segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quem sabe alguém nos exerga

Publicado em 17.05.2010
Amanda Tavares* Do Jornal do Commercio

Professores e alunos comemoram notícias sobre violência nas escolas estaduais de ensino”. Parece surreal, mas, se essa manchete fosse publicada, faria sentido. Não estamos celebrando a violência, não queremos jovens se drogando, brigando nem sendo roubados dentro das escolas, como foi noticiado recentemente. Mas precisamos ser vistos, mesmo que seja dessa forma.
Venda e consumo de drogas, brigas entre estudantes, agressões de alunos contra professores e vice-versa, roubos, tiroteios... nada disso é novidade para nós, tampouco para a sociedade. Mas os dias vão passando, a situação se agravando, vêm os protestos, as greves, as denúncias e a gente vai se cansando de falar e não ser ouvido.
Até que um dia, vem mais uma denúncia e a publicação da matéria sobre consumo de drogas dentro de uma escola. Sociedade sensibilizada. Dois dias depois, jovem espancada dentro do colégio. Manchetes em jornais, internet, emissoras de rádio e TV. Sociedade ainda mais chocada. Nomesmo dia, a notícia de que jovens são assaltados dentro da escola, no interior do Estado. O zum-zum-zum aumenta. Para nós, aumenta a esperança.
Quem sabe, agora, alguém nos enxerga. Em recente entrevista, uma garota envolvida num dos casos de agressão noticiados causou comoção ao declarar que a violência era uma constante no seu dia a dia, já que apanhava em casa frequentemente. Como ela, se comportam outros milhares de jovens que chegam às escolas estaduais. Basta observar esse detalhe para saber que patrulhas escolares não são suficientes. Jovens vão às escolas em busca de educação, mas encontram professores insatisfeitos, estrutura física precária e muito descaso. E as lições que acabam aprendendo são duras. E refletem em cada um de nós.
Desse jeito, podem colocar patrulhas, batalhões de choque, Exército. Nada será resolvido. Injustiça e descaso não se resolvem com autoritarismo. Compreensão é crucial. Respeito e competência também.
* Amanda Tavares é repórter do JC e professora de português da rede estadual de ensino há cinco anos.

Um comentário:

  1. Amigos, temos uma ferramenta interessante para divulgar essas baixaria toda. O proteste já do CQC já fiz uma denuncia lá, acho que se eles receberem um número considerável de denúncias se interessem pelo tema.
    o que vcs acham?

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