domingo, 18 de abril de 2010

Dignidade docente

Texto enviado por Marinete Neves Leite,
professora da rede estadual e mestra em História
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As nossas algrúrias como professores do Estado do Pernambuco não têm fim. Resta-nos, o direito de expressão e de nos apoiarmos como profissionais com a consciência de que devemos lutar juntos e não aceitar sermos tratados como profissionais, não de terceira categoria, mas de nenhuma categoria, como vem afirmando em discursos e práticas o governador de Pernambuco que, através do sistema educacional, na figura do já afastado secretário de Educação (o "competente" administrador Danilo Cabral) e candidatos às próximas eleições, ostentando na mídia sem nenhum constrangimento ou vergonha o nosso miserável salário, e consequentemente, nos expondo a "chacota", ao constrangimento e vergonha, ímpares. Esse é o meu, e acho que na verdade, é nosso sentimento.
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São anos de luta, sem reconhecimento concreto. Temos sido submetidos a pressões de todo tipo, e considero a nossa condição como um "prejuízo irreparável", devido ao escandaloso assédio moral do qual somos vítimas. Assédio moral fundamentado numa política de desvalorização do nosso exercício como professores. Xingamentos, agressões e ameaças de alunos, precárias condições de trabalho, além de salários ínfimos, tem-nos fragilizado ao longo do tempo. Computadores e jornais, não devem servir para camuflar, a nossa verdadeira condição. Não podemos aceitar a mordaça, o cabresto, a intimidação... Como sou professora de História, dias desses lembrei-me da frase famosa da época da Ditadura: "BRASIL, AME-O OU DEIXE-O!". Será possível aceitar semelhante situação na educação? "EDUCAÇÃO, AME-A OU DEIXE-A".
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Somos profissionais com formação superior, especialistas, mestres e doutores, muitos, como eu, procurando uma saída, não aguentamos mais tanta desvalorização! Nossa estima está em baixa, em situação abissal. De fato, penso que para o profissional em educação do Estado de Pernambuco, como diz, um amigo de luta "o fim está próximo". Conheço diversos colegas que pediram exoneração, reduziram carga horária... Estão doentes... Acho que o modelo de educação adotado pelos últimos governantes, entre eles, o Sr Jarbas Vasconcelos (que absurdamente vetou o desconto em folha da nossa contribuição sindical, como forma de nos enfraquecer como categoria) e o mais novo inimigo da educação, o Sr. Eduardo Campos, tem contribuído para o esvaziamento do quadro de profissionais com formação e capazes, salvo àqueles, que se encontram nas "escolas integrais "cujos salários são verdadeiras "lendas ou mitos", colegas que têm se encolhido diante do histórico monstro "Leviatã", tão bem representado no caso do governo que ora detém o poder em Pernambuco.
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Por tudo isso, não podemos aceitar uma "divisão" que nos distancia como professores e professoras, temos que nos erguer, apesar de tudo e por tudo, precisamos acreditar, não no governo de Pernambuco, mas em nós mesmos, e na nossa capacidade de superação. Devemos, também, avaliar o encaminhamento dado por nossa representação sindical a esse processo que já vinha se desenhando e que culminou com o “estrangulamento” dos prazos num ano de eleitoral. Agora, não cabe recurso?! Como chegamos a esse ponto?! Ficamos “adormecidos em berço esplêndido”, acreditando na honestidade e transparência daqueles que elegemos, pois a causa da educação é nobre e justa? A educação serve para “barganha eleitoral”, para a bandeira do “Pré-Sal”, mas verdadeiramente, serve a quem?!
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Somos muitos, temos família, amigos, alunos. Devemos manter firme a nossa corrente, e assim, fazer tudo para que políticos como os que estão no poder (que legislam e executam em causa própria) não sejam reeleitos, é uma questão de honra e dignidade!

Um comentário:

  1. Excelente texto, os novos e velhos Inimigos da eEducação estão ai, mais uma vez querendo usar da igenuidade ou boa fé de alguns para tirar proveito da situação. Foi o Sr. Jarbas que criou os Centros de Exclusão e Referências.
    Quais melhorias a categoria obeteve ao longo desses anos? São políticos farsantes, visam apenas lucros, poder e holofotes.

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