Na última quinta-feira (28 de setembro) ocorreu na GRE da Cidade Universitária um evento tão pitoresco que sequer dá para entender do que se tratava exatamente. Era uma suposta capacitação ou coisa parecida para discutir (sem prever espaço para discussão) as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (mais uma "inovadora" ladainha retórica com estatuto de renovação para o ensino). O fato é que os professores presentes sequer sabiam para que foram convocados e, ao que parece, a equipe que estava comandando o evento também não sabia exatamente o que estava fazendo. O saldo foi o seguinte: o dito encontro foi um fiasco.
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Foram vistos professores irritados com as teses insólitas apresentadas num primeiro instante - e quem apresentou sequer permaneceu para responder nenhum questionamento. Foi possível concluir que a equipe técnica da SE não possui o menor vestígio de foco sobre uma questão primordial: qual o objetivo do direcionamento do ensino médio em Pernambuco?
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Foi dito e repetido: não importa preparar para o mercado de trabalho ou sequer para o ingresso numa universidade. O que vale é formar cidadãos! Faltou esclarecer que tipo de cidadãos o Estado pretende "formar" quando não possui um objetivo para a educação. A ladainha foi vazia e, francamente, um abuso ao senso crítico e inteligência dos presentes.
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Em seguida foi feita uma exposição também sem fundamento sobre as orientações curriculares para as Ciências Humanas no Ensino Médio. Não havia fundamento porque a apresentação parecia coisa ensaiada e desprezava algo concreto: os tecnocratas educacionais da SE não sabem também o que fazer em relação ao ensino das Ciências Humanas. Será que esqueceram os executores da tal capacitação a palhaçada estabelecida pela caótica imposição da nova matriz curricular para o Ensino Médio? Falar em Filosofia e Sociologia na rede estadual é pura piada, afinal, os brilhantes técnicos acabaram prejudicando o oferecimento destas disciplinas através da redução de suas cargas-horárias e do confinamento em séries específicas - tema que já discutimos bastante por aqui. História e Geografia tiveram suas cargas-horárias reduzidas no Ensino Fundamental, logo, os efeitos desta redução também poderão ser sentidos no Ensino Médio.
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Não houve nada sobre qualquer tentativa de discutir a patética inclusão de disciplinas improvisadas na matriz curricular.
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A impressão que dá não pode ser outra. Parece que a capacitação ocorreu porque alguma verba inaplicada estava nas contas da GRE. O dinheiro precisava ser utilizado o mais rápido possível porque o prazo de sua aplicação estava no final e alguém teve a idéia de realizar uma capacitação apenas com este fim: aplicar a verba antes que ela perdesse sua validade. O objetivo não foi debater seriamente nenhuma orientação curricular, aliás, o objetivo não teve nada a ver com a melhoria de coisa alguma. A verba cumprirá seu destino, mas nada será resultante deste investimento inútil.
Caro Paulo, pelo visto não falta investimento na educação pública básica desse país, só que na maioria das vezes tais recursos são mal aplicados, praticamente jogados no lixo, como podemos constatar no seu exemplo...
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