terça-feira, 11 de setembro de 2007

(DES)EDUCAÇÃO PÚBLICA

Durante o seminário ocorrido nesta terça-feira sobre as polêmicas telessalas, uma coisa ficou ainda mais clara: a Secretaria de Educação está ainda carente de uma política educacional séria e concreta!

Várias críticas absolutamente pertinentes foram feitas por diversos professores presentes e a representação da Secretaria não esclareceu os pontos que foram levantados, indicando que o programa Travessia será implantado de qualquer maneira, mesmo que a própria estrutura para seu funcionamento não tenha sido sequer montada. Se o projeto já era questionável, o debate de hoje evidenciou de forma mais clara que sua implantação sem a devida discussão prévia com a categoria será um prenúncio de fracasso anunciado. A teimosia contida na implementação das telessalas para maquiar os indicadores numéricos do quadro geral da educação em Pernambuco denuncia que o abuso autoritário de nossa gestão pública é a tônica do atual governo.

Antes de pensar na possibilidade de construir com a categoria uma alternativa de combater o grave problema da correção de fluxo, o governo optou pela "comodidade" de "comprar" um programa educacional pré-fabricado sob a batuta da Fundação Roberto Marinho. Utilizando uma verba milionária que seria mais bem empregada se investida em mecanismos mais eficientes, como em um programa de ensino baseado no supletivo modulado com vários professores atuantes em seus campos de formação, o governo adotou exatamente um modelo através do qual o educador não educa e o estudante não progride de maneira consolidada. Esta opção serve de presságio nebuloso para o decorrer da atuação do governo no setor educacional.

A falaciosa argumentação que afirma que corrigindo a defasagem idade-série do aluno por meio de "aceleramento" com o método das telessalas servirá de instrumento para "capacitar" a mão-de-obra pernambucana para os investimentos que o estado recebe é inconsistente. Esta idéia esconde a falta de um plano estrategicamente pensado neste sentido, pois este trabalhador que teve sua educação estruturada através das telessalas estará aquém das necessidades do exigente mundo do trabalho que está consolidado em nossa "era da informação e do conhecimento".

As telessalas funcionarão com apenas dois professores - um atuando com as disciplinas do campo das ciências humanas e linguagem, outro com as ciências exatas e biologia - e até a posição destes profissionais será subvertida, pois trabalharão com disciplinas que não dominam plenamente (pois não tiveram formação específica) e servirão de "monitores" intermediando o conteúdo dos vídeos produzidos pela Fundação Roberto Marinho. Através deste programa, assistindo vídeos com a parca interação de professores "generalistas" não especializados na maioria dos conteúdos, os alunos terão concluído o ensino médio em apenas 15 meses.

Por que soluções simplistas sempre são empregadas quando aplicadas na educação pública?

Um comentário:

  1. Os "monitores" não precisarão desembolsar conhecimento algum,uma
    vez que não há interação (professor/aluno)
    além disso o aluno, como foi dito nas capacitações,já chega-nos com 60% de aprendizagem o restante... ficará a encargo da TV,DVDs,rádio,livros etc.
    São esses alunos que estarão "qualificados" para o mercado de trabalho. Essa é formula para corrigir distorções série-idade.

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