A 29ª Bienal de São Paulo só abre as portas para o público no próximo sábado, mas o artista visual pernambucano Gil Vicente já virou o centro das atenções. Isso porque na sexta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo (OAB-SP), emitiu uma nota pública pedindo aos curadores do evento para retirar da mostra a série Inimigos de 2005. Desenhada com carvão sobre papel, as obras trazem o autorretrato do artista empunhando armas contra pessoas públicas.
Nos desenhos, sob a mira de Gil Vicente aparecem autoridades mundiais como Papa Bento XVI, o ex-primeiro ministro de Israel Ariel Sharon, o ex-presidente norte-americano George W. Bush e o ex-presidente da ONU Kofi Annan. Aparecem políticos nacionais como Fernando Henrique Cardoso e o presidente Lula e locais como o ex-governador Jarbas Vasconcelos e o atual Eduardo Campos.Assinada pelo presidente da OAB-SP Luiz Flávio Borges D'Urso, a nota cita as telas em que aparecem FHC e Lula e alega que: "Essas obras, mais do que revelar o desprezo do autor pelas figuras humanas que retrata como suas vítimas, demonstra um desrespeito pelas instituições que tais pessoas representam, como também o desprezo pelo poder instituído, incitando ao crime e à violência". Ao Diario, D'Urso disse que essa foi a primeira posição tomada pela ordem contra uma obra de arte, motivada pelo teor da série. |
"Especialmente por trazer a imagem do presidente (Lula). A execução do presidente nos parece uma incitação ao crime", explicou D'Urso. Como a Bienal não acatou o pedido, a OAB-SP encaminhou uma denúncia na tarde de ontem ao Ministério Público de São Paulo. A reportagem entrou em contato com o Conselho Federal da OAB, mas a assessoria de imprensa informou que a instituição não iria se pronunciar.
Curtindo seu dia de fama, o requisitado Gil Vicente mostrou bom humor para comentar o caso: "Graças à OAB-SP (fiquei famoso). Isso foi uma coisa que não incomodou a Bienal e nem a mim, seria um absurdo retirar a série". Em seguida, o artista mudou o tom para explicar sua obra. "Para mim é uma decepção, desde 2005 não compareço às urnas para votar nessas figuras que desprezam as pessoas necessitadas e não se mexem para acabar com a miséria. Queria expressar minha raiva", disse.
Essa é a primeira vez que a série será exposta na capital paulista. Inimigos já foi exposta no Recife, em Natal (RN) e em Porto Alegre (RS). "Das outras vezes, o que houve foram polêmicas pequenas. Algumas pessoas achavam um absurdo e outras gostavam", comparou.
Os outros artistas pernambucanos que integram a Bienal saíram em defesa do colega. "É um tema forte, mas a gente vê isso nos jornais. Aquilo é uma ficção", analisou Silveira. "Na arte você pode até matar. Disse a Gil que ele agora devia desenhar o cara da OAB-SP. Com tanta coisa para fazer, a OAB deveria se preocupar com outras coisas", disparou Bruscky.
Bruscky lembra que casos de censura não são tão incomuns na Bienal de São Paulo. "Na época da ditadura, houve um caso em 1971. Como a Bienal é um evento de grande visibilidade, a restrição é maior", recordou. Em 2006, as obras Guaraná power do grupo Superflex foi vetada pela Fundação Bienal e Geometria daninha do mexicano Héctor Zamora deixou de ser realizada por conta da proibição da Prefeitura paulista.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
VIVER, 21 de setembro de 2010
Alguem conhece algum projeto da Deputada Teresa Leitão que t5enha beneficiado os Professores de Pernambuco.Mesmo assim, terá o seu mandato renovado e ainda dizem que somos "formadores de opinião".Ela fez muita coisa, mas foi pelas cadernetas de poupanças dela, vejam os valores no site do TSE. Será que ninguem faz nada pra evitar que esta senhora continue dizendo que nos representa?
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