quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"E agora, professor?"

Os questionamentos feitos na postagem abaixo possuem respostas que acabam servindo para identificar muitos dos problemas de nosso ensino público. Parte deste entendimento diz respeito ao fato de que há uma tendência danosa de haver gestões sobre educação que se baseiam em princípios sobre os quais os operadores práticos da educação (os professores) não precisam ser ouvidos. Políticas alucinadas acabam sendo colocadas em ação por meio de imposições, comprovando que há uma distância imensa entre o que a Secretaria de Educação pretende e o que existe de forma concreta.
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A seguir há uma discussão que ajuda a demonstrar esta constatação.
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A UPE iniciou as inscrições para a sua primeira edição de vestibular seriado. Alunos que cursam o primeiro ano do Ensino Médio já podem participar do processo de seleção para uma vaga na universidade estadual, mas as condições de desigualdade características na disputa entre estudantes das escolas públicas e privadas serão ainda mais duras este ano.
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A UPE incluiu Sociologia e Filosofia entre as disciplinas exigidas na seleção. Vale ressaltar que esta é uma iniciativa louvável, pois - além de valorizar estas disciplinas - dá ao vestibular um caráter mais pluralizado, incorporando saberes que devem constituir o conteúdo do Ensino Médio.
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O problema é que desde que os xamãs da tecnocracia pseudo-pedagógica elaboraram uma matriz curricular tosca que foi imposta às escolas sem discussão entre os professores (meros executores das idiotices "técnicas" que são excretadas pelo pelotão de deslumbrados da SEE), mutilaram a Sociologia e a Filosofia. O saldo pode ser sentido agora, pois os estudantes da rede pública estadual que estão no primeiro ano irão encarar uma etapa do vestibular seriado sem aulas destas disciplinas. A bronca sobrou para os estudantes.
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Uma aluna muito estudiosa e esforçada me procurou angustiada em busca de alguma ajuda para encarar o vestibular seriado da UPE. Ela não teve as aulas de Sociologia e Filosofia e terá que fazer tais provas no vestibular. A menina estava preocupada, pois teria uma grande dificuldade de aprednder sozinha conteúdos que deveriam ter sido trabalhados em sala de aula.
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A jovem me indagou:
- E agora, professor? O que vou fazer?
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Respondi que ela deveria procurar saber de quem foi a patética idéia de retirar do currículo escolar as aulas de Filosofia e Sociologia e, em seguida, fazer a esta pessoa as perguntas que a afligem. Seguramente a coitada não terá respostas satisfatórias ou sequer saberá quem foi a mente brilhante por trás desta estupidez, afinal, é incomum obter alguma declaração de culpa por parte de quem adora exercer o poder de ditar normas e medidas ineficientes sem sequer refletir sobre os efeitos destes tipos de atos.
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A SEE deverá reverter o dano causado, pois Filosofia e Sociologia serão obrigatoriamente ministradas em todas as séries do Ensino Médio por força de legislação federal. Alguém na cúpula decisória da SEE precisará, pelo menos, dar o braço a torcer, pois as cabeças que rolaram foram as dos estudantes prejudicados.

Um comentário:

  1. E as insanidades da SEE vão além, querem agora acabar com as turmas de alunos especiais. Sou a favor da inclusão, mas não podemos jogar alunos com dificuldades especiais em qualquer sala, sem um profissional qualificado para acompanhá-los. Mas, para um advogado que "ganha de presente" uma Secretaria de Educação,ato como esse consideramos "normal".

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