Seria razoável imaginar que a composição de uma equipe de governo levasse em conta algum preparo técnico de seus membros, contudo, consagramos uma prática administrativa que blasfema contra os princípios que deveriam ser regra na administração pública. Os acordos políticos entre os grupos que loteiam as estruturas institucionais do Estado acabam impondo um terrível entrave ao bom funcionamento das instâncias administrativas dos governos. Apadrinhados, agregados, compadres políticos e aliados oportunistas sem a menor habilitação acabam tomando conta da organização das instâncias governamentais e da gestão das atividades e serviços públicos. Isso, entre nós, é regra.
Além da distribuição sem critério técnico das funções e cargos nos governos vemos com freqüência pessoas absolutamente descompromissadas com as legítimas causas próprias dos setores sobre os quais ascenderam ao comando na condição de agentes decisórios. Somos atualmente vítimas disso.
O secretário de educação, Danilo Cabral, não tem habilidade em relação ao segmento que está dirigindo atualmente. O secretário, é necessário reconhecer, é experimentado tecnocrata do serviço público e possui requintado treinamento burocrático, porém não conhece como se faz e se conduz o setor educacional! Ele não sabe o que é lidar diretamente no “front” escolar, não reconhece, portanto, o espírito que conduz e caracteriza a atividade pedagógica. Ele não tem a mínima sensibilidade para perceber a dimensão e o papel social da educação e dos educadores.
O secretário chegou a reconhecer sua falta de habilidade. Em seu discurso de posse, declarou: “Chegamos a esta Casa impregnados de humildade e cientes de que, apesar da experiência profissional, administrativa e política acumuladas até hoje e que nos ajudarão na superação dos obstáculos, temos muito a aprender”. Certamente, o secretário tem muito o que aprender. E somos professores, logo, ele deve entender que tem muito a aprender conosco!
Primeiramente, o secretário precisa aprender a dialogar democraticamente. Neste sentido, sua postura de aluno demonstra que uma importante lição não foi devidamente aprendia. Ao ameaçar e retaliar trabalhadores massacrados com o recebimento do pior salário do país e que diariamente atuam em condições precárias, o secretário acaba demonstrando que não sabe ser justo, pois descarrega sobre o elo mais frágil da corrente do caos da estrutura da educação pública um poder arbitrário desmedido. A mesma tenacidade do secretário deveria ser demonstrada no direcionamento de práticas voltadas para o combate à raiz dos problemas da educação em Pernambuco e, neste parâmetro, o movimento dos professores desvalorizados pelo poder público é apenas uma conseqüência. O secretário tem conhecimento das causas que motivaram a greve e ao adotar uma postura autoritária de enfrentamento aos trabalhadores em greve, ele atesta categoricamente seu grau de alienação em relação ao estado de penúria da categoria. Massacrar trabalhadores que recebem vencimento que os colocam na indigência do serviço público é, antes de mais nada, um gesto de covardia! Ele pisoteia quem já está rastejando!
O secretário também demonstra sua incompreensão sobre o universo da educação pública quando insinua que os trabalhadores em greve não são compromissados com a causa educacional. Maliciosamente, o tecnocrata frio e estranho ao meio educacional, busca colocar a sociedade contra os professores e ofende de maneira perversa uma categoria que amarga a precariedade enquanto trabalha para oferecer uma educação digna para uma sociedade marginalizada pelo Estado. Nesta linha acusatória, o secretário afronta várias histórias individuais de educadores em greve que acumularam dramas, gostos e desgostos em sua inglória batalha cotidiana, ele desmerece experiências de vidas dedicadas ao ofício de educar, ele ofende a história coletiva de uma categoria que paga hoje um preço injusto por uma abnegação em nome do futuro de Pernambuco, educando cidadãos. O secretário nunca passou pela experiência despertar cidadãos, de alimentar sonhos de estudantes ávidos pelo amparo na promessa de que a educação é um caminho para o futuro. Certas visões da administração pública negam as promessas da educação, pois as corroem por meio de práticas e discursos levianos como estes propagados pelo senhor secretário da educação. Nossa greve não está prejudicando a educação dos jovens pernambucanos e o secretário não tem legitimidade para nos dirigir este ataque, afinal, ele nega-se desrespeitosamente a reconhecer nosso compromisso. Ele simplesmente não sabe qual é a vivência de um educador e não pode nos atacar desta maneira!
Relembrando ao secretário suas próprias palavras, em seu já referido discurso de posse foi afirmado que “é consenso entre todos que analisam os povos e seus respectivos estágios de desenvolvimento que nação alguma conseguiu superar o subdesenvolvimento econômico sem que fosse priorizada fortemente a educação”. Queremos experimentar esta priorização, mas nenhum sinal dela nos foi apresentado!
Por fim – e por ironia – outra passagem do discurso do senhor Danilo Cabral merece destaque: “Temos clara a compreensão do papel imprescindível do servidor como elo entre a sociedade e o Poder Público. Falamos aqui também na condição de quem também fez do serviço público uma opção de vida. Se defendemos um Estado forte em contraposição ao modelo neoliberal que sucateou o serviço público brasileiro, não poderíamos deixar de defender a valorização do servidor. Queremos e vamos construir a quatro mãos, administração e servidor, de forma democrática e transparente, dentro das limitações que sabemos existir, uma política de recursos humanos que aborde todos os seus aspectos e que tenha como resultante a prestação de serviço público de educação de qualidade”. A postura do secretário diante de nossa jornada de reivindicações nega suas afirmações, demonstrando a diferença entre a voz que discursa palavras vãs e os gestos de quem cumpre um receituário que fingia combater.
Ao estabelecer o endurecimento de uma já endurecida relação, o secretário prenunciou algo que já ronda nos temores de muitos pernambucanos: os indicativos apresentados sugerem que padeceremos sob mais uma gestão estadual marcada por mentiras, falácias, massacres e desrespeito. As maléficas sucessões de gestões trágicas causaram os danos que vemos na educação e nos indicadores sociais pernambucanos. Nenhum sinal de luz neste túnel sem fim!
Por conta de divergências entre prática e ação desta magnitude, os netos dos netos dos nossos netos continuarão acreditando cegamente que o Brasil será o pais do futuro!
Por conta de divergências entre prática e ação desta magnitude, os netos dos netos dos nossos netos continuarão acreditando cegamente que o Brasil será o pais do futuro!
Esse Danilo é pior do que Éfrem Maranhão. A melhor solução para tecnocratas arbitrários e presunçosos é a de bateira.
ResponderExcluirbateria
ResponderExcluir