sábado, 12 de novembro de 2011

IPOJUCA não é caso isolado

Ipojuca não é um caso isolado Mais uma vez, assistimos à cena se repetir, agora no município de Ipojuca: novas oportunidades de emprego surgem, mas as vagas não são preenchidas por falta de pessoal capacitado. Tudo isso porque não existe uma valorização da educação de base.
Ipojuca está em evidência por causa dos altos investimentos realizados recentemente no município, fundamentalmente em Suape. Mas a falta de valorização da educação, sabe-se bem, não é exclusividade desse lugar. O Brasil todo sofre do mal.
Os frutos do descaso aparecem através de personagens como o auxiliar de caminhoneiro Alexsandro, entrevistado para a matéria do Jornal do Commercio, que só estudou até a 8ª série e não pretende voltar às salas de aula. Está acomodado com um salário mínimo e meio. Num país onde, há muitos anos, não se investe em educação e onde o índice de desemprego sempre foi alto, não é de se estranhar que um cidadão que não teve muitas oportunidades na vida, conforme-se com tão pouco.
A experiência como professora de escola pública me fez enxergar uma realidade nada confortável: alguém colocou na cabeça dos estudantes que eles não merecem entrar numa universidade, que o que está reservado para alguns deles é, no máximo, um curso técnico ou algum curso universitário que não seja muito concorrido. E esse tipo de ideia começou a ser difundida há poucos anos. Antigamente (provavelmente na época em que o caminhoneiro Alexsandro estudou), era ainda pior: aluno de escola pública dificilmente conseguia concluir o ensino médio; tinha que trabalhar cedo para ajudar no sustento da casa. Vestibular era sonho para a elite.
Porém, se por muitos anos se pensou que a educação poderia ser menosprezada durante uma eternidade e que não haveria consequências, agora a realidade mostra o contrário. O governo estadual já tentou algumas esratégias para resolver o problema, como o investimento em aulas de reforço nas escolas públicas pernambucanas. Mas, como vimos, não foi suficiente.
E agora? Será que, de uma vez por todas, haverá um esforço para se recuperar o tempo perdido ou, mais uma vez, assistiremos, de perto, ao nosso fracasso?
Na matéria publicada pelo JC, o presidente-executivo do programa Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos, cita uma fórmula simples para que se consigam bons resultados no setor: melhores salários para os professores, redução da taxa de analfabetismo, aprimoramento da gestão e escolas integrais desde o ensino fundamental. Fórmula antiga, citada em palestras, debates, reportagens... mas desprezada pelas autoridades. Inclusive pelo próprio Mozart, quando foi secretário de Educação em Pernambuco.

(Do Blog DIÁRIO de CLASSE da jornalista e também professora da rede estadual Amanda Tavares)Em 08 de nov.2011.

2 comentários:

  1. Muita gente está se capacitando sim, a questão é que eles(Empresários) não abrem as portas para quem está iniciando (Eu por Exemplo)só querem pessoas com experiencia, e muitos trabalhadores esquentam a carteira pra entrar como profissional nem tendo pasado por experiência alguma, e o que acontece??? Um navio completamente perdido como é o caso do Cândido M.Enquanto as Indústrias não quiserem ceder também pra qualificação de recém formados em cursos de qualificação principalmente, só vai haver o chororô por todos os lados! E entrando no seu assunto que é justamente a falta de "interesse" de alguns em se especializar vem muito do fato de eles verem os amigos que se arriscam pagando a média de R$1.500 em um curso e ficando sem trabalhar por não ter experiência e acabar voltando pra onde saiu jurando que conseguiria após o esforço do estudo uma boa oportunidade! (NÃO É PRA DESANIMAR?).

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  2. Se Alexsandro fizesse uma licenciatura, especialização, capacitações e lecionasse na rede estadual, certamente continuaria com o mesmo salário que recebe como caminhoneiro. É, não somos modelos e nem servimos de estímulo para ninguém.

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