quinta-feira, 4 de março de 2010

Ensino Integral de qualidade duvidosa

O quadro abaixo representa o saldo das escolas integrais da rede estadual num levantamento obtido através dos resultados do vestibular seriado da UPE (clique na imagem para ver ampliado). A lista não inclui escolas semi-integrais que iniciaram no programa em 2009 nem aquelas que iniciaram em 2010 (estas últimas por ainda não terem sido avaliadas como tal e as primeiras porque só possuíam turmas de 1º ano nesta categoria de ensino - embora tenhamos levantado que seus resultados não significaram nenhum avanço prático no exame). Quem perceber direito, verificará que as escolas integrais não apresentaram resultados consideravelmente bons no vestibular, ou seja, elas não expressam, na prática, nenhum grande diferencial em matéria de avaliação externa - como é o caso do seriado da UPE.
.
Enquanto a média geral das escolas da rede estadual é de precários 32,86 pontos nas provas da 1ª fase (turmas de 1º ano), as escolas integrais ficaram com apenas 35,36 de média, ou seja, meros 2,5 pontos acima da média de todas escolas estaduais no exame (considerando ainda o fato de que várias escolas regulares obtiveram médias superiores ao que conseguiram outras tantas escolas integrais).
.
Na 2ª fase (turmas de 2º ano) situação foi ainda pior. As escolas integrais obtiveram, em média, apenas 34,29 pontos, enquanto a média geral das escolas estaduais foi de 32,68. A vantagem sobre a média é de insignificante 1,61 ponto.
.
Em casos raros, poucas escolas integrais atingiram a média geral entre todas as redes de ensino, que foi de 38,85 na 1ª fase e de 39,38 na 2ª fase.
.
Mais informações podem ser conferidas através das listagens dos resultados das escolas. Clique aqui e aqui para conferir.
.

(Clique na imagem acima para ampliar)

4 comentários:

  1. Pelo placar elasticíssimo de 392 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções, a Câmara Federal aprovou na noite de ontem (terça-feira) a chamada PEC 300/2007, que equipara o salário dos policiais civis, militares e bombeiros dos 27 estados ao que é percebido pelos profissionais de Brasília.

    Que os militares ganham pouco para relevância do serviço que prestam à sociedade, não se discute. Mas a forma de melhorar o salário deles talvez esteja equivocada.

    A PEC cria um piso nacional salarial para os policiais no valor de R$ 3.500,00 e diz que se os estados não puderem pagar a despesa ela será bancada por um Fundo próprio de responsabilidade da União.

    Este Fundo terá que ser criado, por lei, e a PEC ainda tem que passar pelo Senado para começar a ter validade. Mas é bom não esquecer de algumas coisas:


    1) Brasília não pode servir de parâmetro para os Estados porque quem paga o salário dos policiais brasilienses não é o governo do Distrito Federal e sim a União.

    2) A grande maioria dos Estados não tem como bancar um piso de R$ 3.500,00 para os policiais porque de imediato essa despesa os levaria a afrontar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

    ResponderExcluir
  2. Os senhores estão agindo de má fé ao tentar desacreditar um programa que visa melhorar a qualidade de nossa educação. Os senhores não conhecem o programa e não sabem como ele funciona ou será que andam com inveja por que não fazem parte?

    ResponderExcluir
  3. Os próprios números desacreditam o programa, prezado Anônimo.

    Sou favorável ao projeto de ampliar a presença do estudante na escola, mas acho que há muitos ajustes a serem feitos no programa de escola integral do governo. A maneira como ele vem sendo implantado não é indício concreto de que será mesmo uma referência em qualidade.

    Não usarei de má fé, pois acho que as escolas integrais precisam ser concretizadas porque a concepção em si de escolas deste tipo é um avanço. Mas não dá para deixar de avaliar criticamente o processo que vemos aqui.

    Para início de conversa, ao ser instituído numa escola, estabelece uma segregação entre o alunado. Creio que um governo socialista deveria combater - e não promover - as diferenças entre status num ambiente como a escola. Que ensinamento este gesto passa para os educandos?

    O que há não é necessariamente uma melhor qualificação do trabalho didático e sim uma ampliação de tempo na escola, afinal, quantas delas possuem laboratórios ou executam projetos aprofundados e eficientes para aproveitar melhor o prolongamento do horário?

    Os professores recebem adicionais que, muitas vezes nem se justificam, afinal, ministram as mesmas quantidades de aulas que ministrariam com 200 horas regulares, isto é, não dá para realizar um trabalho verdadeiramente diferenciado na maioria dos casos, pois estão na sala de aula o tempo inteiro, fazendo as coisas de sempre.

    Nem vale aqui ressaltar a falta de professores ou a intensa improvisação, pois há muitos dando aulas de disciplinas para as quais não foram habilitados e sequer capacitados. Isso é de conhecimento público, certo?

    Também não vamos discutir aqui a subjetiva noção de que os professores dos centros são os mais "qualificados". Pois conheço profissionais brilhantes que não fazem parte do programa e que até foram "reprovados" nas "muy transparentes" seleções de professores.

    A decisiva qualificação de nossa educação não depende de projetos, e sim de uma política educacional ampla e objetiva. Os resultados dos projetos estão sendo basicamente quantitativos, pois a qualidade ainda é uma dúvida.

    Neste sentido, por exemplo, será que o Travessia tem feito outra coisa além de assegurar certificados de conclusão? Onde estão os dados sobre o desempenho de seus alunos em vestibulares ou mesmo no ENEM?

    ResponderExcluir