O projeto “Travessia” e suas telessalas custarão caro. A Secretaria de Educação apontou os custos desta nova aventura indicando o montante de R$ 15 milhões, dos quais R$ 7 milhões serão “investidos” em “capacitação” (termo abominável que sugere que os “capacitandos” são profissionais incapazes que necessitam passar pela dita “capacitação” para o exercício de suas próprias funções de educar, embora, neste caso, suas funções sejam completamente desvirtuadas).
Estes valores são impressionantes. Os professores estiveram recentemente em greve reivindicando um reajuste salarial para atenuar a precariedade de seus vencimentos – valendo reiterar que o professor pernambucano recebe O PIOR SALÁRIO DO BRASIL. Receberam irrisórios 5% de correção sob a alegação – sempre a mesma – de que o governo não dispõe de meios para oferecer um aumento decente.
Passada a balbúrdia, retornamos às salas de aula e recebemos esta novidade: sem dispor de recursos para pagar salários para professores, o governo dispõe de um orçamento nababesco para investir em um projeto ilusório e empregará uma fortuna só para custear sua fantasiosa capacitação.
Um professor leva, pelo menos, quatro anos e meio em uma graduação para ser certificado com a licenciatura para o magistério em uma disciplina específica através de um sacrificado investimento de esforço, estudos e também de dinheiro, para então exercer seus desígnios nas salas de aula. A Secretaria de Educação decide implantar um programa educacional estruturado nas telessalas que prescindem das atribuições de professores, que são rebaixados à condição de “mediadores” entre os DVDs e as telas das TVs que reproduzirão programação produzida pela Fundação Roberto Marinho. Estes “mediadores” passarão pelas tais “capacitações” que custarão R$ 7 milhões e ocorrerão em hotéis.
Estes adestramentos serão rápidos e presumivelmente habilitarão professores especializados que passarão a ser generalistas, cumprindo um propósito absurdo através do qual o “mediador” estará “apto” a lidar com várias disciplinas de uma vez. Cada turma das telessalas contará com apenas dois “mediadores”, um atuando nas áreas lingüísticas e nas ciências humanas e outro nas ciências exatas e biológicas. Na prática, por exemplo,professores de história estarão “ensinando” português e professores de biologia “ensinarão” matemática. Suas habilitações e competências específicas nas ciências nas quais se formaram valerão muito pouco com esta grotesca pulverização pedagógica.
Se a moda pega, esta generalidade técnica poderia ser experimentada em outras áreas. Dentistas poderiam passar por “capacitações” para adquirir autorização para executar cirurgias cárdicas e engenheiros civis poderão também passar por uma “capacitação” que lhes habilitarão a atuar como magistrados nas varas judiciais.
Todo e qualquer improviso é válido na educação? Nossos digníssimos governantes acham que sim!
Infelizmente, não é requerida nenhuma “capacitação” para que alguém possa assumir o comando de uma Secretaria de Educação e mesmo que algum gestor desta secretaria não faça a menor idéia do que é educar, nada o impedirá de decidir como os professores deverão atuar.
Estes valores são impressionantes. Os professores estiveram recentemente em greve reivindicando um reajuste salarial para atenuar a precariedade de seus vencimentos – valendo reiterar que o professor pernambucano recebe O PIOR SALÁRIO DO BRASIL. Receberam irrisórios 5% de correção sob a alegação – sempre a mesma – de que o governo não dispõe de meios para oferecer um aumento decente.
Passada a balbúrdia, retornamos às salas de aula e recebemos esta novidade: sem dispor de recursos para pagar salários para professores, o governo dispõe de um orçamento nababesco para investir em um projeto ilusório e empregará uma fortuna só para custear sua fantasiosa capacitação.
Um professor leva, pelo menos, quatro anos e meio em uma graduação para ser certificado com a licenciatura para o magistério em uma disciplina específica através de um sacrificado investimento de esforço, estudos e também de dinheiro, para então exercer seus desígnios nas salas de aula. A Secretaria de Educação decide implantar um programa educacional estruturado nas telessalas que prescindem das atribuições de professores, que são rebaixados à condição de “mediadores” entre os DVDs e as telas das TVs que reproduzirão programação produzida pela Fundação Roberto Marinho. Estes “mediadores” passarão pelas tais “capacitações” que custarão R$ 7 milhões e ocorrerão em hotéis.
Estes adestramentos serão rápidos e presumivelmente habilitarão professores especializados que passarão a ser generalistas, cumprindo um propósito absurdo através do qual o “mediador” estará “apto” a lidar com várias disciplinas de uma vez. Cada turma das telessalas contará com apenas dois “mediadores”, um atuando nas áreas lingüísticas e nas ciências humanas e outro nas ciências exatas e biológicas. Na prática, por exemplo,professores de história estarão “ensinando” português e professores de biologia “ensinarão” matemática. Suas habilitações e competências específicas nas ciências nas quais se formaram valerão muito pouco com esta grotesca pulverização pedagógica.
Se a moda pega, esta generalidade técnica poderia ser experimentada em outras áreas. Dentistas poderiam passar por “capacitações” para adquirir autorização para executar cirurgias cárdicas e engenheiros civis poderão também passar por uma “capacitação” que lhes habilitarão a atuar como magistrados nas varas judiciais.
Todo e qualquer improviso é válido na educação? Nossos digníssimos governantes acham que sim!
Infelizmente, não é requerida nenhuma “capacitação” para que alguém possa assumir o comando de uma Secretaria de Educação e mesmo que algum gestor desta secretaria não faça a menor idéia do que é educar, nada o impedirá de decidir como os professores deverão atuar.
Este texto mostra a real "incapacidade" de nossas autoridades no quesito educação.Como admitir que nossos impostos sejam gastos em projetos ineficazes como este? Se os professores precisam ser capacitados o que dizer do secretário de educação que não conhece sequer a realidade da secretaria que administra? Em nossas escolas lecionam graduados, especialistas, mestres e até doutores.Além de mal pagos, ter ainda que tolerar esse disparate, é demais.
ResponderExcluirSegundo a Sec.de Educação e a Fundação Roberto Marinho,mais de 70% dos jovens terão concluído o ensino médio até o final do programa (2009)não é novidade para ninguem que o interesse único desses "projetos educacionais" é apresentar dados estátísticos positivos.A conclusão necessariamente não implicará em aprendizagem, são jovens que apenas passaraõ pela escola engrossando as estátisticas e garantindo os "lucros" do projeto.
ResponderExcluirNão é à toa a parceria com a Rede Globo.É a globalização engolindo a educação.
Ninguém é obrigado a tolerar esse disparate (nem muito menos a imposta reposição fajuta), muito menos a participar dele, mas temos colegas que se prestam a esse papel (alguém sabe por quê? Eu sei...), e os mesmos ainda se dizem professores. É por essas e outras que nossa profissão não tem valor algum perante a sociedade.
ResponderExcluirPossíveis efeitos imediatos da implantação das telessalas podem ser sentidos na lotação dos professores nas escolas onde lecionam.
ResponderExcluirAs turmas do projeto "Travessia" só precisarão de 2 professores e isto significa que haverá uma diminuição dos quadros docentes nas unidades de ensino. Professores precisarão sair migrando de escola em escola em busca de carga-horária pois acabarão "sobrando" em suas escolas de origem.
Quem participar do tele-engodo conseguirá assegurar sua carga-horária de maneira confortável. Quem estiver trabalhando em regime regular, terá certa instabilidade e incerteza quanto a sua situação.