Esta última questão é a polêmica da vez. Desde que o governo federal estabeleceu metas de desempenho para as escolas, Estados e municípios desenvolvem meios de incentivar os professores. São Paulo promete bônus aos que aumentarem o desempenho de seus alunos. Minas Gerais incorporou o critério na progressão salarial da categoria. As medidas geraram um racha entre especialistas. Alguns argumentam que elas podem atrair os melhores profissionais para as escolas. Outros dizem que a pressão por notas vai piorar a qualidade do ensino.
Para aprofundar a discussão, ÉPOCA promoveu um debate conduzido por especialistas. A favor da remuneração por desempenho argumentou Eduardo Andrade, professor do Ibmec São Paulo e especialista em economia do setor público. Miguel Arroyo, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais e membro do Conselho Nacional de Educação, criticou a medida. O principal ponto de discordância foram os modos de avaliar a atuação do professor. Para Andrade, as avaliações nacionais permitem identificar quem são os bons e maus profissionais. A partir desses resultados, ele defende uma política de incentivo e punição por meio do salário. Arroyo argumenta que esses exames não medem todas as competências trabalhadas em aula. E diz que esse tipo de classificação vai criar novos problemas para um trabalho que já enfrenta muitos obstáculos.
A maioria dos internautas concordou com ele. O "não" ganhou com 69% dos 547 votos. O principal argumento é a falta de condições de trabalho nas escolas. "O desempenho dos alunos depende de uma série de fatores que vão além do empenho dos professores", afirma Lucileia dos Passos, de Guarujá, São Paulo. "A falta de qualificação, os baixos salários e as escolas depredadas fazem cair a qualidade do ensino. Premiar alguns aumentará a desmotivação geral", diz Emerson Pessoa, de Florianópolis, Santa Catarina. Parece que, antes de cobrar dos professores, o Brasil tem uma lição de casa a entregar.