terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Escola pública brasileira é um sucesso. Além do Tietê tem mais do que mato

Fonte:

Vamos supor que o desempenho dos alunos de escolas públicas federais no ENEM valesse para todos os alunos brasileiros.

Só considerar as notas dos alunos de escolas públicas federais, no ENEM, que usa o sistema PISA de verificação de conhecimento, o mesmo dos países da OCDE.

(Só no Brasil o PiG (*) tentou desmoralizar o PISA.)

Se isso fosse feito, o estudante brasileiro teria notas que o colocariam entre os dez melhores estudantes do mundo.

Atenção, amigo navegante, entre os DEZ MELHORES DO MUNDO !

O aluno de escola pública tem um desempenho superior ao do aluno de escola particular.

Os índices brasileiros desabam quando se leva em consideração a nota dos alunos de escolas públicas estaduais e municipais.

Isso é o que se deduz do resultado do último ENEM, que o PiG (*), de novo, tentou detonar.

Clique aqui para ler “por que o PiG é contra o ENEM: é porque o ENEM leva o pobre à universidade”.

Essas informações saíram da entrevista que este ordinário blogueiro fez com o professor de filosofia da USP, Vladimir Safatle.

Essa entrevista vai ao ar nesta terça-feira, às 21h30, na RecordNews.

(Será precedida de entrevista com o professor Fábio Comparato sobre as novas responsabilidades do Brasil, depois que a Corte de Direitos Humanos da OEA condenou de forma inapelável a Lei da Anistia brasileira. Clique para ler o que Comparato escreveu neste ordinário blog sobre essa derrota brasileira, liderada pela brilhante defesa que Sepúlveda Pertence fez da Lei da Anistia).

Safatle escreveu brilhante artigo na Carta Capital desta semana, com o titulo “Paradoxo nativo – fala-se muito no ensino para dar a falsa impressão à maioria dos brasileiros de que os problemas são profundamente complexos” – e não são.

Safatle recomenda persistência e dinheiro.

Persistência e dinheiro para fazer três coisas, simples: valorizar a carreira do professor; avaliação contínua da qualidade por meio de inspetorias; e escola em tempo integral.

Aí, ele se lembra da obra pioneira de Darcy Ribeiro, no Rio, os Brizolões – a melhor experiência que já se fez sobre Educação, no Brasil.

A tese de Safatle também ajuda a condenar de forma enfática a política privatista do Governo do Farol de Alexandria, que teve no Ministério da Educação – depois Ministro da Educação de Padim Pade Cerra – o arquiteto do desmanche da escola pública, Paulo Renato de Souza

A má qualidade da escola pública municipal e estadual deriva, também, de uma filosofa neoliberal, que esvaziou os cofres públicos em nome da “eficiência” e do “choque de gestão”.

Foi o que, nos Estados Unidos, fez Ronald Reagan, que desconstruiu a escola pública americana, aquela que Roosevelt tinha montado.

Reagan seguia a filosofia de um notável pensador republicano: é preciso reduzir o Estado a tal tamanho que seja possível afogá-lo numa banheira.

Souza e FHC quase conseguiram afogá-lo.

FHC, o Príncipe dos Sociólogos, como costuma lembrar Mino Carta, que dele fez irretocável obituário, teve a ousadia de boicotar a inclusão das cadeiras de Filosofia e Sociologia nos currículos das escolas públicas.

Com o argumento de que não tinha professor de Filosofia suficiente.

E sugeriu dissolver a filosofia e a sociologia em outras matérias.

Esse ordinário blogueiro lembrou, por exemplo, que se poderia estudar Filosofia Grega na aula de Ginástica.

É como se o FHC e o Paulo Renato dissessem, nas palavras de Safatle: “além do Tietê só tem mato”.

Para que o Pará precisa estudar Filosofia, pensam os neoliberais da elite branca (e separatista, no caso de São Paulo).

Gilberto Freyre, como se sabe, foi notável sociólogo, porque nasceu na Móoca.

Pois é, amigo navegante, “além do Tietê só tem mato”.

Só que o mato comeu a onça.

3 comentários:

  1. Inegável a superioridade de desempenho das escolas federais. A meu ver a solução para as escolas públicas brasileiras é a federalização de todas as unidades de ensino publico. Assim se evitaria o péssimo uso de milhões de reais todos os anos, o que pode ser observado no cotidiano da maioria das escolas públicas municipais e estaduais do Brasil,onde falta quase tudo.
    São tantos os caminhos pelos quais as verbas federais passam,são tantas as mãos ávidas pela oportunidade de controlá-los, são tantas cabeças dispostasa fecharem os olhos para seu efetivo uso, pois fiscalizar dá muito trabalho, que apesar do considerável aumento das verbas destinadas ao desenvolvimento da educação básica, quase nada mudou.

    A solução é diminuir os caminhos para que ocorra mais eficácia no uso de verbas públicas. Isso iria acabar com a farra de governadores e prefeitos mal intencionados.

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  2. O acesso à escola pública foi massificado, no entanto a qualidade diminuiu. As escolas federais mantem a qualidade porque selecionam os alunos que acessam seu ensino, os professores são mais bem pagos, tem no mínimo mestrado e em sua maioria são exclusivos, tem tempo para a pesquisa, as famílias desses alunos movem ceus e terras para que seus filhos passem no processo seletivo e lhes apoiam e se comprometem com sua vida escolar. Ou seja, não é só questão de verbas, mas de vários outros fatores.

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  3. Você tem razão Fátima.
    Nas escolas federais não há aprovação em massa, sem consideração alguma com a aprendizagem. O desempenho dos alunos se deve ao comprometimento dos mesmos, coisa que falta na maioria dos alunos das escolas publicas estaduais e municipais que se valem do desejo dos gestores no número cada vez maior de aprovados pois isso garante maior verba para as suas escolas.

    No mundo caótico das escolas publicas estaduais e municipais de Pernambuco aprovação e aprendizagem não estão co-relacionados, ética e comprometimento, também não estão. Que formação é esta oferecida pelos estados e municípios?

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