GILBERTO PRAZERES
A construção da unidade no PT pernambucano sempre foi uma tarefa complicada de ser viabilizada. A aprovação de uma moção de repúdio, no Encontro Estadual da legenda, em 24 de abril, à forma como o Governo Eduardo Campos (PSB) se posicionou diante dos servidores da Educação e depois a sua retirada da pauta do evento, expôs, mais uma vez, as arestas entre os petistas. Diferenças que demandarão das principais lideranças da legenda e, sobretudo do pré-candidato ao Senado, Humberto Costa - classificado como vassalo por alguns correligionários neste episódio -, muita habilidade para serem aparadas antes da campanha chegar às ruas, em julho. Caso contrário, o PT poderá partir rachado para este pleito. Os gritos de discordância entre os petistas voltaram a ecoar com força, logo após a reunião que apontou Humberto Costa como o nome do PT para a chapa majoritária governista, encabeçada pelo governador Eduardo Campos. Líderes de algumas correntes reivindicaram uma participação maior nas decisões da sigla, questionando o formato adotado para a escolha do representante petista na corrida pelo Senado. Na ocasião, o presidente nacional da sigla, José Eduardo Dutra, apresentou uma pesquisa de intenção de votos aos até então dois postulantes - Humberto e o ex-prefeito João Paulo, ao presidente estadual, Jorge Perez, e ao prefeito do Recife, João da Costa. “O PT não pode escolher sem ouvir o partido. Não é essa a nossa história”, reclamou, à época, o presidente do PT recifense, Oscar Barreto.A reclamação explicitada pelo dirigente ganhou força após a realização do Encontro Estadual. Com a retirada da moção de repúdio, numa intervenção direta da direção estadual, integrantes de oito grupos internos do partido partiram para o ataque contra o presidente Jorge Perez, pedindo a sua destituição do comando da sigla por “desrespeito à democracia interna” ao concordar com a movimentação que culminou com a modificação e retirada da moção.“Os delegados votaram, o partido se posicionou e, depois, Jorge Perez concordou com o absurdo de modificar isso para atender ao Palácio do Campo das Princesas. O presidente e Humberto não ouviram a base do partido, não respeitaram a nossa decisão”, criticou Edmilson Menezes, da corrente o Trabalho. Pensamento parecido tem o líder da corrente PTLM, Gilson Guimarães. Ele considera a retirada da moção como um fator que dificultará a construção da unidade em torno de Humberto para o Senado. “Como Humberto e a CNB agiram, não corresponde ao que o PT prega em toda a sua história. É algo que não se pode aceitar. Não bate com o discurso de unidade que ele vem falando. Unidade se faz de outra forma... Ouvindo”, cobrou o petista.Na lista de insatisfeitos com o saldo do Encontro Estadual e, principalmente, com a provável participação do ex-ministro Humberto Costa na retirada da moção, estão as lideranças das correntes: Consciência Socialista, Esquerda Marxista, Democracia Socialista, Organização Marxista, Articulação de Esquerda, Movimento de Ação e Identidade Socialista, O Trabalho e Partido de Lutas e Massas. “Todos discordam da forma como o partido foi conduzido nesse episódio e como tratou a decisão de seus filiados”, concluiu Severino Amaro, o Faustão (Esquerda Marxista).
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