Folha de PE – Grande Recife – Sexta -feira 21/09/2012
Mãe de Alcides peregrina. Cehab diz resolver rápido
Dona Maria Luíza vive em condições precárias com as filhas
21/09/2012 -
RENATTA GORGA
Wagner Ramos
VENDEDORA, cujo filho foi morto em 2010, disse ter sido retirada de casa alugada. Dois anos e sete meses após a morte do filho, Maria Luíza do Nascimento, 49 anos, ainda sofre sem um lugar para morar, junto com as três filhas. Ela é mãe de Alcides do Nascimento, que tinha 22 anos na época em que foi assassinado na frente de casa, no bairro da Torre, Zona Norte do Recife, no ano de 2010. Diante do ocorrido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, prometeu uma nova residência à família.
Foi-lhe dado, então, um apartamento alugado, cujas taxas seriam pagas pela Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). No entanto, de acordo com Maria Luíza, o aluguel deixou de ser pago e chegaram as cobranças. O resultado foi o despejo da família que, hoje, mora em um pequeno espaço cedido por uma conhecida. A Cehab promete resolver a situação em três dias.
“Em março, a síndica do condomínio disse que a gente precisava sair de lá, porque ia ter uma obra e não tinham pago os três últimos aluguéis. Pedi para ela me dar mais um tempo e, no dia 7 de julho, saímos. Cheguei a dormir na rua. Minhas filhas ainda conseguiram dormir nas casas das amigas delas”, contou Maria Luíza, que hoje trabalha como vendedora na Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Conforme a mãe de Alcides, ainda no mês de julho ela conseguiu a ajuda de uma amiga, a doméstica Narcisa Moura, 50. “Ela me cedeu dois vãos e o banheiro. O banheiro virou meu quarto; um dos vãos ficou para minhas três filhas dormirem; e o outro é onde a gente consegue cozinhar”, relatou. No local, ela contribui com energia e água. Os móveis da família encontram-se no salão de festas do condomínio e, conforme Maria, precisam ser retirados, por ordem da síndica.
Uma das irmãs de Alcides, a estudante Andrezza Lins, 21, informou que entrou em contato com a Cehab desde que soube que precisaria sair do condomínio. “Eles disseram para a gente procurar casas, mas nenhuma se enquadrava nos critérios deles”, afirmou. O noivo de Andrezza, o motorista Gabriel Rodrigues, 18, também revelou que houve três reuniões com representantes da companhia, a fim de que uma nova residência fosse encontrada.
Ontem, ocorreu uma terceira reunião. “Na primeira, eles sugeriram que a gente recebesse uma casa alugada, mas elas eram muito distantes das faculdades das meninas (irmãs de Alcides), por isso, elas recusaram. Na segunda, disseram que as casas que encontramos eram muito caras. A terceira foi hoje (ontem)”, contou Gabriel.
“Nas outras vezes eles deixaram a gente esperando muito tempo e nem saíam com a gente para procurar casa”, complementou o motorista. A reportagem da Folha de Pernambuco acompanhou a peregrinação da família durante o dia de ontem à procura pelas residências junto à Cehab.
Enquanto isso, Maria Luíza segue com um misto de medo e chateação. “Não fui eu quem pedi uma casa ao governador, foi ele quem me prometeu. Agora, estou cobrando”, atestou. “Ele até disse que passaria o apartamento do condomínio para o nome das minhas filhas, mas não fez isso. Não posso voltar para a Torre, porque somos visadas lá. Eu ia vender a casa, mas Eduardo (Campos) falou para eu não fazer isso, pois ela poderia me servir como renda. Então, a aluguei mas ainda estou sem uma residência nova”, afirmou.
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