A Conferência Estadual de Educação (de 18 a 21 nov. Itamaracá) foi sem dúvida um bom momento para refletirmos mais uma vez, sobre a política pública educacional desenvolvida no cenário pernambucano. As queixas dos diversos companheiros(as) (delegados/as) presentes ao encontro não deixa dúvida quanto a disseminação das práticas terroristas impostas por Eduardo Campos através da Secretaria de Educação em todo o Estado.
O Público e o Privado na Gestão de Educação Básica foi o tema central sobre o qual decorreram os trabalhos, e assunto da palestra inicial ministrada pelo profº.Dr. Vitor Henrique Paro (USP) que, numa belíssima explanação classificou a política de premiação do governo como um ato que fere e estabelece uma relação perserva, dentro da educação. Quanto ao usos dos cronômetros o professor mostrou-se indignado, disse ser a prática " um ato violento,antipedagógico, uma expressão de autoritarismo do Estado"e cobrou do Sintepe medidas enérgicas capazes de coibir tais ações contra os trabalhadores em educação. Aproveitamos a oportunidade para mostrar ao palestrante como funcionam os "famosos" Centros de Referência e a política de exclusão que vem no rastro dos mesmos.
Mas, enquanto o profº Paro condenava o uso dos cronômetros a professora e deputada Tereza Leitão, mesmo mostrando-se contrária ao projeto, afirmou que, este, vem reforçar o que todos sabemos: "Os professores utilizam muito mal o tempo pedagógico, fazem chamadas intermináveis, escrevem muito no quadro etc...", disse também entender que estes procedimentos fazem parte de uma rotina calcada em péssimas condições de trabalho .
As afirmações da deputada soaram como um um tiro no pé. Será que a nobre deputada não sabe que, a GRE instrue e quer obrigar-nos a chamada dos 40, 50, 55 alunos por sala? Será que desconhece que, em certas escolas alunos estudam sem livros e precisamos anotar boa parte dos conteúdos no quadro? Será que a deputada sabe que o projeto é financiado pelo Banco Mundial? Será que desconfia quem serão os beneficiados com o projeto? Ficam as perguntas.
Sobre o tema "Educação um Direito Humano a Ser Conquistado o pofº Manoel Moraes (Comissão de Direitos Humanos de Pernambuco), muito comentou sobre a fome cultural, fome geradora da dominação, lembrou-nos do personagem Pinóquio que, "queria ser gente, enquanto tem muita querendo ser boneco". Alertou-nos para as práticas do Estado dominador que nos remete ao não pensar e ao comodismo, falou do apartheid resultante das políticas educacionais implantadas de forma alienante e desumana. Embebidos e apaixonados pela contagiante exposição de Manoel, fomos em seguida, esperadamente nocauteados pela fala de Edla Soares (Conselho Estadual de Educação) que, como não poderia deixar de ser fez apologias as políticas de governo, considerando-as ações inclusivas e facilitadoras ao acesso de todos a escola pública. Inclusive em sua fala a professora chama a atenção do professor Manoel, porque o mesmo ao apresentar imagens num painel, esqueceu de mostrar a resposabilidade nossa (da categoria) em relação aos problemas da educação.
Liz Ramos (Centro de Cultura Luiz Freire) e Heleno Araújo(presidente Sintepe) em suas exposições discursão sobre "Controle Social na garantia do Direito à Educação), enquanto o profº. Dr. Dante Henrique Moura (IFRN) e profº. Zélito Passavante (Diretor da secretaria de Comunicação do Sintepe) discorrem sobre a "Educação Escolar e o Mundo do Trabalho" ambos trazendo dados e pontos interessantes a respeito da evasão escolar, gestão democrática, o papel dos amigos da escola, do trabalho voluntariado, da visão mercadológica que permeiam as políicas educacionais, entre outras questões. Porém forçosamente somos obrigados a mostrar certas contradições da Conferência, enquanto condena-se a visão de mercado no setor da educação pública, nos grupos de trabalhos debruçamo-nos em textos (Sintepe) que, em lugar da palavra aluno, lia-se clientela, em outros, induzia-se às parcerias privadas além de dar poderes aos empregadores a organizarem cursos no próprio local de trabalho, entre outros procedimentos. Atitude esta que por sua vez fere a própria Constituição Federal que, em seu Artigo 208.I, trata da oferta da escola pública e da competência dos poderes públicos em disponibilizar os recursos para atender todos os que, à esta procurar.
A parte cultural do evento contou com a presença de Chico Pedrosa, Espetáculo de Dança popular (Átila dos Santos), Grupo Cultural do Sintepe, Filme/"Pro Dia Nascer Feliz", Grupo Cultural do Alto José do Pinho (Poesis), Voz ,Violão e Poesias (trabalhadores/as em educação).