Vivemos uma grande contradição pedagógica e um grande retrocesso na Escola Pública Estadual de Pernambuco. O ano letivo em 2015 foi um dos piores dos últimos anos e 2016 não vai ser melhor. Toda a classe trabalhadora deste país segue pagando a conta de uma “crise” criada pelas elites corruptas que estão no poder. E as consequências em todas as áreas sociais são devastadoras.
Na escola pública do nosso estado, o corte de verbas no orçamento, o ajuste fiscal e a falta de um projeto político-pedagógico sério, nos deixou sem alternativa, a não ser, entrar em GREVE por quase 30 dias, no 1º semestre deste ano. Além do descumprimento da LEI do PISO SALARIAL, as péssimas condições de trabalho, e contra a política de reordenamento da rede que fecha turmas, escolas e transforma escolas regulares em integrais sem as mínimas condições de funcionamento.
Durante a greve, além de não querer nos receber para negociar e cortar os nossos salários, o governo nos oprime com xingamentos, ofensas e violência física. Parecia que estávamos em plena Ditadura Militar! Ao retornarmos às nossas salas de aulas, com o final da greve, indignadas (os) e sem as mínimas reivindicações atendidas, nos deparamos com os velhos problemas ainda mais agravados: as escolas sem verbas para consertar ventiladores, portas, bancas, capinar o mato, comprar material de limpeza, sem material didático básico: piloto, papel, entre outros, sem internet (problema antigo), sendo obrigadas a entrar em salas de aula sem energia e permanecer com estudantes nas escolas sem água e sem merenda. Na escola onde trabalhamos, só pintaram, limparam, capinaram o mato e arrastaram as cadeiras e bancas destruídas, quando o governador, o prefeito e suas equipes apareceram por lá.
E como se já não bastassem tantos absurdos, depois de seis anos sem concurso público, o governo publica um edital que abre espaço selecionando engenheiros, contadores, administradores entre profissionais de outras áreas de atuação, que não cursaram as disciplinas pedagógicas das diversas licenciaturas para entrar em sala de aula e assumir a carreira docente.
Trabalho na Escola Estadual Pintor Lauro Villares, nos Torrões, que tem sido ameaçada de fechar turmas do Ensino Médio e ser municipalizada há uns cinco anos. Mas que tem mobilizado a comunidade escolar junto com o SINTEPE e conquistado vitórias!
Não faz muito tempo, que nossos (as) estudantes, concluintes do ensino fundamental, ao serem questionados (as) sobre as diversas seleções das escolas profissionalizantes do estado: ETEs (Escolas Técnicas Estaduais), SENAI (Serviço Nacional da Indústria), IFPE (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Pernambuco), não as conheciam e muito menos se sentiam capazes de concorrer.
Hoje, UMA FLOR NASCE NO ASFALTO! Em meio à barbárie do abandono em que se encontram as escolas de nosso estado nos surpreendemos ao receber a NOTÍCIA que DOIS ESTUDANTES: uma aluna e um aluno do 9º A da manhã, FORAM APROVADOS(A) com boa colocação nas provas do IFPE. Deixando-me cheia de orgulho e satisfação e me sentindo obrigada a fazer esta reflexão.
Imaginem se fôssemos uma categoria valorizada e que não precisássemos nos matar de trabalhar para sobreviver? Trabalhássemos em escolas menos caóticas, com menos autoritarismo e assédio moral nas relações de trabalho cotidianas? Se tivéssemos estudantes com famílias mais estruturadas e menos vulneráveis ao extermínio, à prostituição e ao tráfico de drogas por não encontrarem outras oportunidades e opções de vida? Quantos (as) estudantes não se sentiriam FORTALECIDOS (AS) e capazes de fazerem estas seleções e prosseguirem seus estudos? Direitos historicamente negados à grande parcela de jovens filhos (as) da classe trabalhadora!!!
Por estes e tantos outros motivos não citados neste MANIFESTO, sigo firme na luta pela construção de uma ESCOLA PÚBLICA, GRATUITA, LAICA e de QUALIDADE!
Professora Fátima Oliveira – Oposição Alternativa CSP CONLUTAS
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