Na próxima década, quem sabe o Brasil poderá finalmente descobrir qual deve ser o maior investimento do Estado. Como reduzir a violência e melhorar a segurança? Educação. Como diminuir a pobreza, a fome e a desigualdade? Educação. Como melhorar a saúde? Educação. Como aumentar a taxa de emprego? Educação. Começa quando a criança nasce. Não dá para esperar até 4 ou 6 anos. A carência emocional e intelectual na primeira infância é meio caminho perdido.
“Para cada dólar aplicado, a sociedade ganhou nove”, afirmou o americano James Heckman, de 65 anos, prêmio Nobel de Economia de 2000. O professor Heckman se referia a uma experiência bem-sucedida em Michigan com educação na primeira infância. Em entrevista a O Globo na semana passada, Heckman disse algo que está na nossa cara, está sob as marquises dos centros urbanos ou nas lavouras: sem atenção de 0 a 3 anos, sem estímulo intelectual, com pais analfabetos, pouco instruídos e ausentes, sem a adequada assistência médica, essas crianças entrarão na escola em profunda desvantagem. Uma desvantagem que não é reversível, salvo exceções. “Uma boa política de família acaba se tornando uma boa política econômica. Há governos que acham que dar mais dinheiro aos pobres resolve o problema.”
Nenhuma esmola nacional, por mais ambiciosa e popular que seja, poderá ajudar o Brasil a ter um índice de desenvolvimento humano (IDH) compatível com a imagem de potência emergente. Jamais haverá dinheiro bastante para dar autoestima a brasileiros na linha da pobreza – ou abaixo. Hoje, nenhum candidato ousa criticar o Bolsa Família. Com todas as boas intenções, o Bolsa Família continua sendo um programa assistencialista, sujeito a fraudes de toda sorte. Esses recursos seriam mais bem aplicados se houvesse uma obsessão: Educação, Educação, Educação.
Só mesmo a Educação ampla, irrestrita e de qualidade, a partir do nascimento de cada brasileiro, poderá mudar a cara deste país. Com uma rede gratuita de creches (não depósitos de crianças) para filhos de pais carentes e mães solteiras. E escolas públicas de qualidade. Isso significa mudar de verdade, e não remendar, maquiar estatísticas, impressionar com números de matrículas ou com porcentagens que iludem mais do que explicam.
“O cérebro se forma muito cedo”, diz o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Aloísio Araújo. “A criança que vem de um lar em que os pais são educados, leem em voz alta, dão estímulos lógicos e usam vocabulário amplo está muito mais preparada quando chega à escola. Com 1 ano de idade, as diferenças são muito pequenas. Aos 4, muito grandes. Fica muito difícil o sistema escolar recuperar essa defasagem. As intervenções precoces são um desafio para o Brasil.”
Aloísio é um dos autores de Educação básica no Brasil – Construindo o país do futuro, livro editado neste ano pela Campus. Na página 103, há um gráfico assustador: 93% da diferença de desenvolvimento cognitivo medida em adolescentes de 13 anos de idade já está presente aos 5 anos, antes mesmo que as crianças comecem a frequentar a escola.
Há exemplos de programas dedicados a formar “capital humano” na primeira infância. Com atenção redobrada para famílias carentes. São experiências restritas geograficamente. Os três programas mais conhecidos aconteceram nos Estados Unidos – Michigan, Carolina do Norte, Chicago. Em comum, o envolvimento ativo dos pais, porque, sem a família, todos ficam órfãos, inclusive o Estado.
Ninguém precisa ser prêmio Nobel para saber os efeitos de uma educação que vem do berço. Um deles é formar jovens menos violentos, menos antissociais. Não se fala aqui apenas de pobreza. Pais ricos que abandonam seus filhos nas mãos de babás sem instrução – achando que, depois, a escola fará seu “papel” – um dia podem se arrepender muito de só ter acompanhado o crescimento de seu bebê por imagens instantâneas em celular.
Na última década, o Brasil avançou. Na próxima, precisa tornar a Educação, precoce e fundamental, uma obsessão nacional.
Conclusão: estamos fodidos!
É verdade Kynimós,enquanto estivermos presos a programas educacionais e sistema de avaliação de controle ideológico(PCNs, prova Brasil,Enade e outros)não sairemos da ditadura educacional na qual nos encontramos.
ResponderExcluirA escola não tem autonomia didática, pedagógica, administrativa... vivemos sob os domínios da iniciativa privada (INDG, Instituto Airton Senna, Fundação Roberto Marinho etc...)
Estamos phod.... mesmo.
Pra você (Krish)abraço grande,saudades e desejo de um NOVO ANO menos perverso ( rssss).
Um ano melhor pra você também companheira. Grande abraço!
ResponderExcluirJuro que não entendi a conclusão de estarmos fudidos! Li o texto, posso está equivocada, mas o que compreendi é que precisamos de uma melhoria expressiva da educação brasileira e não apenas estatatíscas mentirosas, entendi que precisamos levar as crianças mas cedo para as escolas de boa qualidade, o que poderia fuder o professor nessa afirmação?! Ficando claro que essa melhoria da educação deve incluir melhores condições de trabalho para os profissionais de educação, pois como a educação pode melhorar se o profissional não está em boas condições... Enfim, no que estamos fudidos?!
ResponderExcluirFala sério aí, onde diabos é que alguém vê perspectivas que tais coisas aconteçam?
ResponderExcluirTodo dinheiro investido em educação básica, do modo como é investido, está sendo jogado no lixo...
Colega, a melhoria expressiva da qual o texto fala dificilmente ocorrerá nos moldes pelos quais os governos querem, afinal eles não investem corretamente os recursos da educação (que já é bem baixo, em comparação com países desenvolvidos e menores ainda, se comparados com países emergentes). E quem você acha que pagará a conta do fracasso educacional? Nós, professores, com sempre, aliás! Temos professores de excelente qualidade na rede, no entanto têm de virar em dois, três, quatro, até para dar uma vida digna à sua família. Como realmente sentar e "preparar" suas aulas nestas condições? Como aproximar pais e comunidade para enfrentar o desafio de educar, com famílias desestruturadas, não planejadas, sem emprego e sem auxílio, e o pior, com poucas ou nenhuma perspectiva de futuro melhor? Na escola, os alunos se deparam com uma educação muito diferente daquela que eles veem em casa. E os governos o que fazem? NADA. Pelo menos, nos doze anos que tenho na educação, só vejo cobranças, números e metas. Nos últimos três ou quatro anos, piorou ainda mais o que já era péssimo. Senda assim, colega, realmente estamos F#@&*%, levaremos mais uma vez a culpa por uma conta que não é apenas nossa, por que também me incluo no rol dos culpados, todavia, minha parcela é minúscula em comparação com a dos outros agentes educacionais.
ResponderExcluirO texto é horrível...apresenta a educação como redentora!
ResponderExcluire apresenta as soluções de maneira genérica...digno de uma colunista de uma revista como a época..e indigno de um blog como o nosso
Este discurso do Sintepe de que devemos resistir, lutar é tudo balela. A única coisa que resistimos estes anos todos foi à fome. Temos o pior salário do país, somos cobrados, explorados e fiscalizados de todas as formas, pagamos uma boa taxa para o nosso sindicato e nada. Ao analisar todas essa situação chego à seguinte conclusão: Se não tivéssemos um sindicato certamente o nosso salário e as condições de trabalho seriam as mesmas ou seriam melhores, porque menor que este salario só se for filantropia. Colocar a foto de Danilo Cabral com a faixa fora Danilo é a coisa mais ridícula que eu já ví, é achar que os professores são idiotas. Danilo é pau mandado de Eduardo. O sindicato tem coragem de lançar a campanha "fora Eduardo!" claro que não, eles são amigos.
ResponderExcluirFinalmente, iremos discutir que a partir de Janeiro de 2010, acaba o prazo em que o Estado pode incluir gratificações para compor o piso salarial... Finalmente, chegamos a data limite para pagamento do piso integral, o que nosso sindicato diz disso?
ResponderExcluirRealmente o texto é péssimo, talvez por não ter sido escrito por um pedagogo politicamente correto e por conter insertos de um prêmio Nobel de economia...
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