sábado, 31 de maio de 2008

Um piso de ilusões



No JC de ontem (30 de maio), uma matéria saiu da linha que caracterizou o noticiário sobre a medida do governo de estabelecer a sua "antecipação do piso salarial". A imprensa, em geral, tratou do assunto sem fazer uma apreciação mais profunda, no entanto, a jornalista Margarida Azevedo buscou - como de costume - um outro lado para abordar em seu texto. Confira abaixo a matéria publicada ontem:
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Novo Piso Salarial divide opiniões
Jornal do Commércio.
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O assunto do dia, ontem, nas escolas estaduais de Pernambuco foi a notícia da antecipação, para setembro, do Piso Nacional Salarial, no valor de R$ 950, para quem tem magistério e está em início de carreira. Mas em vez de comemorar, muitos professores reclamaram, porque, na prática, o aumento não será tão significativo em seus vencimentos, pois vai depender da faixa salarial em que cada um está inserido. Em um ponto, entretanto, houve comemoração: a garantia de que o piso sairá daqui a quatro meses, independentemente da aprovação da lei federal que o regulamenta. O projeto está emperrado na Câmara Federal e terá dificuldade em ser votado no segundo semestre porque, com as eleições municipais, há o esvaziamento das sessões em Brasília.
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"Tenho nível superior, especialização e um qüinqüênio. Ganho, por mês, R$ 833 líquido. Com o piso, passará para R$ 970. É um aumento muito pequeno, que não chega a R$ 200. Esperava que houvesse reajuste salarial independentemente do piso. Porque quando o piso fosse implantado, teríamos mais reajuste", diz a professora de história Rejane Arruda, 41 anos, da Escola Diário de Pernambuco, localizada no Engenho do Meio. "Vendo cosméticos para complementar minha renda. Em uma tarde, consigo R$ 80. Por mês, com as vendas, chego a 80% do meu salário como professora, sem me desgastar tanto. Pensei em fazer um mestrado, mas não vale a pena, pois o acréscimo no salário será de apenas 15%", observa Rejane, há 15 anos lecionando na rede estadual.
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O professor de matemática Ranieri Siqueira lembra que, dez anos atrás, em 1998, ganhava R$ 388, equivalente a, na época, três salários' mínimos. Hoje recebe R$ 638, ou seja, menos de dois salários mínimos. "A defasagem salarial é enorme. Não dá para avaliar ainda o impacto que o piso terá em nossos salários, que vão continuar muito baixos", afirma Ranieri.
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No Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), ontem, foram muitas as ligações de professores com dúvidas de como ficarão seus vencimentos. Houve muitas chamadas de docentes aposentados, querendo saber se também terão direito ao aumento. "Os aposentados vão receber o aumento, mas será cerca de 5%. O reajuste maior será para quem está no início da carreira", explica a diretora do Sintepe responsável pelos aposentados, Severina Porpino.
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MUNICÍPIOS
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Em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do Estado, os professores recebem atualmente salário maior que os docentes da rede estadual vão ganhar com o piso. "Nosso professor com magistério e 150 horas-aula tem salário de R$ 482. Com nível superior, passa para R$ 731", informa a secretária municipal de Educação, Socorro Maia. No Estado, os salários-base, com os aumentos, ficarão em R$ 445 e R$ 476, respectivamente. "Conseguimos pagar esses vencimentos porque educação é uma das prioridades do prefeito. Mas com certeza os municípios terão dificuldade em pagar o piso se não houver aporte do governo federal, mesmo com o repasse do Fundeb", diz Socorro, que também é vice-presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Um comentário:

  1. Acho muito oportuno tratar do tema piso com os pés no chão. Muitos acham que nós professores iremos tirar a barriga da miséria com a antecipação do piso e não será isso que irá ocorrer pois os ganhos foram mínimos, muitos nem sentirão alterações significativas em seus ganhos mensais como professores da rede estadual. Parabéns para a jornalista Margarida pela excelente matéria!!!

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