece mais uma disciplina no ensino básico!!!

Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, o representante do Conselho Nacional de Educação (CNE), Raimundo Feitosa, anunciou que o órgão está estudando a inclusão no currículo do ensino básico, a partir de 2012, de uma disciplina sobre direitos humanos. A proposta é prevista pelo polêmico Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em 2009 pelo governo Lula, e tem por objetivo disseminar valores escolares "livres de preconceitos sociais e raciais, violência, abuso sexual e intimidação".


Para facilitar a elaboração e a implementação dos contornos da nova disciplina, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos encomendou a uma organização não governamental pernambucana - o Gabinete Jurídico de Apoio às Organizações Populares - um panorama do ensino de direitos humanos no País feito a partir de levantamentos nas 5.565 Secretarias Municipais da Educação. Iniciado em fevereiro, o trabalho deverá estar concluído em setembro e, segundo as estimativas de seus coordenadores, os princípios básicos de direitos humanos já estariam sendo ensinados em 40% dos municípios.


Se for aprovada pelo Congresso, essa será a quinta disciplina incluída no currículo do ensino médio nos últimos anos. As demais são filosofia, sociologia, música e espanhol. Quase todas foram introduzidas com apoio de movimentos sociais, ONGs e entidades corporativas, sob a justificativa de que tornam as aulas mais atrativas e ajudam na formação intelectual e cívica das crianças e adolescentes.


Para a maioria dos pedagogos, no entanto, a introdução dessas disciplinas não passa de modismo político e pedagógico. Segundo eles, quanto mais "inchado" for o currículo do ensino básico, mais o ensino das matérias consideradas fundamentais - português, matemática, ciências, história e geografia - é prejudicado. Como a carga horária não é elástica, para que novas disciplinas sejam oferecidas é preciso diminuir o número de aulas das matérias já existentes. Além disso, o número excessivo de disciplinas de desigual importância tende a tornar dispersivas as atividades em sala de aula e a sobrecarregar os professores - o que piora a já baixa qualidade da rede escolar pública.


Determinada mais por iniciativas políticas do que por critérios pedagógicos, a ampliação do número de disciplinas do ensino básico também dificulta a gestão escolar e compromete o planejamento educacional. Como não há professores especializados em número suficiente para lecionar as novas disciplinas, as escolas - principalmente as da rede pública - precisam improvisar, recorrendo a docentes de outras áreas do conhecimento, que vão lecionar matérias que não dominam.


Esse expediente está agravando o problema do déficit de professores das disciplinas tradicionais, especialmente de física, química, biologia e matemática, nas quais a situação é crítica. Há cerca de dois anos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao Ministério da Educação, divulgou um levantamento que mostrava a necessidade de contratação de mais de 23,5 mil docentes de física e de química somente para as três séries do ensino médio. O quadro era tão grave que os conselheiros da Câmara de Ensino Básico do Conselho Nacional de Educação pediram medidas emergenciais - como o aproveitamento de estudantes universitários para suprir a carência nas áreas onde o déficit de professores é maior e concessão de incentivos para que os professores aposentados voltassem a lecionar. Em 2007, os conselheiros do CNE já haviam advertido para o risco de um "apagão escolar", caso o governo federal não investisse na expansão dos cursos de licenciatura dessas disciplinas e adotasse uma política de valorização docente, para estimular os formandos a ingressar no magistério público.


Se a qualidade do ensino fundamental e do ensino médio já é ruim, a introdução atabalhoada de novas disciplinas pode piorá-la ainda mais.

Comentário:
Essa brincadeira de criar disciplinas escolares obrigatórias já ultrapassou os limites, sobretudo considerando a falta de critérios para o inchaço indiscriminado dos currículos escolares. Direitos Humanos é um tema que certamente pode fazer parte de todo o processo de vivência escolar independente de ser uma disciplina formal e obrigatória. Mas quando os rumos da educação no Brasil são definidos por quem não tem o mínimo de noção de como funciona uma escola, esta situação prevalecerá. A este propósito, concordo e cito aqui uma opinião da profa. Adriana Maria Paulo da Silva (UFPE): "Trata-se de mais uma tentativa de escolarizar os problemas nacionais: o trânsito violento, as deficiências físicas de todos os tipos, o racismo desgracento, a promiscuidade sexual, a violência doméstica, o uso abusivo de drogas e o alcoolismo, enfim... as escolas (e os professores) são obrigados a transformar em conteúdos escolares tudo o que a sociedade não dá conta. Não somos o Detran, não somos os pais dos alunos, não somos juízes, não somos psicólogos, não somos fisioterapeutas, médicos ou outros que tais; não somos Deuses (aliás, o nosso salário demonstra bem isso). Gostaria que fizéssemos um movimento nacional, com paralisações, inclusive, contra este tipo de proposta (calcula-se que há cerca de 200 propostas de alteração dos currículos escolares nacionais transitando pela Câmara e Senado).

6 comentários:

  1. Concordo contigo Paulo.
    É incrível a quantidade de propostas(na maioria mirabolantes nascidas do achismo e não pautadas em estudos comprovados e concretos)que modificam a toda hora o currículo da educação básica. Milhões recolhidos de nossos impostos são gasto por nada e não constroem coisa alguma de positiva. Ao contrário disso perturbam e confundem o cotidiano das escolas públicas de todo o País. Gostaria de saber quando é que pessoas aptas vão estar a frente das decisões relacionadas à educação no Brasil?

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  4. isso é uma palhaçada, ese bando de corruptos miseráveis acham q a gente vai gostar deles se começarem a aumentar nosso currículo escolar.
    isso só dá mais raiva, porque não vamos usar esas porcarias no vestibular, eles têm que aumentar as aulas de matérias úteis pra que passemos no vestibular.

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  5. Na minha época de estudante do Ensino Fundamental ( antigo ginásio ), havia uma disciplina chamada OSPB - Organização Social e política do Brasil, que juntamente com Educação, Moral e Cívica resumiam tudo isso... Bons tempos aqueles...

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  6. Eu queria ter uma máquina do tempo para transportar uma turma atual do 3º Ensino Médio e submetê-la aos mesmos testes de conhecimentos de uma turma do antigo 3º Científico de 20 anos atrás.
    Eu seria capaz de apostar 1 ano de salários como a turma de 3º Científico daquela época terminava o ensino básico com muito mais bagagem do que a turma de 3º Médio atual.
    Não se pode ter educação de qualidade enquanto não se investir em infra-estrutura nas escolas e valorização do professor.
    Deram direitos demais aos alunos e esqueceram de lhes mostrar seus deveres.Eles hoje sabem que passam de ano sem ter que fazer esforço.
    Eu não vou me espantar se daqui a uns dias forem implantadas novas disciplinas como tricô, HQs, zodíaco, etc.
    É só o que falta.

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