domingo, 28 de agosto de 2011

22.08.11

Ensino médio não prepara aluno para o mercado, diz empresário.

Para Marcos Magalhães, gestão escolar no Brasil é ‘na base do improviso’

CURITIBA – Os alunos brasileiros chegam ao ensino médio com tantas dificuldades que as escolas precisam de mais tempo para prepará-los para a vida e o mundo do trabalho. A solução está na ampliação da carga horária nessa etapa da formação. A ideia foi defendida na quinta-feira, 18, pelo empresário Marcos Magalhães no encerramento do Sala Mundo Curitiba 2011, evento que reuniu especialistas em educação na capital paranaense.

O currículo do ensino médio também precisa ser reformado, disse Magalhães, que é presidente do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE). “Temos de repensar a grade.” Para ele, só deveriam ser obrigatórias as disciplinas de português e língua estrangeira, além de matemática, física, química e biologia. As outras matérias seriam eletivas. “Hoje o aluno que vai prestar vestibular para Engenharia perde tempo estudando filosofia. Se ele achar importante, deveria ter a opção de cursá-la, não a obrigação.”

O ensino médio é visto como a etapa mais problemática da educação básica, com altos índices de evasão. Uma pesquisa de 2009 baseada em dados do IBGE mostrou que 40% dos jovens de 15 a 17 anos abandonam a escola por desinteresse.

Na quinta-feira, os painéis do Sala Mundo abriram espaço para a discussão de gestão escolar, o trabalho dos professores e novas ideias que estão sendo aplicadas em escolas do País.

O neurocientista Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, falou sobre seu trabalho na criação de escolas de ciência para alunos da rede pública na Bahia e no Rio Grande do Norte. “Educar é fazer com que a criança atinja o ideal humano de felicidade”, disse. Para o pesquisador, a escola tem de se adaptar aos estudantes de hoje, os chamados nativos digitais.

Metas. Os palestrantes divergiram quanto à importância do diretor escolar no processo de melhoria da educação. Marcos Magalhães, do ICE, focou sua apresentação no papel do gestor. “Ele precisa definir um plano de ação para sua unidade”, afirmou. Segundo o empresário, hoje as coisas funcionam de maneira improvisada. “Se você implanta processos, consegue prever resultados. Quando saem índices de educação no Brasil todos tomam um susto, como se não soubesse os motivos.”

Já Ilona Becskeházy, diretora da Fundação Lemann, disse que, embora gestão seja importante para fazer o sistema funcionar, sem bons professores e material didático de qualidade “não saímos do lugar”. “Prestigiar o docente é prestigiar a educação.”

Para o economista Claudio de Moura Castro, coordenador da programação do evento, os funcionários e os gestores precisam se entender melhor. “A boa gestão escolar permite o professor usar seus talentos”, disse.

Fonte: www.icebrasil.org.br (22/08/11).

Gente, penso que não há salvação para a educação no Brasil. A cada dia nos deparamos com técnicos, economistas, empresários, banqueiros e outros que se acham estudiosos em assuntos educacionais discutindo, criando métodos e decidindo o destino da educação. Nada disso passa pelos professores, para nós sobram cobranças, assédio moral, desrespeito, fiscalização, estresse, depressão e outras doenças. Até quando vamos ter que suportar tudo isso? Assistimos ondas de protestos e apoiamos povos no mundo inteiro que se rebelam contra governos autoritários e reformas absurdas que ferem o direito do trabalhador, enquanto isso, permitimos que um bando de incompetentes tracem os caminhos da educação no país transformando-a em simples mercadoria.

6 comentários:

  1. Repensar o currículo das disciplinas é altamente necessário.Definir objetivos a serem alcançados também o é igualmente importante, todavia nenhum dos empresários apontou a necessidade urgente de se consultar os docentes sobre as verdadeiras necessidades da educação, bem como a remuneração dos docentes como requisito imprescindível no processo de valorização e melhoria da educação no Brasil.
    Tratar a educação com paliativos não vai levar a nada. Ou se trata dos problemas relacionados a educação de forma global, discutindo-se estrutura como a boa condição de trabalho e a valorização profissional, ou cale-se e vá gerir sua empresa, indústria, etc importando mão de obra melhor formada, pois fora do Brasil, poucos são os países que tratam pior o professorado.

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  2. Essa é a visão de um empresário, a qual é voltada apenas para a educação eminentemente técnica, tanto é que as ciências humanas não são consideradas importantes, como se vê no texto publicado, ou seja, O ESTUDANTE DEVE SER EDUCADO APENAS PARA OBEDECER CEGAMENTE, NÃO DEVE REFLETIR, PENSAR, QUESTIONAR, DISCORDAR, ETC...disciplinas como filosofia, sociologia, história, geografia, etc são vistas como descartáveis ou opcionais...se isso for implantado, será o fim da pouca consciência crítica neste país...será o paraíso para a burguesia deitar e rolar sobre a massa trabalhadora alienada.

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  3. Marcos Magalhães é o idealizador das escolas integrais em Pernambuco. Encontrou a salvação para a nossa educação! :p

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  4. Este senhor pode ser classificado como um mal educado porque a despeito de pregar uma "educação integral" menospreza a importancia das disciplinas que justamente contribuem decisivamente para a formação completa da pessoa, ou seja, de um cidadão, o que aliás acredito que ele nem saiba o que é ser um.
    Desta forma, mais uma vez vemos como a mentira tem pernas curtas, como é que voçÊ prega uma educação integral e ao mesmo tempo desconsidera disciplinas tão importantes como Filosofia, História e Geografia?
    Pode-se medir também a falacia que é este projeto (programa), pelo desempenho das tais escolas, a maioria não consegue cumprir as metas , salvo por aprovação em massa, único jeito de salvar o "programa" dos iluminados da educação.
    Este pessoal tripudia da inteligencia de todos, sobretudo dos professores responsáveis e comprometidos com a educação, e além disto desconsideram e até ignoram todo trabalho cientifico dos grandes pensadores da educação como: Paulo Freire, Demerval Saviani, Antonio Joaquim Severino, Jean Piaget, Anton MarkarenKo, Anisio Teixeira, Darcy Ribeiro, Milton de Almeida Santos, e muitos outros que contribuiram também com seus trabalhos na área.
    Infelismente ainda temos que apelar para o tempo a fim de que as coisas retornem ao seu eixo e a verdade prevaleça.

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  5. Claudio Moura e Castro - economista, Gustavo Ioschpe - economista , Ilona Becskeházy - Bacharel em Nutrição, Marcos Antonio Magalhães - Engenheiro Elétricista. Estes são os nossos atuais "pensadores" da educação. É por isso que os professores são tão mal vistos e mal remunerados. E enquanto eles pensam em nós, os nossos enonomistas não conseguem fazer o Brasil parar de gastar mais do que arrecada, nem sequer investir 5% do PIB em educação. Os nossos nutricionistas não conseguem fazer com que a merenda escolar seja de qualidade, pensando bem, para que nutricionista se em algumas escolas nem merenda tem. Já os nossos engenheiros não conseguem projetar uma escola, problemas acústicos, de acesso, de nivelamento do piso e as tão famosas rachaduras.

    Um economista, um engenheiro e uma nutricionista estavam em viagem pelo interior do Brasil quando o carro em que viajavam quebrou. Como era de noite e estavam no meio do nada, caminharam ate’ um sitio proximo.
    Pediram um quarto para passar a noite, mas o dono do sitio afirmou que possuia apenas um quarto muito pequeno, com duas camas. Logo, um dos tres viajantes teria de dormir no estabulo.
    Eles aceitaram e foram dormir. O escolhido para dormir no estabulo foi o engenheiro. Cinco minutos mais tarde batem a porta do quarto. Era o engenheiro: “eu sou indiano, e tem uma vaca no estabulo. Eu nao sou digno de dormir ao lado desta vaca”. Entao foi a nutricionista dormir no estabulo. Cinco minutos mais tarde batem `a porta mais uma vez: era a nutricionista. “Eu sou judia e tem um porco naquele estabulo. Eu nao vou dormir ao lado de um porco”. Entao foi o economista dormir no estabulo. Cinco minutos mais tarde, batem `a porta mais uma vez.
    Eram a vaca e o porco…

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  6. O que seria de nós se não fossem as ciências humanas ao longo da nossa história de luta, sofrimento e exploração?
    Se não fossem os filósofos, historiadores, sociólogos, pensadores, escritores, etc, hoje ainda seríamos indivíduos sem direito algum a não ser trabalhar...estaríamos acreditando no direito divino dos reis, nos privilégios da nobreza e do clero...ainda estaríamos sem nenhum direito, proteção ou benefício trabalhista...ou seja, ainda acreditaríamos que nascemos apenas para trabalhar como burros de carga e para não sermos nada além disso.

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