quarta-feira, 21 de julho de 2010

A escola ainda é feia

Jornal do Commercio

Cidades /Caderno Urbano

Publicado em 18.07.2010

O grande desafio da educação pública em Pernambuco é cuidar do ensino básico. Fazer a escola mais atrativa do que a rua. Ela hoje não é o lugar mais agradável do bairro, não tem o melhor jardim, nem a melhor quadra e não acolhe quem ali chega. Ao contrário, é feia, suja, quente e pobre. Não faz com que os alunos pertençam a ela. Essas palavras podem parecer teóricas demais, mas resumem a mudança necessária para evitar a evasão escolar, a repetência e, principalmente, a passagem automática de ano que muitos conquistam mesmo sem aprender o que deveriam. “A educação básica é o princípio de tudo. Se cuidarmos dela não precisaremos de programas compensatórios para recuperar adultos que quando jovens trocaram a escola pela rua”, ensina Antônio Carlos Aguiar, presidente do Senai no Estado.

O setor, inclusive, é tido como o que mais precisa avançar em Pernambuco. Houve investimentos reais no ensino técnico, com a construção de oito novas unidades, na reforma de 77 escolas que estavam desabando com as chuvas, e na distribuição de fardamento e material didático para os alunos, que antes da atual gestão não eram beneficiados. Mas falta muito. É preciso fiscalizar os gestores das escolas, estipulando metas de produtividade para forçá-los a permanecer mais tempo nas unidades, e valorizar o profissional de educação, indo além da compra de computadores, desconectados da internet e que são roubados quando levados para a sala de aula.

» SOBRA VIOLÊNCIA E FALTA ESTRUTURA

Controlar a violência nas escolas é o mais desafiador dos desafios da educação. Ela está lá, impregnada nas paredes e nas pessoas. Suas consequências afetam professores, alunos e familiares. Na foto ao lado, um símbolo desse medo: a adolescente de 15 anos que teve o rosto desfigurado com lápis, estilete e compasso por uma colega, numa das salas da Escola Vidal de Negreiros, da rede estadual. A infraestrutura das escolas também terá que receber atenção especial do próximo governo. O que foi feito até agora não bastou. São muitas as crianças que estudam e os professores que ensinam em lugares como a Escola Guedes Alcoforado, em Olinda, que não tem teto. Ou como a Escola Torquato de Castro, em Aldeia, instalada num galpão, nos fundos de uma padaria.

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