PROFESSOR - O TEU SILÊNCIO
Professor, o teu silêncio secou teu olhar para a aurora.
Ao teu alheamento ergueu-se a saudade dos sussurros.
A catedral de silêncios é a própria sombra do momento, criado para te calar.
A tua voz é viúva e o tédio do teu silêncio abriga os horizontes da dor.
O teu riso professor é o eco das harpas sem cordas.
Os alunos foram cúmplice do teu calar,
mas não são acusados pelo teu eterno silenciar.
Professor, o teu silêncio é uma nau perdida em um mar de dor e solidão.
O coração dos alunos é uma âncora para esta voz surda e pálida.
É hora de assombros, no teu céu interior.
Tua alma é caverna onde as emoções são talhadas em mármore frio.
E os sonhos, professor, são tristes enganos, adormecem em leitos de dor.
O palácio das angústias é tua alma, pálida hora do sussurro.
Dói, mestre, ver o abandono dos sorrisos cristalinos e a angústia da voz cortada pelo olhar de dor.
As ruínas que abrigam tua alma é irmã daquela que acolhe tua voz.
És náufrago de um mar de dor.
Poeira ao vento do esquecimento.
Professor, um olhar furtivo e caridoso acolhe todo timbre e alegria da tua voz, enquanto um mar de lágrimas abriga toda tua dor.
Querem te silenciar, assim como querem teu esquecimento.
Os eleitos pelo povo silenciam a voz dos mestres.
Obra sublime, venceram décadas de ditadura.
Com um silenciar insistente e amplo.
Silenciar, que atinge tua alma, teu bolso e tua dignidade.
Eles profetizam: cala-te professor!
O silêncio se faz.... Até quando?
Poetisa e docente:DUCI MEDEIROS
Figura: O silencio de Henry Fuseli (http://olivrodosseresimaginarios.files.wordpress.com/)
Parabenizo a Duci Medeiros.
ResponderExcluirE ouso deixar este meu, sobre o mesmo tema: aos que amordaçam a democracia... e aos que andam a (re)colocar a cavalaria nas ruas para afrontá-la...
O SILÊNCIO NÃO É DOS INOCENTES!
Andam com o cajado pesado do silêncio
a despertar os monstros
que achavam, estivessem mortos;
e olham, sem se mover, o reerguer dos ditames.
Infames!
Estão a molestar o corpo da Liberdade...
esta senhora do povo
que muito lutou para que a deixassem viver
depois das cicatrizes profundas de torturas tantas.
E a Liberdade, de novo, sangra…
Como se não bastasse o sangue derramado
de tantos que outrora a fizeram resistir.
Foram-se todos?
...Sozinha? ...Esquecida?
Abandonada à própria míngua, a Liberdade!
Não vêem? Estão a trazer vendas!
[Mas olham para os lados, acendem velas, e põem seus véus!]
Não ouvem? Os trotes se aproximam!
[E não se escuta mais o perfume das rosas, só o vencer do canhão!]
E ao ditador, levam armas à sua mão:
Assim... de mão beijada,
sucumbem a tudo
- contra o que, outros deram a alma! -
O medo mata. A omissão mutila.
E a Liberdade, como minha face, se encontra contorcida
Indignada, não [h]ouve nada...
Só gente fraca. Só gado humano.
Engolem tudo sem cuspir.
Semimáquinas sem sangue nas veias.
Não. Não sei abster-me! Nem sou para abater.
*"Se o fim é andar de joelhos..."
Eu não vos vou seguir.
.
Katyuscia Carvalho
http://katyuscia-carvalho.blogspot.com/2009/08/o-silencio-nao-e-dos-inocentes.html
"O provérbio nascido do povo
às mãos de alguns filhos sucumbe
e os que sem força não seguiram os filhos que gritam
são os que sozinhos se arrastarão no funeral
espezinhados por quem defenderam
quando a desunião venceu."
(João Miguel)
Porque não percebo sermos seres completos
falando aos cantos,
pelo canto da boca e pela metade.
Nesta vida de três décadas,
já ouvi os mesmos ecos luas demais.
Minha alma não é muda, não é casta,
não se molda nem se amordaça!
Renega e rasga as convenções mórbidas.
Não se vende. Não aceita.
Nem se rende nem se dobra!
...
Não acredito em quem não ousa.
E preciso acreditar em mim!
Katyuscia, professroa.
Muito bom os textos de vocês (Dulci e Kanauã)reproduziu-os e coloquei na sala das (os) professoras(res).
ResponderExcluirParabéns, e fortíssimo abraço, vocês engradecem nossa categoria.
Albenia