sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Show de baixarias


"Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-las". Esta bela frase é atribuída ao iluminista Voltaire, defensor da liberdade de pensamento e da tolerância. A mesma também foi citada por um dos integrantes da direção do Sintepe em assembléia realizada no Teatro do Parque no período da greve dos educadores. No entanto, respeito à liberdade de expressão não parece ser a prática dessa direção sindical. Isto ficou bastante visível na última assembléia, realizada na quadra do IEP, em Recife, no último dia 21 deste mês de agosto às 14h. No momento de lidar com as divergências ideológicas, perderam o controle (e até a compostura). O que se viu foi um festival de grosserias repassadas através de discursos rancorosos e vulgares. Houve até quem dissesse que os professores (que pensam diferente da direção do Sintepe) vão para suas escolas fazer sacanagem. Como admitir que um grupo que representa os educadores de toda rede estadual de Pernambuco possa descer o nível a este ponto? Não é por acaso que se tem a pior educação do país.

Enquanto alguns educadores procuravam discutir assuntos de interesse de toda categoria, tais como: a implantação das tele-salas, do piso nacional, dentre outros, a direção do Sintepe focou suas atenções no grupo de oposição, chamando seus integrantes de mentirosos, desrespeitando-os e/ou ironizando suas titulações, perdidos em um discurso de claro desespero. A incoerência foi tanta, que no momento em que se fez referência à impraticabilidade do horário da reposição da greve, eles disseram que a assembléia não era o lugar de se fazer esta avaliação. Se nas assembléias não se pode discutir acerca da realidade das escolas, onde se fará isso então? Para que servem as assembléias? Aliás, esta é uma boa pergunta. Afinal de contas, a pauta da referida assembléia era a mobilização pelo piso nacional para a categoria, porém, qualquer pessoa que lá esteve poderia jurar que o principal ponto a avaliar era o grupo de oposição.

Por falar em piso nacional, como justificar o fato de que o maior sindicato do Estado de Pernambuco disponibilizou apenas um ônibus par ir à Brasília? É bom lembrar que juntando os representantes das regionais e parte da direção do Sintepe não restaram vagas para mais ninguém.

Quanto às assembléias, é lá onde se discutem os problemas da categoria sim. A assembléia é soberana. Mas até isso a direção do Sintepe desrespeita. A doação de sangue ao Hemope foi aprovada em assembléia e jamais encampada pelo sindicato. E foi justamente sobre isto que a vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade, teve o desplante de se referir como "falta de criatividade" pois, segundo ela, o Hemope não necessita de doações. Se a base não é criativa onde está a criatividade do Sintepe? Que tal começar pelos integrantes que há anos não pisam numa sala de aula, desconhecendo, na prática, os problemas que a categoria enfrenta? Visitem os "companheiros", vejam as realidades das escolas, saiam dos gabinetes políticos e venham discutir os problemas da educação com quem os conhece de fato. Aprendam a dialogar e, principalmente, aprendam a divergir no campo das idéias. Isto se chama democracia. Pensar diferente não é crime. "Toda unanimidade é burra" já dizia o grande Nelson Rodrigues. Se há pessoas que pensam diferente da direção do Sintepe, é porque são suficientemente inteligentes para perceber que a referida direção não as representa de fato, embora o faça por direito. Essa direção precisa aprender a se comportar como verdadeiros representantes de uma categoria que, embora sofrida, não é burra, merecendo, portanto, o devido respeito. Discursos terroristas, manipulações, ofensas pessoais e todo tipo de baixarias são velhas práticas da politicalha que enlameia este país. Já está na hora da direção do Sintepe sair em defesa da categoria que a elegeu e mostrar serviço, em vez de tentar manipulá-la através das ideologias burguesas presentes em seus discursos demagógicos.

5 comentários:

  1. Participei da assembleia Assepe/Sassepe realizada em 23/08 (Sindicato dos Bancários),o assunto em pauta era a manunteção da Casa de Apoio(por sinal enfatizado em excesso)e a forma de gestão do HSE.O governo quer privatizar o hospital ou jogá-lo para o SUS.Propomos assegurar o sistema que já temos mas,parece-me que esse não é o mesmo desejo do "nosso"Sindicato. Em Assembleia da categoria realizada dia 21/08,a direção do sindicato mostrou-se mais empenhada em combater às idéias dos companheiros da Oposição ,que abrir discussão sobre um tema tão polêmico e preocupante como este.Dia 25/09 haverá outra assembleia (Sintepe 9h.)e em outubro,segundo o Sindicato o Ministério Público exige um posicionamento sobre a questão. Precisamos nos mobilizar e cobrar empenho do sindicato em busca de uma solução que atenda aos anseios da categoria.Apontaram-nos apenas duas vias e estas ,rejeitaremos sem dúvida.

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  2. Parabéns! Excelente texto. Descreve como de fato foi nossa última assembléia, com a direção do Sintepe DEMONIZANDO as nossas iniciativas.

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  3. Esta descrição da assembléia é brilhante, mas a fidelidade da análise causa nojo de nossa direção sindical. Infelizmente, a verdade que ronda o contexto de nossa atividade sindical é deprimente.

    O lado ruim das boas análises como esta apresentada neste texto é que leituras realísticas assim acabam nos causando um incrível mau-estar, afinal, certas verdades são golpes em nossas expectativas.

    Parabéns pelo texto, mas o que ele descreve é pura infelicidade.

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  4. Amigos Professores(as),

    Estive na última assembléia, realizada na Quadra do IEP,dia 21/08/2007, terça-feira. Lamentavelmente, o que presenciei foi um ataque de alguns membros ligados ao Sintepe em relação a colegas que têm posicionamentos discordantes da linha empregada pela direção atual e passada do Sintepe, foi por demais constrangedor e, ao mesmo tempo, ato de pura pirotecnia circense. Na minha opinião, a direção do Sintepe e seus seguidores devem ter mais serenidade e respeito, principalmente, em relação ao direito dos professores em fazer críticas e sugestões, estas inclusive, se não forem feitas pelos membros da Direção do Sintepe são de forma sistemática repudiadas, mesmo que tais sugestões sejam as mais producentes e isso, amigos, não faz o menor sentido em uma democracia. Amigos, não vamos participar de PURA ADESÃO, ou mesmo, sermos controlados como fiéis seguidores de um discurso que já se exauriu por completo, pois a direção do Sintepe tenta transparecer que só eles são qualificados, os detentores do pensamento de esquerda, mas o que eles usam mesmo são métodos arcaicos da direita, pois aquela situação do Presidente do Sintepe pedir, na última Assembléia da Greve, de 2007, o nome das escolas em que os professores estavam lecionando e discursavam, quase sempre, em favor de mais atenção aos verdadeiros interesses da classe, foi HORRÍVEL,TRISTE, AUTORITÁRIO........ Particularmente, penso na união da classe dos professores, mas perceber que um colega por ser diretor(gestor)não pode, segundo a direção do Sintepe, fazer críticas ou sugestões, pensar diferente do atual comportamento adotado pelo membros da direção do Sindicato FOI DECISIVO, onde está a Democracia?a tentativa foi desqualificar a pessoa de forma desrespeitosa, diria até de forma grotesca, (tem nada não, amigo, estaremos firmes e determinados) e também banalizar o verdadeiro discurso do ponto e contra ponto, das aulas de reposição, das tele-salas,das unidades executoras (não se fala mais em conselhos escolares), municipalização do ensino,salários dignos,número excessivo de alunos por sala etc.o negócio deles é fugir, fala com a CNTE e por aí vai. Inclusive, este site (blogg)foi citado pela Vice-Presidente do sindicato com um certo ar de desprezo, o velho discurso da desqualificação de quem não tem nada a propor. O que avalio de tudo isso é um descontrole, medo talvez de tais membros da ATUAL GESTÃO DO SINTEPE em voltar a fazer o que todos nós fazemos: ENSINAR DE VERDADE NAS SALAS DE AULA !!!

    Carlos José

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  5. "ENSINAR DE VERDADE NAS SALAS DE AULA !!!"

    Ou fingir que ensinam.

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