Um grande exercício de democracia, desejos de mudanças sem violência, protestos pacíficos, são algumas das
expressões mais escutadas na atualidade.
Quando os protestos foram iniciadas nas diversas capitais brasileiras, manifestantes eram tratados por vândalos e baderneiros porém, com a repercussão dos fatos pela mídia
internacional, principalmente por conta da ação da
polícia que reagia a tudo com tamanha truculência , o discurso da
imprensa foi modificado.
Até a presidente Dilma chegou
a pronunciar-se dizendo que todas as manifestações só vem ocorrendo no país, porque o Brasil é uma ‘’grande democracia’’. Será
mesmo? O que a presidente considera democrático,
os escândalos sem punição? Um insano retrógrado no comando da Comissão dos
Direitos Humanos? A privatização dos portos e empresas brasileiras? A PEC 37? As mudanças nas regras da aposentadoria que exige que o empregado trabalhe até
à morte? As gastanças com a Copa do
Mundo e outros desmandos patrocinados pelo governo federal?
E o que dizer da ‘’democracia’’que
rege o discurso de alguns grupos participantes das manifestações? Aos gritos de ‘’sem partido’’, estes impedem
a participação das pessoas ligadas a partidos políticos.
Ora, que democracia é
essa onde o outro é agredido, acuado e proibido de se manifestar?
Democracia ou resquícios da ditadura civil-militar que aterrorizou
o Brasil em décadas passadas?
Será mesmo que esses grupos são ‘’sem bandeiras’’ ou, estariam
estas pessoas por trás de uma
bandeira maior?
Não sei, talvez ainda cedo
para tecer alguma avaliação sobre a questão.
Mas, independe de posições de
grupos isolados as movimentações sem dúvida entrarão para história. É o
eclodir de um grito que estava abafado na
garganta e resistia em não sair.
A sociedade não suporta mais
ser sonegada em seus direitos. Na verdade o que se vê em todas
os atos de protestos são a cobrança de direitos que a Constituição do país assegura porém, a maioria do povo não tem
acesso aos mesmos.
Grita-se pelo atendimento às necessidade
básicas, pela melhoria na qualidade dos
serviços na área da saúde, da educação, da segurança. Pelo direito a uma
moradia digna, pela garantia de emprego com salário decente, por uma reforma agrária que atende às
necessidades dos trabalhadores rurais. A luta é por uma sociedade menos
desigual, contra o racismo, a homofobia, a discriminação e violência contra as
mulheres, entre outras coisas.
Que onda de protestos que se alastra pelo país, provavelmente também influenciada pelos atos que vem acontecendo na Europa e outras partes do mundo possa produzir mudanças reais na estrutura sócioeconômica-política brasileira.
E, se consideramos a classe
política responsável pelo caos em que se
encontra o país, a resposta terá que ser dada nas urna a partir das próximas
eleições, caso contrário corre-se o
risco de toda essa movimentação virar apenas uma mera página em nossa história.
Desapoiando as formas de violência presenciada nos protestos porém, causa-me uma certa preocupação o perfil que é traçado sobre o povo brasileiro. Um povo pacífico, bonzinho, tranqüilo e ordeiro é um povo fácil de ser manipulado, corrompido e manobrado.
Fotos: Protesto em Recife_PE, 20 de junho 2013 (Albênia Silva)
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