José Ricardo de Souza*
historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.
No dia 1º de maio de 1886 a cidade norte-americana de Chicago amanheceu praticamente vazia. Nada de pessoas transitando, nem de bondes circulando, tudo estava no mais absoluto marasmo. Aos poucos, pequenos grupos de operários começaram a se dirigir para o centro, juntando-se a outros que também chegavam, começaram a formar uma grande multidão. Ao lado dos operários, vinham também suas esposas e seus filhos, e todos numa única voz clamavam: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso, 8 horas de educação. A massa operária era bastante heterogênea, em seu meio, havia vários imigrantes, de diversos países, gente empobrecida que veio tentar a sorte nos Estados Unidos.
As condições de trabalho naquela época eram as piores possíveis. As longas e exaustivas jornadas de trabalho ultrapassavam as oito horas diárias, chegando até a dez e em casos extremos doze horas por dia. As condições de trabalho também não eram das mais adequadas. Os locais de trabalho eram sujos, sem ventilação, nem banheiros. Para pagar menos, e lucrar mais, os donos das fábricas preferiam a mão-de-obra feminina e a mão-de-obra infantil, com crianças de 7 até 15 anos sendo duramente exploradas. Diante de tudo isto, não havia outra saída senão a greve.
Na verdade, não era a primeira vez que os trabalhadores norte-americanos haviam se manifestado contra a exploração dos patrões. Em 1827, os pedreiros, vidraceiros e carpinteiros da cidade de Filadélfia fizeram a primeira greve dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, outras greves surgiram, a maioria reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A Federação Americana de Trabalho (AFL) foi fundada em 1881, e em seu programa constava que "a jornada de oito horas aumentará o número de empregos e os salários, e criará condições para dar educação aos trabalhadores". No Congresso da AFL de 1884 ficou decidido a paralisação no 1º de maio de 1886.
Os acontecimentos do primeiro de maio se sucederam desta forma. No sábado, dia 1º, os trabalhadores realizaram uma passeata pela avenida Michigan, terminando com um comício na praça Haymarket. Apesar da presença da Guarda Nacional, a passeata termina de forma ordeira e pacífica. Na segunda, dia 3, policiais atiram contra operários concentrados à frente de uma fábrica, deixando um saldo de seis mortos, cinqüenta feridos e muitos presos. Na terça, dia 4, uma grande multidão se concentra na praça Haymarket para protestar contra a morte dos seus companheiros. Alguém desconhecido lança uma bomba contra os policiais. Foi o pretexto para a polícia revidar contra a multidão. Centenas de pessoas são assassinadas, entre elas, mulheres e crianças. O fato entrou para a história como "o Massacre de Haymarket".
As sedes dos jornais operários e dos sindicatos foram incendiadas. As prisões e espancamentos passaram a ser armas da repressão policial contra os grevistas. As manifestações de rua acabaram sendo terminantemente proibidas. Os líderes operários do movimento foram presos e responsabilizados pelas mortes dos trabalhadores ocorridas durante os protestos. Seus nomes merecem ser citados: August Spies, San Fielden, Oscar Neeb, Adolf Fischer, Michel Schwab, Louis Ling e George Engel. Em junho, começam os julgamentos, e então Albert Parsons, outro líder dos trabalhadores, se apresenta espontaneamente ao juiz para ser julgado com os outros companheiros. As testemunhas, obviamente ligadas aos patrões, usando da mentira, forjaram provas contra os acusados. O resultado não poderia ter sido outro senão a condenação dos principais líderes do movimento grevista. No dia 9 de outubro, o juiz pronuncia a sentença que condenava à morte, por enforcamento, Parsons, Spies, Lingg, Engel e Fischer; Fielden e Schwab foram condenados á prisão perpétua, e Neeb, a quinze anos de cadeia, o qual protestou, pedindo para ser também enforcado com os demais.
No dia 11 de novembro de 1886, por volta do meio-dia, Parsons, Spies, Engel e Fischer são executados na forca construída dentro da própria prisão para eles. Lingg, já não estava entre eles, havia se suicidado antes. A morte, ou melhor, assassinato dos líderes do primeiro de maio, provocou manifestações de trabalhadores em todo o país, inclusive em Chicago, quando aproximadamente 6000 pessoas carregaram os corpos de seus mártires pelas ruas. Após vários protestos e manifestações de repúdio, o governador de Illiois, Estado no qual se situa Chicago, resolveu anular a sentença que condenava os líderes operários. O feitiço virou contra o feiticeiro. Os juízes, os jurados e as testemunhas falsas foram acusados de infâmia pelo governador. Infelizmente, a vida dos nossos heróis, estes sim, heróis de verdade, do primeiro de maio, já havia sido tirada pelo poder opressor.
Assim nascia o primeiro de maio, dia internacional do trabalho, dia de luta. Não um dia para se comemorar, mas para manter viva a memória dos mártires de Chicago, pois graças a eles hoje podemos gozar de direitos nunca antes previstos.
As condições de trabalho naquela época eram as piores possíveis. As longas e exaustivas jornadas de trabalho ultrapassavam as oito horas diárias, chegando até a dez e em casos extremos doze horas por dia. As condições de trabalho também não eram das mais adequadas. Os locais de trabalho eram sujos, sem ventilação, nem banheiros. Para pagar menos, e lucrar mais, os donos das fábricas preferiam a mão-de-obra feminina e a mão-de-obra infantil, com crianças de 7 até 15 anos sendo duramente exploradas. Diante de tudo isto, não havia outra saída senão a greve.
Na verdade, não era a primeira vez que os trabalhadores norte-americanos haviam se manifestado contra a exploração dos patrões. Em 1827, os pedreiros, vidraceiros e carpinteiros da cidade de Filadélfia fizeram a primeira greve dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, outras greves surgiram, a maioria reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A Federação Americana de Trabalho (AFL) foi fundada em 1881, e em seu programa constava que "a jornada de oito horas aumentará o número de empregos e os salários, e criará condições para dar educação aos trabalhadores". No Congresso da AFL de 1884 ficou decidido a paralisação no 1º de maio de 1886.
Os acontecimentos do primeiro de maio se sucederam desta forma. No sábado, dia 1º, os trabalhadores realizaram uma passeata pela avenida Michigan, terminando com um comício na praça Haymarket. Apesar da presença da Guarda Nacional, a passeata termina de forma ordeira e pacífica. Na segunda, dia 3, policiais atiram contra operários concentrados à frente de uma fábrica, deixando um saldo de seis mortos, cinqüenta feridos e muitos presos. Na terça, dia 4, uma grande multidão se concentra na praça Haymarket para protestar contra a morte dos seus companheiros. Alguém desconhecido lança uma bomba contra os policiais. Foi o pretexto para a polícia revidar contra a multidão. Centenas de pessoas são assassinadas, entre elas, mulheres e crianças. O fato entrou para a história como "o Massacre de Haymarket".
As sedes dos jornais operários e dos sindicatos foram incendiadas. As prisões e espancamentos passaram a ser armas da repressão policial contra os grevistas. As manifestações de rua acabaram sendo terminantemente proibidas. Os líderes operários do movimento foram presos e responsabilizados pelas mortes dos trabalhadores ocorridas durante os protestos. Seus nomes merecem ser citados: August Spies, San Fielden, Oscar Neeb, Adolf Fischer, Michel Schwab, Louis Ling e George Engel. Em junho, começam os julgamentos, e então Albert Parsons, outro líder dos trabalhadores, se apresenta espontaneamente ao juiz para ser julgado com os outros companheiros. As testemunhas, obviamente ligadas aos patrões, usando da mentira, forjaram provas contra os acusados. O resultado não poderia ter sido outro senão a condenação dos principais líderes do movimento grevista. No dia 9 de outubro, o juiz pronuncia a sentença que condenava à morte, por enforcamento, Parsons, Spies, Lingg, Engel e Fischer; Fielden e Schwab foram condenados á prisão perpétua, e Neeb, a quinze anos de cadeia, o qual protestou, pedindo para ser também enforcado com os demais.
No dia 11 de novembro de 1886, por volta do meio-dia, Parsons, Spies, Engel e Fischer são executados na forca construída dentro da própria prisão para eles. Lingg, já não estava entre eles, havia se suicidado antes. A morte, ou melhor, assassinato dos líderes do primeiro de maio, provocou manifestações de trabalhadores em todo o país, inclusive em Chicago, quando aproximadamente 6000 pessoas carregaram os corpos de seus mártires pelas ruas. Após vários protestos e manifestações de repúdio, o governador de Illiois, Estado no qual se situa Chicago, resolveu anular a sentença que condenava os líderes operários. O feitiço virou contra o feiticeiro. Os juízes, os jurados e as testemunhas falsas foram acusados de infâmia pelo governador. Infelizmente, a vida dos nossos heróis, estes sim, heróis de verdade, do primeiro de maio, já havia sido tirada pelo poder opressor.
Assim nascia o primeiro de maio, dia internacional do trabalho, dia de luta. Não um dia para se comemorar, mas para manter viva a memória dos mártires de Chicago, pois graças a eles hoje podemos gozar de direitos nunca antes previstos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário