Em estudo recente publicado pelo Dieese mostra que na região Metropolitana de Recife os negros (41,02%) ocupam o mercado de trabalho encaixando-se em atividades produtivas consideradas precárias e informais. Em outras regiões metropolitanas a situação não é muito diferente, em Salvador por exemplo, eles somam um percentual de 40;5% .
Estes dados servem apenas para ilustrar o que nos restou da libertação concedida aos escravos em 1888.
A abolição da escravidão irá produzir no país novos arranjos sócio-espaciais. Os negros "libertos" necessitavam buscar outras alternativas de sobrevivência. Livres mas, sem moradia, sem comida, sem trabalho remunerado.
Para assumir o trabalho nos cafezais, admitiu-se o trabalhador branco (europeu), assalariado. É a política de "branqueamento da raça" promovida pelas elites locais. Além disso, para a Inglaterra (que tanto pressionou o Brasil a exercer a libertação dos escravos) o que interessava mesmo era mercado consumidor brasileiro. Precisava expandir os seus produtos, garatindo assim a reprodução do capital. E quem compraria tais produtos? Os negros escravos sem remuneração?
Vê-se que, por trás de todo o processo que gerou a libertação da escravidão no país, está o interesse econômico.
Aos negros restou, amontoarem-se em casebres insalubres, (semelhantes aos vistos hoje no meio urbano) valendo-se dos recursos naturais disponíveis na época (barro, lenha, palmeiras etc.) Muitos , principalmente as mulheres, "optaram" por permanecer na residência de seus patrões, trabalhando em troca de casa e comida.
Hoje são os negros que necessitam de cotas para ingressarem nas Universidades, também são eles, maioria dentro do sistema penitenciário e nos espaços favelados. E esta situação ainda é mais grave para as mulheres uma vez que sobre elas recai toda uma carga de estereótipos sexuais femininos.
Portanto, é preciso vivenciar todos o dias a "nossa consciência negra", para não a perdemos de vista e nos posicionar-mos de forma contrária a este ato abominável (e suas sequelas) que foi a escravização dos nossos irmãos africanos em território brasileiro.
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