sábado, 31 de maio de 2008

O CRIADOR DE MITOS

por José Ricardo de Souza*

A filosofia grega está seriamente ameaçada pela estratégia política de Eduardo Campos. A Grécia, berço da civilização ocidental, produziu uma das mais ricas e cuidadosas mitologias da História humana e ainda hoje seus personagens passeiam pelo imaginário popular. Eduardo Campos quer igualar-se aos pensadores da Antiguidade e deixar sua marca como o criador de mitos do Terceiro Milênio.

O primeiro mito surgiu ainda na época da campanha eleitoral. O discurso previa uma nova era para os servidores estaduais, principalmente, os da educação. A valorização do profissional era a palavra de ordem e as promessas de uma carreira profissional promissora fizeram os servidores acreditarem num governo pretensamente popular. Bastaram alguns meses de governo para a máscara cair e o professorado finalmente descobrir quem era Eduardo Campos. Logo na primeira greve, ele colocou os trabalhadores na mira da justiça, cortou salários, e após 52 dias de paralização deu uma ridículo aumento de 5%, o mais vergonhoso já recebido.

O segundo mito foi criado recentemente após os resultados do último concurso, onde 97% dos incritos foram literalmente massacrados por uma absurda avaliação que mais parecia prova de mestrado ou de doutorado, mas que na verdade havia sido dirigida para concluintes de licenciaturas. Convencionou-se dizer que a causa da problemática educação em Pernambuco era o baixo nível do professorado, que havia sido reprovado, como se essas pessoas já ensinassem na rede há muito tempo... O bode expiatório de toda a falência do sistema educacional do Estado de Pernambuco ficou sendo o professor. E o governo usou e abusou deste discurso, de forma sistemática e midiática. O resultado disso foi mais uma vez a desvalorização de nossa classe perante a sociedade.

O terceiro mito saiu esta semana com o anúncio da antecipação do piso salarial nacional para os docentes. Os jornais e a mídia em geral fizeram coro ao dizer que agora sim o professor vai ser bem remunerado, que o governo acertou em apostar na educação como uma de suas "prioridades". De miserável, o professor passou à ser considerado uma espécie de novo rico, com seus polpudos mil e tantos reais que o governo vai pagar! (imagine o que vai ter de ladrão de olho em professor em dia de pagamento...). Na verdade, o aumento real, pelo menos para a maioria dos professores, não passará de cem a cento e cinquenta reais, levando-se em consideração que com o piso salarial estabelecido, as nossas gratificações serão literalmente cortadas e aquele abono educador que era pago em outubro definitivamente suprimido. Difícil acesso, quinquênios, pó-de-giz tudo isso será uma página virada no contracheque do professorado.

Nem Sócrates, Platão ou Aristóteles seriam capazes de imaginar mitos dessa natureza, de uma estratégia ímpar, capaz de colocar toda a opinião pública contra o professorado. Afinal, os professores agora não tem do que reclamar: a escola tem livros, os alunos ganharam a farda, o governo paga bem, então a educação vai melhorar e viva Eduardo Campos. Pelo menos, em matéria de mitologia, o governo Eduardo Campos tem dado boas lições. Professores de filosofia que se cuidem, podem perder o emprego para o nosso atual governador, se ele continuar criando mitos dessa maneira.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

Um piso de ilusões



No JC de ontem (30 de maio), uma matéria saiu da linha que caracterizou o noticiário sobre a medida do governo de estabelecer a sua "antecipação do piso salarial". A imprensa, em geral, tratou do assunto sem fazer uma apreciação mais profunda, no entanto, a jornalista Margarida Azevedo buscou - como de costume - um outro lado para abordar em seu texto. Confira abaixo a matéria publicada ontem:
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Novo Piso Salarial divide opiniões
Jornal do Commércio.
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O assunto do dia, ontem, nas escolas estaduais de Pernambuco foi a notícia da antecipação, para setembro, do Piso Nacional Salarial, no valor de R$ 950, para quem tem magistério e está em início de carreira. Mas em vez de comemorar, muitos professores reclamaram, porque, na prática, o aumento não será tão significativo em seus vencimentos, pois vai depender da faixa salarial em que cada um está inserido. Em um ponto, entretanto, houve comemoração: a garantia de que o piso sairá daqui a quatro meses, independentemente da aprovação da lei federal que o regulamenta. O projeto está emperrado na Câmara Federal e terá dificuldade em ser votado no segundo semestre porque, com as eleições municipais, há o esvaziamento das sessões em Brasília.
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"Tenho nível superior, especialização e um qüinqüênio. Ganho, por mês, R$ 833 líquido. Com o piso, passará para R$ 970. É um aumento muito pequeno, que não chega a R$ 200. Esperava que houvesse reajuste salarial independentemente do piso. Porque quando o piso fosse implantado, teríamos mais reajuste", diz a professora de história Rejane Arruda, 41 anos, da Escola Diário de Pernambuco, localizada no Engenho do Meio. "Vendo cosméticos para complementar minha renda. Em uma tarde, consigo R$ 80. Por mês, com as vendas, chego a 80% do meu salário como professora, sem me desgastar tanto. Pensei em fazer um mestrado, mas não vale a pena, pois o acréscimo no salário será de apenas 15%", observa Rejane, há 15 anos lecionando na rede estadual.
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O professor de matemática Ranieri Siqueira lembra que, dez anos atrás, em 1998, ganhava R$ 388, equivalente a, na época, três salários' mínimos. Hoje recebe R$ 638, ou seja, menos de dois salários mínimos. "A defasagem salarial é enorme. Não dá para avaliar ainda o impacto que o piso terá em nossos salários, que vão continuar muito baixos", afirma Ranieri.
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No Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), ontem, foram muitas as ligações de professores com dúvidas de como ficarão seus vencimentos. Houve muitas chamadas de docentes aposentados, querendo saber se também terão direito ao aumento. "Os aposentados vão receber o aumento, mas será cerca de 5%. O reajuste maior será para quem está no início da carreira", explica a diretora do Sintepe responsável pelos aposentados, Severina Porpino.
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MUNICÍPIOS
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Em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do Estado, os professores recebem atualmente salário maior que os docentes da rede estadual vão ganhar com o piso. "Nosso professor com magistério e 150 horas-aula tem salário de R$ 482. Com nível superior, passa para R$ 731", informa a secretária municipal de Educação, Socorro Maia. No Estado, os salários-base, com os aumentos, ficarão em R$ 445 e R$ 476, respectivamente. "Conseguimos pagar esses vencimentos porque educação é uma das prioridades do prefeito. Mas com certeza os municípios terão dificuldade em pagar o piso se não houver aporte do governo federal, mesmo com o repasse do Fundeb", diz Socorro, que também é vice-presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

sexta-feira, 30 de maio de 2008

ILHAS DA EDUCAÇÃO



Os Centros Experimentais implantados pelo Governo do Estado, são verdadeiras ilhas da educação.Enquanto temos escolas com tetos desabando, nestes Centros Experimentais a realidade é bem diferente. Parecem escolas do primeiro mundo, onde é possível encontrar as tecnologias mais avançadas.Por outro lado, temos centenas de alunos estudando em escolas com os mais diversos problemas.Só pra se ter uma idéia, nos Centros Experimentais a merenda é terceirizada, variando o cardápio a cada dia.Enquanto na maioria das outras escolas não tem água nem pra beber, imaginem pra cozinhar, lavar as panelas, etc.É comum nas escolas, diretores pedirem dinheiro aos professores para comprar água mineral. Pergunto: Será que nos Centros Experimentais, essa prática também acontece?Parece que nos Centros Experimentais tudo tem, enquanto nas demais escolas falta tudo.

Sintepe putrefato

Putrefação (Houaiss) -Substantivo feminino


1- Processo ou efeito de putrefazer(-se); apodrecimento;


2- Rubrica: biologia. Decomposição da matéria orgânica, em especial de proteínas, causada por microrganismos, com produção de substâncias de odor desagradável;


3- Derivação: sentido figurado. Processo de deterioração moral ou dos costumes de um indivíduo ou uma sociedade. (Não sei por que, mas essa parte me lembra o SINTEPE).


Poderia muito bem dissertar aqui a respeito da atuação do SINTEPE na última rodada de negociação salarial e sobre a sua extraordinária destreza em lidar com os interesses da categoria que (pseudo)representa frente ao Governo do Estado, porém, resolvi calar-me.


Tudo pode ser resumido em uma seguinte frase: O SINTEPE FEDE!


  • FEDE a corrupção;
  • FEDE a covardia;
  • FEDE a descaso;
  • FEDE a desonestidade;
  • FEDE a indecência;
  • FEDE a falsidade;
  • FEDE a jogatina;
  • FEDE a suborno;
  • FEDE a lesa-pátria;
  • FEDE a prevaricação;
  • FEDE a mentira;
  • FEDE a hipocrisia;
  • FEDE a deslealdade;
  • FEDE a perfídia;
  • FEDE a fingimento;
  • FEDE a traição;
  • FEDE a ardileza;
  • FEDE a armação;
  • FEDE a blefe;
  • FEDE a embuste;
  • FEDE a esperteza;
  • FEDE a engodo;
  • FEDE a falcatrua;
  • FEDE a má-fé;
  • FEDE a patifaria;
  • FEDE a tramóia;
  • FEDE a sacanagem;
  • FEDE a trapaça;
  • FEDE a trambique;
  • FEDE a malícia;
  • FEDE a Fausto;
  • FEDE a versúcia.


Enfim, FEDE!


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Vida nova

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Nada muda, apesar das "mudanças"

Dizem que educação liberta, que rompe as muralhas da alienação e amplia um vasto horizonte de consciência e senso crítico. Será? Será que educadores são educados ao ponto de atingir este ideal que juram ser viável por meio do ato que praticam como ofício? Enfim, os educados educadores são livres da alienação, gozam de consciência crítica? Há controvérsias a este respeito.
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Ontem a controvérsia ficou ainda mais clara. O sindicato, como porta-voz chapa-branca dos ocupantes do Campo das Princesas, anunciou o saldo das propostas inócuas oferecidas pelo governo. Havia no ar um gozo cínico típico dos tapeadores profissionais diante dos incautos, o tom dos mestres das artes do ilusionismo. O coelho foi sacado da cartola, mas o bicho já estava preso antes, escondido e pronto para ser exibido numa hora oportuna para tomar o público de surpresa. Os espectadores dos mágicos não conhecem seus truques, mas sabem que são truques e, mesmo assim, parecem acreditar neles. Uma assembléia também pode ser um espetáculo de ilusionismo. Ontem foi.
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Onde estava o truque? O coelho da cartola era retórico, era a coroação de um discurso através do qual o sindicato e o governo se completavam. O pior salário do Brasil está com seus dias contados, pois será convertido em antecipação do piso salarial, que será deliberado em breve e tomará força de uma obrigatoriedade para o governo. Piso salarial é um patamar mínimo, ou seja, é o nível mais baixo admitido para a remuneração de uma categoria, logo, nosso piso será em breve, novamente, o pior salário do Brasil! A ilusão do instante não deixou que esta constatação fosse percebida, portanto, cabe ressaltar: piso é o mínimo, o menor, o mais baixo, enfim, o pior!
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Se o piso salarial será antecipado para setembro, viveremos quatro meses de ilusão, pois em janeiro nenhum professor no Brasil poderá receber menos que o valor definido como piso salarial e nós, então, estaremos - mais uma vez - recebendo a mais baixa remuneração do país! Caiu a ficha?
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A gratificação de 60% será suprimida e submetida a “estudos”, isto é, seremos cozinhados em banho-maria enquanto receberemos (iludidos de felicidade temporária) o tão sonhado piso salarial num valor que já está abaixo das remunerações médias da maioria dos estados brasileiros - um estudo do IBGE (de 2007) atestou que o salário médio dos sistemas públicos estaduais no Brasil era de R$ 1.347,00 (clique aqui para conferir e veja abaixo dois exemplos ilustrativos). Diante de constatações deste tipo, só podemos crer que o governo criou (com a bênção sindical) um embuste através do qual ilude a opinião pública mantendo uma medida artificial de correção salarial “espontânea” que acabaria sendo feita por meio do nivelamento compulsório por força de Lei Federal com a breve oficialização do piso nacional. Mas as capas dos jornais já estampam o feito, o noticiário positivo (embora superficial) servirá para a campanha da reeleição.
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Para o governo tudo está perfeito: nada muda, apesar das “mudanças”! Para o Sintepe, nada demais, pois nada foi feito e nem foi preciso realizar uma campanha salarial de verdade, pois as cartas já estavam na mesa, ou melhor, o coelho já estava preso na cartola (do governo)! E para a categoria, será que a ilusão é o bastante?
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Clique nas imagens para ampliar:

Exemplo 1 - Sergipe (contracheque de dezembro de 2007):
O contracheque de Sergipe é de um professor que ingressou no serviço público em 2004 e recebe um pagamento referente ao triênio (acréscimo decorrente do terceiro aniversário do contrato), sinal de que por lá o PCC é cumprido em se tratando das progressões - o que não ocorre aqui, onde as progressões intermediárias são ignoradas pelo governo. O professor que possui carga de 200 horas/aula recebe salário líquido de R$ 1.442,71.
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Exemplo 2: Alagoas (contracheque de outubro de 2007):
O contracheque de Alagoas é de um professor que possui carga-horária de apenas 20 horas semanais e ingressou no serviço público em 2006. Este professor alagoano em início de carreira e ainda em estágio probatório recebe salário líquido de R$ 884,88. Isto é bem mais do que recebe um professor na rede estadual de Pernambuco em início de carreira trabalhando uma jornada correspondente ao dobro daquilo que é pago e este professor de Alagoas.

O piso será antecipado, mas...

É claro que se levarmos em consideração o fato de que Pernambuco ainda mantém o pior patamar de remuneração do Brasil para professores, o anúncio de que o governo estadual antecipará o piso salarial para setembro é uma boa notícia. Mas, mesmo diante de algum impulso de euforia, é necessário manter o foco atento sobre um aspecto essencial: os valores firmados para os novos níveis de remuneração (R$ 950,00 para professores com magistério ou R$ 1.016,00 para professores com nível superior) ainda estão longe de representar o grau necessário de valorização profissional que a categoria merece. O fato é que nossa remuneração é tão baixa que este aumento significa um enorme avanço, pelo menos é possível reconhecer este aspecto mais superficial desta novidade.
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O que vai além da superfície é que a partir de setembro passaremos a receber salários que ainda são medíocres diante da média salarial nacional, afinal, vários estados já possuíam salários médios acima do valor estipulado como piso nacional. E, além disso, a antecipação pode até ser avaliada como iniciativa digna de aplausos, mas a correção salarial seria inevitável, pois o governo estaria obrigado a atender tal remuneração em função da iminente votação do piso no Senado Federal, ou seja, após a tramitação o piso seria pago na marra (em janeiro do ano que vem). Também vale salientar que o próprio governo, sob a pressão da greve do ano passado, acabou firmando naquela ocasião o compromisso de antecipar o pagamento do piso tão logo sua tramitação estivesse em vias de definição. Isso tudo quer dizer que o governo está apenas cumprindo sua obrigação ao pagar o piso salarial, mesmo antecipado.
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Para minimizar a terrível situação dos salários, o governo estadual acrescenta uma gratificação de 60% sobre o salário-base de cada professor. Os valores atuais das remunerações básicas tomadas como referências de cálculo da remuneração são patéticos. No caso de um professor com 200 horas/aula (40 horas semanais) em início de carreira (vale ressaltar que acabaram os aumentos por qüinqüênios e o Plano de Cargos e Carreira possui progressões que estão congeladas), o salário-base é de apenas R$ 416,00. Conforme advertido em matéria do JC Online (clique aqui e confira), agora que o salário-base tomado como referência será o piso, a gratificação deixará de ser paga – diante disso é importante que os desavisados abandonem a ilusão de que os seus vencimentos integrais chegariam a mais de R$ 1.600,00!
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Apesar dos pesares, o estabelecimento do piso é uma conquista obtida, mas as nossas condições continuam muito aquém de nossas necessidade.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Correção salarial

Do Blog de Jamildo
Governo Eduardo Campos aumenta salários dos professores para dispensar título de pior salário do Brasil
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"A disposição inicial do governo Eduardo Campos era antecipar dois terços do novo piso nacional de salários para os professores. Nesta semana, decidiu antecipar todo, pulando o salário base de R$ 354 para R$ 950 já este ano.
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O objetivo era, além de estimular os professores, escapar do título de pior salário do Brasil."
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Vídeo: "Quadro Negro"

O vídeo que você pode acompanhar abaixo (em duas partes) retrata muito bem a situação da educação pública no Brasil. Vale a pena assistir.

CPI da Educação?

No mês de abril deste ano, políticos e empresários estiveram reunidos na Ilha de Comandatuba, no sul da Bahia, para debater sobre a educação pública (clique aqui e veja o que já postamos a respeito). Durante o fórum político e empresarial, muita ladainha e muita conversa mole devem ter sido despejadas enquanto iniciativas concretas estão muito longe de alguma aplicação.
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O dito fórum, que contou com a participação do governador Eduardo Campos e do secretário Danilo Cabral, foi organizado pelo tenebroso João Dória Júnior, empresário e playboy que também liderou o movimento golpista "Cansei" (clique aqui e confira o site do evento ou aqui para conhecer melhor o senhor Dória jr).
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Diante de um público muito preocupado com assunto, Garibaldi Alves, presidente do Senado, chegou a propor uma CPI para "investigar" a crise da educação pública no Brasil. Considerando que qualquer um sabe quais as razões da crise da educação pública no país (falta de investimentos, desvios de verbas, descaso das políticas públicas, desvalorização dos educadores, etc) e que as CPIs costumam "acabar em pizza", o senador acabou propondo mais uma idéia delirante - a propósito, o projeto do piso salarial para professores, que penou para ser tramitado, está agora no Senado presidido pelo senador Garibaldi aguardando deliberação.
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Leia abaixo uma matéria que relata mais um debate vazio sobre a educação pública.
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Garibaldi defende CPI para a crise de educação
Jornal do Brasil 21 de abril de 2008
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Em fórum, Jaques Wagner irrita-se com empresariado
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A promessa foi lançada: está para nascer a CPI da Educação. A iniciativa foi anunciada com voz imponente pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), diante de empresários da iniciativa privada e governadores de diversos Estados brasileiros, presentes no 7º Fórum Empresarial de Comandatuba, no Sul da Bahia.
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– O Congresso brasileiro deveria dar mais importância a essa crise educacional que vive o país – atentou.
– Se debatemos mensalão, mensalinho, uso irregular dos cartões corporativos, vazamento de gastos com os cartões do governo anterior, o que deveria ser feito é o que ministros vêm propondo há tempos. Vamos fazer a CPI da Educação.
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Aplaudido quando deu anúncio de mais uma investigação parlamentar da história do "país das CPIs", Garibaldi pretende que se mostre não apenas o que "está bombando em termos de educação, mas também quem são os réus" por um dos principais dramas brasileiros.
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– Hoje tenho o discurso mais mal comportado do país – fez a platéia de 320 pessoas gargalhar. – Mas não pode passar despercebida a realidade: o governo não supre o problema da educação e empresários executam o papel de governantes. No encontro que teve como pauta as mazelas da educação pública, o ministro da Educação, Fernando Haddad, foi alvo de ataques seguidos por opositores e expoentes do empresariado.
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Houve constrangimento quando o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) – que prometeu entregar as assinaturas para a abertura da CPI da Educação amanhã – interveio e questionou o Bolsa Família. Presente no fórum, o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu a criação de uma lei de responsabilidade para educação e lançou a proposta de que o financiamento para o setor deveria ser debatido junto à reforma tributária.
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Ao fim do encontro, o governador Jaques Wagner (PT) deixou seu lugar na mesa irritado com os comentários do presidente do Ponto Frio, Manuel Miranda. Miranda criticou a posição dos governos estaduais frente à educação e sugeriu a todos os governadores colocarem seus filhos numa escola pública para notarem a ineficiência do ensino. O governador baiano rebateu ao exaltar o melhor momento do país e cobrar empenho do empresariado.
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– Com esse discurso o senhor não contribui para o debate – enfureceu-se.
– Querer imputar à classe política as mazelas do país é negar o lugar da política, sem a qual, só sobra o autoritarismo.
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Wagner lamentou que a Bahia apresente um dos piores índices de educação do Brasil. No Estado, há 2 milhões de analfabetos acima de 15 anos de idade.
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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Despertar é preciso!

Vladimir Maiakovski (1893-1930)
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O poeta russo Vladimir Maikovski acompanhou a Revolução de 1917 e viu um povo lutar por um ideal, percebendo que sem reação as condições não mudam. É de sua autoria o texto abaixo e a mensagem contida nele diz muito a respeito de nossas circunstâncias e revela nossas atitudes (ou até a falta delas) diante de tudo o que se abate sobre esta categoria desprestigiada pelos governos... mas também por nós mesmos!
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DESPERTAR É PRECISO
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Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor do nosso jardim e não dizemos nada.
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Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
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Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Referência X Indigência

O elevado padrão das "escolas de referência" é algo digno de elogios (embora os resultados destas escolas no ENEM não sejam brilhantes), mas estas unidades não devem servir de meros objetos para propaganda governista, afinal, o alarde sobre tais escolas ignora alguns fatores importantes. Primeiramente, é necessário usar de um franco realismo e reconhecer que elas são uma minoria entre as mais de 1.000 escolas da rede estadual e, em segundo lugar, estabelecer padrão elevado deveria ser uma meta voltada para todas as unidades escolares, sem distinção entre as escolas-vitines e as escolas regulares que não atraem interesse prioritário.

sábado, 24 de maio de 2008

Você acredita em contos de fadas, lendas e histórias da carochinha?

Se o funcionalismo público, principalmente os setores de educação e segurança, acredita em contos da carochinha, lendas, então deve estar realmente aguardando o anúncio de que sairemos da situação de pior remuneração do País. Deve com certeza estar esperando um acréscimo digno em seu salário, que será anunciado no dia 30 deste mês. Brincadeiras a parte, o funcionalismo estadual, das áreas ditas básicas, de acordo com as exposições do governo, vai continuar a esperar um milagre, pois não aguardem mais do que promessas para o futuro. Quem sabe em uma próxima gestão? Como nós não acreditamos em contos da carochinha, melhor repensar as estratégias de diálogo com uma gestão pouco propícia a mudanças que possam ocasionar melhoramentos consideráveis em nossas parcas remunerações. Educação e segurança continuam aguardando mudanças na postura da atual gestão, mudanças estas que privilegiem, tirem do fundo do poço, em nível de remuneração, esses setores indispensáveis à vida de todo cidadão que paga uma das maiores taxas de impostos do mundo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

EM CRISE TECNOLÓGICA

Meu computador pifou... primeiro foi o HD que foi pro espaço, depois foi a placa mãe... como era muito velhinho, tive que comprar outro... estou aguardando a chegada para retornar.

um abraço a todos

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O texto abaixo foi enviado pelo professor José Paulo Vasconcelos.
Envie seus textos para alternativasintepe@gmail.com
e publicarermos com satisfação.


O PIOR SALÁRIO DO BRASIL

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Recentemente o Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, colocou à disposição de todos no site desta secretaria, o horário de aula de todos os professores. Sem o consentimento dos mesmos, os professores tiveram sua rotina profissional exposta na internet.
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Tenho uma sugestão para o secretário de educação: ele deveria ter colocado quanto ganha um professor em início de carreira, para que todos pudessem saber que é o pior salário pago a um professor no Brasil.
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Acompanhe abaixo os valores pagos ao professor, conforme demostrativo de pagamento, referente ao mês de abril/2008; Os valores abaixo, não estão incluindos os descontos do vale-transporte nem sindicato, para uma carga horária de 150h/a semanais.
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Vencimentos: 364,50
Grat. exrc. mag. 218,70
Funafin (deconto): 78,73
Total das vantagens: 583,20
- Descontos: 78,73
= Líquido: 504,47
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Como podemos notar, o vencimento recebido está abaixo do salário mínimo num total desrespeito a Constituição, onde está escrito que nenhum trabalhador brasileiro pode receber menos que um salário mínimo.
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Ainda assim, tem tanta gente sonhando com o tal emprego público. Será que compensa mesmo tantos anos de faculdade pra receber menos que um salário mínimo?
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Bom mesmo é ser deputado federal que na calada da noite, aumentaram a verba de gabinete de 50.000,00 para 60.000,00.
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É mole ou quer mais?
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José Paulo Vasconcelos

Peruada pernambucana

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Acha que o resultado do concurso para professores em Pernambuco foi uma novidade em matéria de alarde de aspectos da uma crise de nossa educação? Leia abaixo uma notícia sobre uma avaliação geral que foi aplicada aos pofessores do Peru. Qualquer semelhança não deve ser mera coincidência... Pernambuco está "peruando"!
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Peru "reprova" 99% dos professores do ensino público
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Uma tentativa do governo peruano de melhorar o nível do ensino público nacional acabou criando uma saia justa e uma crise de pessoal sem precedentes na história do país.
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Nada menos que 99% dos professores de todo o ensino público foram reprovados em um exame nacional de qualificação, levando o Ministério da Educação a continuar empregando educadores que, em tese, não estariam capacitados para a função.
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Para evitar centenas de milhares de salas de aula vazias, o ministro da Educação, José Chang, foi forçado a anunciar medidas de emergência para manter os professores em seus empregos.
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Mais de 180 mil educadores fizeram a prova, apesar dos boicotes e greves organizados por sindicatos que temiam o corte de postos de trabalho.
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Os professores dizem que os problemas na educação do país derivam da falta de recursos públicos e dos baixos salários da profissão de docente. Mas o ministro da Educação defendeu o rigor em relação à capacitação dos professores, e apontou a necessidade de o país melhorar o padrão nacional de ensino.
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O repórter da BBC em Lima Dan Collyns disse que, em meio às discussões, "não se cogita nenhuma força-tarefa para combater o problema na base, há apenas uma reiterada recusa oficial de reduzir os requisitos para os professores". Segundo o correspondente, o governo peruano sabe que o baixo nível de educação é um sério obstáculo para o desenvolvimento do país. "Mas a atual política, positiva ao mostrar as limitações dos professores, não parece oferecer uma saída realista para a crise educacional", ele disse.
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Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u382998.shtml

A precariedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena


Passados mais de 3 anos da publicação da Lei 10.639 (clique aqui e leia), que instituiu a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura afro-brasileira (ampliada posteriormente para abranger também a cultura indígena), observamos que o cumprimento da legislação é precário. As redes de ensino não mobilizaram grandes esforços para atender ao que determina a lei, poucas iniciativas dignas de registro foram realizadas e sequer a produção de material didático foi devidamente promovida. Diante de tudo isso, a lei não tem sido efetivamente cumprida.
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A lei foi criada sem que os meios para seu cumprimento fossem assegurados e nem mesmo os professores receberam formação adicional para aperfeiçoar seus conhecimentos, técnicas e métodos para ministrar tais conteúdos - em muitos casos, há o desconhecimento da obrigatoriedade do oferecimento dos conteúdos prescitos pela lei e, conseqüentemente, até certa indisposição dos docentes. Enfim, levar o conhecimento sobre a história e cultura afro-brasileira e indígena para as salas de aula e para a formação dos estudantes requer mais que a edição de uma lei.
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Em nosso caso específico, a rede estadual criou uma forma de cumprir a legislação seguindo os mesmos equívocos da própria edição da lei, ou seja, buscou estabelecer os conteúdos também apenas no papel e sem oferecer meios para viabilizar a efetividade do ensino de tais conteúdos. Foi criada (e imposta) a disciplina escolar História da Cultura Pernambucana (clique aqui e confira o conteúdo programático), que inclui em seu programa elementos que visam atender ao dispositivo legal. Vale a pena ressaltar que a iniciativa em si é boa, mas a a forma como a implantação da disciplina foi promovida merece uma análise questionadora.
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Para os professores, a disciplina surgiu como uma surpresa em pleno período de férias com a necessidade de ser implantada já no ano letivo de 2008. As aulas foram assumidas diante de uma situação particularmente precária, afinal, o conteúdo levou tempo para ser apresentado - e apenas através da internet -, ou seja, a disciplina foi instituída antes da formulação ou divulgação de seu programa. A tardia divulgação do conteúdo programático também não solucionou o problema relativo ao trabalho da disciplina, afinal, as aulas ocorrem sem material didático e nós, professores, não recebemos as famosas e miraculosas "capacitações" que a SE entende como meios de solucionar pendências ou deficiências de formação - a propósito, o modelo e a aplicação da formação continuada e aperfeiçoamento técnico aplicada pela SE precisam ser também discutidos. Diante da maneira atrapalhada através da qual a disciplina foi estabelecida, trabalhamos com base no improviso!
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Diante de tudo isso, fica evidente que a implantação dos conteúdos que atendem a necessidade de divulgar, aprofundar e ressaltar os conhecimentos da história, da cultura e dos valores dos povos afro-brasileiros e indígenas ainda ocorre de forma desarticulada. Um pouco de planejamento já seria bastante útil para equacionar as dificuldades, mas será que ninguém nas esferas da gestão da educação percebeu isso?
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PS. - Além de História da Cultura Pernambucana, também foram estabelecidas as seguintes disciplinas: Educação Ambiental, Educação, Cidadania e Direitos Humanos e Educação e Trabalho. Todas elas também são ministradas sem material didático, possuem conteúdos programáticos questionáveis (pela falta de critério ou pela falta de senso de quem os elaborou) que foram estabelecidos no decorrer das aulas e os professores não receberam treinamento ou formação adicional para ministrar tais aulas.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Acredite... se quiser!

Em recente evento no Sertão, Eduardo Campos fez mais uma promessa: "Pernambuco deixará de ser o pior salário do Brasil para ser um dos melhores. Vamos encerrar o debate salarial com a categoria até o dia 15 do próximo mês" (fonte: Blog de Jamildo). Dá para acreditar?

domingo, 18 de maio de 2008

Ainda sobre o concurso reprovado


Foi publicada neste domingo (18/05) no JC uma matéria lúcida sobre o caótico concurso para seleção de professores para a rede estadual pernambucana. A jornalista Margarida Azevedo fez mais do que engrossar o coro do discurso fácil e aprofundou a análise. Leia abaixo parte do ótimo texto do JC.
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FORMAÇÃO LONGE DA REALIDADE
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O baixo desempenho dos professores que se candidataram às vagas do último concurso para a rede estadual de ensino em Pernambuco (só 6% passaram) expôs o que especialistas em formação de docentes indicam há mais de uma década: a necessidade urgente de reorganizar e atualizar os cursos de licenciaturas e pedagogia, levando para os campus universitários os problemas enfrentados no dia-a-dia da escola. Também a importância de investir em uma boa formação continuada para quem já está lecionando na rede regular de ensino. No Estado, segundo o Ministério da Educação, existem pelo menos 30 instituições de ensino superior que oferecem graduação em pedagogia e 20, com turmas de licenciaturas, totalizando mais de 4 mil vagas anuais para a carreira docente.
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"Chegou a hora, seriamente, de rever a formação inicial do professor. Muitos chegam às salas de aula sem aprender o que deveriam estar ensinando", constata a paulista Regina Scarpa, consultora da Fundação Victor Civita e especialista em formação de professores. "As faculdades não estão dando o devido peso às disciplinas didáticas. A formação geral e humanista é importante, mas o que é a matéria-prima do professor, a didática, o ensino-aprendizagem, tem que ser mais enfatizado", complementa.
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A Fundação Victor Civita encomendou à Fundação Carlos Chagas um estudo, previsto para ficar pronto em setembro, sobre os cursos de formação de professores no Brasil e sobre os concursos para docentes. "Uma análise ainda preliminar de 80 currículos mostrou a diversidade de disciplinas. Há exemplos de faculdades que, em uma mesma cadeira e num único semestre, ensinam conteúdo de educação infantil e ensino fundamental, que têm realidades completamente diferentes", observa Regina Scarpa.
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Para ela, é fundamental que os concursos avaliem o conhecimento didático do professor. "Saber sobre leis é importante, sim. Mas um concurso deve avaliar a capacidade do professor de dar aula alfabetizar, planejar uma atividade. Por exemplo, que atitude tomará numa turma de 2ª série com 70% doa alunos alfabetizados e 30% não?”. Na opinião dela, as provas dos concursos deveriam conter questões abertas.
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A diretora de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas e coordenadora do estudo, Bernardete Gatti afirma que o pífio resultado do concurso pernambucano não é exceção. De aproximadamente 27 mil candidatos no Estado 94% não conseguiram obter a nota 6 mínima para assegurar a aprovação. O maior número de reprovações ocorreu nas disciplinas de conhecimentos específicos (23 577), seguida das disciplinas de conhecimento pedagógico (19.428) e português (11.889). A seleção foi organizada pela Universidade de Pernambuco (UPE).
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"Isso sinaliza a formação precária dos cursos de pedagogia e licenciatura. As faculdades estão se proliferando de maneira descontrolada e sem que se saiba como estão funcionando. Os professores chegam ao concurso sem dominar a língua portuguesa, com erros de grafia e concordância, frases incompletas ou sem sentido", conta Bernadete Gatti. Ela acha que o governo federal deveria acompanhar mais de perto essas instituições. "Praticamente não existe vestibular para essas faculdades. Então você não sabe exatamente qual o conhecimento que esse aluno têm", observa.
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FALTA INVESTIMENTO NA PROFISSÃO
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Leandro Peixoto, 39 anos. Graduado em Letras pela Universidade de Pernambuco (UPE). Professor de português em duas escolas estaduais do Recife, uma no Centro e outra na Zona Norte. Há 11 anos em sala de aula. Em um colégio, recebe cerca de R$ 600, no outro, pouco mais de R$ 900 - No fim do mês, não chega a R$ 1.200. Casado e pai de dois filhos, morador de Nazaré da Mata, na Zona da Mata pernambucana, tem pouco tempo para planejar aulas. Dinheiro para investir na profissão? Cursos, pós-graduação, livros? Nem pensar. Não há como pagar.
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A história de Leandro não é exceção. Faz parte da maioria dos docentes brasileiros. Com baixo rendimento - Pernambuco, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC), tem o pior salário de professor do País - os profissionais de educação têm que fazer malabarismos para sobreviver. Não é justificativa para não desenvolver trabalho com qualidade, mas se houvesse melhores condições, segundo os especialistas, a docência na rede pública de ensino seria menos desgastante.
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"Tive uma boa formação na faculdade. Mas o tempo de estágio - 30 horas, em um semestre - é pouco. Não dá para perceber como é a profissão", diz Leandro Peixoto. "Nesses 11 anos na rede estadual passei por poucos cursos de formação. Nessa gestão não aconteceu nenhum ainda", conta o professor. "Nas duas escolas onde ensino não há suporte pedagógico. Se surge um problema nessa área, ou a gente se vira sozinho ou conversa com um colega", destaca Leandro Peixoto, que sonha ser aprovado em um concurso público para ter melhor salário.
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Prestes a se formar em licenciatura em história na UFPE, Fernanda Emanuela, 23, diz que sempre teve o sonho de ser professora. Não se intimida com a realidade que vai enfrentar. "Quero ensinar na rede pública. Fiz um bom curso, mas concordo que a prática de ensino deveria começar no início da graduação", afirma a estudante, estagiária de uma escola estadual da Várzea.
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Colega de universidade de Fernanda, Renildo Ferreira, 23, termina a licenciatura em física no próximo ano. Sempre foi aluno da rede pública de ensino. Não teve professor de física nem de matemática no 3° ano do ensino médio. Nem por isso pensa em lecionar em colégios públicos. "O Estado não oferece condições de trabalho. Se puder optar, vou preferir ensinar em escolas particulares." Renildo Ferreira pretende, tão logo termine a licenciatura, ingressar no curso de direito para ter chances de passar em um concurso público.
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A baixa concorrência no vestibular das principais universidades e faculdades denuncia: a carreira docente não atrai a maioria dos jovens. Quem opta por esses cursos normalmente é o estudante da rede pública, que identifica na pequena procura a chance de conseguir ingressar no ensino superior. Letícia Fragoso, 18, e Henrique Victor, 17, não fazem parte desse grupo. De classe média e alunos de um colégio particular do Recife, são candidatos a licenciatura no vestibular. Os únicos em uma turma de cem estudantes.

sábado, 17 de maio de 2008

AS CONSEQUÊNCIAS DA CONTRA-PROPAGANDA GOVERNISTA

Parece que Eduardo Campos e Danilo Cabral conseguiram o que queriam: desmoralizar publicamente o professor, disseminar para a sociedade que somos um bando de incompetentes que não conseguem sequer passar num (mega) concurso! - como se nunca advogados fossem reprovados no exame da OAB, médicos e engenheiros fossem reprovados , etc. etc. Leiam esta "pérola" que encontrei, bem ao gosto da contra propaganda governista e tirem suas próprias conclusões:
A IGNORÂNCIA É SÓ DOS PERNAMBUCANOS ?
Gilberto Dimenstein

O governo de Pernambuco informa que 94% dos professores não foram aprovados num concurso para admissão na rede estadual de ensino --eles precisariam acertar no mínimo 60% das questões. O professor mal sabe, como mostrou essa prova, português.

Nem de longe é uma ignorância restrita aos pernambucanos. Vemos, nessa catástrofe, uma das principais razões por que a educação brasileira vai tão mal --é o despreparo do professor. O ensino público, por sua baixa atratividade (salários ruins, salas lotadas, infra-estrutura ruim, carga horário pesada) não tem como atrair as pessoas mais talentosas e esforçadas. Cria-se, assim, um círculo vicioso, propagando-se na qualidade dos cursos de formação de professor.
Esse concurso pernambucano mostrou que se houvesse para professor um teste semelhante ao feito pela OAB com os alunos de direito iriam ter de fechar escola por falta de quem dar aula.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Atualizações do blog

As atualizações do blog estão raras durante esta semana. Além do tempo cada vez mais curto, está faltando também um tanto de inspiração. O clima está mais ou menos como a notável poetisa Adélia Prado já exclamou: "Deus de vez em quando me tira a poesia... Olho para uma pedra e vejo uma pedra". A semana está mesmo uma pedreira!

sábado, 10 de maio de 2008

Rumo ao penúltimo lugar?

O governador declarou nos últimos dias que concederá aumento aos professores (sem dizer quando) e que está incomodado com a já famosa situação que coloca Pernambuco como o estado onde os educadores recebem as piores salários do País.
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Pernambuco vai evoluir: ocuparemos (quem sabe?!) o penúltimo lugar no ranking salarial! O Ceará - atual ocupante da penúltima colocação - que se cuide, pois a infeliz briga pelo rabo da fila da desvalorização da educação promete! Considerando a histórica mania de grandeza de Pernambuco, eis aí um exemplo de que passamos do limite do fundo do poço!
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Confira aqui o ranking salarial.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Das Arábias!


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Exigência lucrativa

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Exigir padrões incompatíveis com o reconhecimento, elaborar e executar provas mal concebidas, convocar concursos milionários, reprovar quase todos candidatos e, enfim, convocar concurso novamente! A idéia é simples, mas é brilhante... e , claro, muito lucrativa! Enquanto mantém professores temporários selecionados de qualquer forma (sem concurso e sequer sem habilitação pedagógica) e paga os piores salários do Brasil, a Secretaria de Educação inova ao lançar a moda de realizar vários concursos para as mesmas vagas - sem esquecer de cobrar as taxas de inscrição!
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Confira aqui mais detalhes sobre a salvação da educação pública de Pernambuco!

OS FUNIS DA QUALIDADE DE DANILO


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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Alívio: Projeto de Lei estabelece limite de alunos por sala


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Tramita em caráter conclusivo no Congresso Nacional um projeto que estabelece um limite de alunos nas salas de aula. Isto significa que as tumas super-lotadas e o número escandaloso de alunos por professores podem estar com os dias contados! Segundo o projeto, durante os cinco primeiros anos do ensino fundamental serão admitidos até 25 alunos por professor enquanto as turmas dos quatro anos finais do ensino fundamental e no ensino médio poderão ter até 35 estudantes.
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Confira o Projeto de Lei clicando aqui.

Câmara aprova piso nacional de R$ 950 para professores

Foi realizada pela Comissão de Constituição e Justiça a deliberação que estabelece o piso salarial para professores. O trâmite na Câmara dos Deputados está encerrado e o projeto passará a ser avaliado agora pelo Senado (sempre me questiono a respeito desta redundância legislativa representada pelas votações do Senado!). O fato é que parece que a tramitação está na reta final!
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Clique aqui e leia a notícia no Portal da Câmara.

Concurso problema versus formação de professores em Pernambuco

O resultado da primeira fase do último concurso público para docente em Pernambuco divulgado ontem, traz a tona mais uma oportunidade para a reflexão sobre a situação daqueles que pretendem exercer o docência na rede pública de nosso estado. Dos 27.538 candidatos, apenas 1679 conseguiram passar para a próxima fase do concurso. Tal resultado exibe de forma incontestável o desrespeito diante daqueles que se prepararam durante anos. Desrespeito sim, pois como considerar legal um concurso cuja aprovação foi de apenas 6% do total de candidatos? tal resultado revela o equívoco da avaliação elaborada para a seleção dos professores. Afirma-se, diante deste resultado, para os quatro ventos a péssima formação de professores no estado. Ora se estão formando pessoas ditas "despreparadas" para o exercício da docência, uma vez que foi uma esmagadora maioria 94% de reprovados, o MEC deveria intervir em boa parte, para não dizer em todas as instituições de ensino superior de Pernambuco. Seria mais um troféu a ser levantado: o de oferecer a pior formação de docentes no Brasil. Esse troféu seria dividido para muitas mãos: reitores representando o nível federal, iniciativa privada, responsável por inúmeras novas faculdades, sem falar no próprio governo do estado pegando o que lhe cabe da UPE. Se formos seguir a lógica defendida pelo governo diante do resultado deste lastimável concurso que diz: "Faremos quantos concursos forem necessários para formar quadro de docentes" em entrevista a jornalistas, apontando que a causa da reprovação de 94% dos candidatos foi pura incompetência por parte dos mesmos , que seriam necessários novos concursos, estaremos diante do caos total, pois dessa forma haveria realmente necessidade de uma intervenção em nossas universidades e faculdades. Espero caros amigos professores, que estão na rede e aqueles que estão se propondo a entrar, que essa loucura de concurso mal formulado seja revista. O quadro não aponta incompetência e falta de preparo dos candidatos mas sim despreparo daqueles que organizaram este concurso. 94% de reprovação é um dado claro para se repensar a forma como estão sendo selecionados os docentes para o trabalho na rede pública estadual. Se a SEE insistir na tese de incompetência por parte dos candidatos, toda a formação para licenciaturas em nosso estado precisa ser revista e essa loucura garanto que não dará frutos, pois contamos com ótimas instituições de ensino superior que vem formando há décadas milhares de professores. Então a saída inteligente seria cancelar e refazer este concurso, marcando-se uma nova seleção. Caso contrário haverá "panos para as mangas". Imaginem repensar toda a formação de licenciatura em nosso estado?Dra Aída Monteiro deve com certeza se manifestar pois participa de ambos os lados: formação de professores e cargo executivo da SEE.

O concurso reprovado

Postagem interessante no Acerto de Contas (clique aqui) amplia o foco da discussão.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Um monitoramento que a Secretaria de Educação não faz...


A foto acima ilustra bem a nossa situação e deveria servir de objeto de análise por parte de algum iluminado tecnocrata da Secretaria de Educação. A imagem está exibindo um amontoado de diários de classe e um pilha de provas. Esta papelada está sob os meus cuidados. Sou professor de História com 200 horas/aula e possuo 14 turmas, tendo cerca de 650 alunos. Aplicando as provas bimestrais terei este montande de provas (conforme a foto) para corrigir fora do meu expediente na escola - em uma jornada de trabalho não remunerada - pois não conseguirei realizar esta tarefa no meu horário de trabalho regular. Considerando o volume absurdo de diários de classe, provas e quantidade de alunos, chego a uma conclusão evidente: recebo cerca de R$ 1,00 por aluno!
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A partir desta constatação, proponho uma nova percepção para avaliar a educação pernambucana: o "aluno de um real" ou o "professor-migalha" poderiam servir índices para comprovação de nossa crise!
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Esta é uma situação típica, afinal, todos professores passam por isso - sobretudo aqueles que precisam acumular mais de um vínculo de trabalho para poder sobreviver. Trata-se de um aspecto do dia-a-dia dos professores que a Secretaria de Educação deveria também publicar em seu site-espião, afinal, além de querer tornar público nossos horários de trabalho para o "controle social", deveriam também tornar evidentes coisas práticas como estas! Mas - e principalmente - o monitoramento do horário que evidencia os expedientes de trabalho seria uma idéia melhor se fosse associado a uma outra informação que merece ser publicada pela própria Secretaria de Educação: nossos salários!
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Por que o Governo Estadual não sai por aí divulgando o quanto paga aos seus professores? Seria uma publicidade negativa? Esconder este dado não é algo que contradiz o discurso governista segundo o qual a "transparência" é algo importante? Parece que há informações graves e objetivas que o governo prefere esconder sob o tapete do descaso!

Concurso fracassado!

Outra notícia terrível para a educação pernambucana: apenas 6% dos candidatos conseguiram passar no último concurso realizado! Clique aqui e leia matéria do JC Online.

Fragilidade da Educação

Editorial do JC (2 de maio/2008)
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A baixa qualidade do ensino continua sendo o grande empecilho a que o nosso País conquiste rapidamente graus de desenvolvimento e progresso compatíveis com a modernidade que desejamos. Ficando apenas na América do Sul, países menores do que o Brasil, como a Argentina e o Chile, fizeram reformas educacionais no início do século passado e as sustentaram e incrementaram, e hoje colhem os frutos dessa sábia iniciativa. Os dois países levam a sério a questão do ensino público, universal e gratuito, já solucionaram o problema do analfabetismo e têm proporcionalmente muito mais consumidores de livros e outras publicações que o nosso. Aqui, o ímpeto legiferante também se faz sentir nessa área vital. Em vão. Planos e leis de diretrizes se sucedem sem dar tempo nem para se fazer uma avaliação. Sem que isso signifique nenhuma rejeição à iniciativa privada no ensino, frisamos que a opção preferencial dos governos ditatoriais pelo ensino privado significou um retrocesso de quase 200 anos à época do absolutismo.
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O ensino privado, que sempre fora sinônimo de boa qualidade no País desde os colégios dos jesuítas, tornou-se rapidamente mero negócio, com poucas exceções. Abriram-se escolas em cada esquina, em geral com pouca preocupação didática e pedagógica, inclusive no setor de ensino superior. Enquanto isso, o ensino público foi perdendo o bom nível que o distinguia, com professores desprestigiados e mal pagos, instalações e materiais negligenciados, o que leva os alunos à desmotivação e conseqüente evasão. Assim, sem negarmos que haja desemprego, se percebe uma demanda não satisfeita por trabalhadores especializados. É o que estamos vendo agora, quando o aumento da procura por pessoal habilitado a trabalhar nas grandes empresas que se montam em Suape leva à criação apressada de escolas técnicas nas imediações do complexo industrial e portuário.
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Na última prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada em todo o País exatamente para avaliar a qualidade do ensino nesse nível, das 673 escolas avaliadas em 184 cidades do Estado menos de 10% delas ganharam nota igual ou superior à média nacional (51,27%), que já não é animadora. O resultado do exame permite confirmar o que observamos acima a respeito da decadência planejada do ensino público: o colégio particular pernambucano mais bem colocado somou 78,22 pontos, quase 24 a mais que o estadual com melhor colocação, que foi a Escola Professor Trajano de Mendonça (Jardim São Paulo, Recife). No ensino público, o Colégio de Aplicação da UFPE é uma exceção, estando incluído entre os melhores do País.
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Por que toda a rede pública não tem a qualidade exibida pela Trajano de Mendonça? Constata-se ali boa disciplina, corpo docente comprometido e qualificado, bom relacionamento entre a direção da escola, estudantes e seus pais, segundo explicou o diretor-adjunto à nossa repórter Margarida Azevedo. Com 1.584 alunos de ensino fundamental e médio, a escola dá uma educação especial, que inclui biblioteca e auditório para eventos maiores. Dispõe ainda laboratórios de informática e ciências, mas infelizmente sem utilização pois o Estado não qualificou professores para seu uso. Quanto à informática, cabe lembrar que existe um programa federal de distribuição de computadores para escolas de todo o Brasil, mas a maioria deles fica encaixotada e vai se deteriorando pelo motivo apontado na referida escola.
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Isso comprova, mais uma vez, nossa observação sobre a negligência generalizada dos poderes públicos (federal, estaduais, municipais) com educação, ensino, incentivo ao saber. O que não é característica só pernambucana. As escolas avaliadas na cidade de São Paulo obtiveram 54 pontos de média no Enem, somente cerca de seis pontos acima da média do nosso estado, que foi de 48,26 (a escala vai de O a 100). Vamos seguir o exemplo dado pelo Rio Grande do Sul, o melhor avaliado no Enem e o que apresenta menor distância entre a qualidade do ensino público e do privado. Das dez cidades melhor avaliadas no Enem seis são gaúchas, destacando-se São Leopoldo, no Grande Porto Alegre. A secretária de Educação daquele Estado, Mariza Abreu, explica que os investimentos públicos em educação ali são tradicionalmente valorizados.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Divulgando...

Professores de Sergipe visitaram nosso blog e divulgaram um trabalho semelhante que realizam por lá, o Blog dos Professores de Pirambu (clique aqui e visite).

O CHOQUE DE GESTÃO NOS PROFESSORES


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quinta-feira, 1 de maio de 2008

O PENSAMENTO DOS MÁRTIRES DE CHICAGO - a voz dos líderes trabalhistas assassinados em 1886

"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo; o pão é a liberdade; a liberdade é o pão".
Albert Parsons

"Cremos que se acercam os tempos em que os explorados reclamarão os seus direitos aos exploradores (...). A luta em nossa opinião é inevitável".
Michel Schwab

"Sempre supus que tinha o direito de expressar as minhas idéias, como cidadão e como homem. Se isso é delito, sou então um delinqüente".
Oscar Neeb

"Por que razão se me acusa de assassino ? Pela mesma razão que me obrigou a abandonar a Alemanha: pela pobreza e pela miséria da classe trabalhadora".
George Engel

"Desprezo-vos; desprezo vossas ordem, vossas leis, vossa força, vossa autoridade. Enforcai-me!"
Louis Lingg

"Se a morte é a pena correlativa à nossa ardente paixão pela liberdade à espécie humana, eu digo bem alto: disponde de minha vida".
Adolf Fischer

"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário (...), enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não podem apagá-lo".
August Spies

"Eu creio que chegará um tempo em que sobre as ruínas da corrupção se levantará a esplêndida manhã do mundo emancipado, livre de todas as maldades, de todos os monstruosos anacronismos de nossas épocas e de vossas caducas instituições".
San Fielden

Fonte: BOULOS JR, Alfredo 1º de maio O Trabalhador vai à LutaColeção Construindo Nossa Memória Editora FTD

OS MÁRTIRES DE CHICAGO - Tributo aos Heróis do Primeiro de Maio

José Ricardo de Souza*
historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.
No dia 1º de maio de 1886 a cidade norte-americana de Chicago amanheceu praticamente vazia. Nada de pessoas transitando, nem de bondes circulando, tudo estava no mais absoluto marasmo. Aos poucos, pequenos grupos de operários começaram a se dirigir para o centro, juntando-se a outros que também chegavam, começaram a formar uma grande multidão. Ao lado dos operários, vinham também suas esposas e seus filhos, e todos numa única voz clamavam: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso, 8 horas de educação. A massa operária era bastante heterogênea, em seu meio, havia vários imigrantes, de diversos países, gente empobrecida que veio tentar a sorte nos Estados Unidos.
As condições de trabalho naquela época eram as piores possíveis. As longas e exaustivas jornadas de trabalho ultrapassavam as oito horas diárias, chegando até a dez e em casos extremos doze horas por dia. As condições de trabalho também não eram das mais adequadas. Os locais de trabalho eram sujos, sem ventilação, nem banheiros. Para pagar menos, e lucrar mais, os donos das fábricas preferiam a mão-de-obra feminina e a mão-de-obra infantil, com crianças de 7 até 15 anos sendo duramente exploradas. Diante de tudo isto, não havia outra saída senão a greve.
Na verdade, não era a primeira vez que os trabalhadores norte-americanos haviam se manifestado contra a exploração dos patrões. Em 1827, os pedreiros, vidraceiros e carpinteiros da cidade de Filadélfia fizeram a primeira greve dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, outras greves surgiram, a maioria reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A Federação Americana de Trabalho (AFL) foi fundada em 1881, e em seu programa constava que "a jornada de oito horas aumentará o número de empregos e os salários, e criará condições para dar educação aos trabalhadores". No Congresso da AFL de 1884 ficou decidido a paralisação no 1º de maio de 1886.
Os acontecimentos do primeiro de maio se sucederam desta forma. No sábado, dia 1º, os trabalhadores realizaram uma passeata pela avenida Michigan, terminando com um comício na praça Haymarket. Apesar da presença da Guarda Nacional, a passeata termina de forma ordeira e pacífica. Na segunda, dia 3, policiais atiram contra operários concentrados à frente de uma fábrica, deixando um saldo de seis mortos, cinqüenta feridos e muitos presos. Na terça, dia 4, uma grande multidão se concentra na praça Haymarket para protestar contra a morte dos seus companheiros. Alguém desconhecido lança uma bomba contra os policiais. Foi o pretexto para a polícia revidar contra a multidão. Centenas de pessoas são assassinadas, entre elas, mulheres e crianças. O fato entrou para a história como "o Massacre de Haymarket".
As sedes dos jornais operários e dos sindicatos foram incendiadas. As prisões e espancamentos passaram a ser armas da repressão policial contra os grevistas. As manifestações de rua acabaram sendo terminantemente proibidas. Os líderes operários do movimento foram presos e responsabilizados pelas mortes dos trabalhadores ocorridas durante os protestos. Seus nomes merecem ser citados: August Spies, San Fielden, Oscar Neeb, Adolf Fischer, Michel Schwab, Louis Ling e George Engel. Em junho, começam os julgamentos, e então Albert Parsons, outro líder dos trabalhadores, se apresenta espontaneamente ao juiz para ser julgado com os outros companheiros. As testemunhas, obviamente ligadas aos patrões, usando da mentira, forjaram provas contra os acusados. O resultado não poderia ter sido outro senão a condenação dos principais líderes do movimento grevista. No dia 9 de outubro, o juiz pronuncia a sentença que condenava à morte, por enforcamento, Parsons, Spies, Lingg, Engel e Fischer; Fielden e Schwab foram condenados á prisão perpétua, e Neeb, a quinze anos de cadeia, o qual protestou, pedindo para ser também enforcado com os demais.
No dia 11 de novembro de 1886, por volta do meio-dia, Parsons, Spies, Engel e Fischer são executados na forca construída dentro da própria prisão para eles. Lingg, já não estava entre eles, havia se suicidado antes. A morte, ou melhor, assassinato dos líderes do primeiro de maio, provocou manifestações de trabalhadores em todo o país, inclusive em Chicago, quando aproximadamente 6000 pessoas carregaram os corpos de seus mártires pelas ruas. Após vários protestos e manifestações de repúdio, o governador de Illiois, Estado no qual se situa Chicago, resolveu anular a sentença que condenava os líderes operários. O feitiço virou contra o feiticeiro. Os juízes, os jurados e as testemunhas falsas foram acusados de infâmia pelo governador. Infelizmente, a vida dos nossos heróis, estes sim, heróis de verdade, do primeiro de maio, já havia sido tirada pelo poder opressor.
Assim nascia o primeiro de maio, dia internacional do trabalho, dia de luta. Não um dia para se comemorar, mas para manter viva a memória dos mártires de Chicago, pois graças a eles hoje podemos gozar de direitos nunca antes previstos.