Enquanto milhões de reais são empregados numa enganação pedagógica que pretende livrar-se dos estudantes que estão além do enquadramento etário ideal das séries no ensino médio, questões fundamentais deixam de ser solucionadas. Além de ignorar medidas que busquem afetar as causas das distorções idade-série em sua origem, as políticas e prioridades da educação pública em Pernambuco continuam marcadas por estratégias equivocadas que resultam no desperdício de verbas em projetos inoperantes que não resolvem problemas que seguem atormentando o futuro dos estudantes.
A informatização das escolas é um exemplo disso. Qualquer suposto “mago” da educação lotado em algum dos mais comentados centros de estudos educacionais sabe e afirma que o conhecimento é a “base para o capital humano” e a ”chave para o desenvolvimento” (e os bordões usados são mais ou menos esses). Qualquer cidadão também pode afirmar que a “empregabilidade” (termo herdado da tecnocracia do governo FHC) está associada a um constante aperfeiçoamento dos saberes e habilidades dos indivíduos perante os desafios cotidianos. Tanto os estudiosos quanto o sensato senso comum concordam, portanto, que o conhecimento é necessário e, afinal, o que mais ouvimos é que vivemos na “Era Tecnológica” e na “Era da Informação”. Mas, qual a contribuição de nossa escola pública na ambientação dos estudantes neste panorama?
Fala-se muito em inclusão digital, mas nossas escolas não são inclusivas por claras razões práticas. Algumas unidades de ensino dispõem geralmente de uma sala de aula adaptada como laboratório de informática. Nestes laboratórios, uma dezena de computadores deve atender a cerca de um milhar de alunos. De imediato, ocorre-nos a inevitável constatação da insuficiência da proporção aluno-PC. Isso implica numa óbvia precariedade no uso da informática, pois a insuficiência de equipamentos resulta na incapacidade de atender ao público-alvo de forma eficiente. Esta evidência não é explicitada quando as propagandas dos governos mostram uma criança diante de um PC numa escola pública. Governantes e secretários adoram fazer pose em inaugurações de laboratórios de informática, mas jamais demonstram os dados práticos da aplicação da tecnologia no cotidiano escolar e também não garantem a devida funcionalidade dos laboratórios que inauguram tão festivamente.
Em geral, os laboratórios não contam com professores especificamente habilitados para o ensino da informática. Mesmo os professores que atuam de maneira improvisada nos laboratórios não conseguem atender à demanda das escolas, pois suas cargas-horárias são restritas. Oferecer um curso completo para habilitar os alunos quanto ao uso básico da informática que seja suficiente para prepará-los para o mercado de trabalho, mesmo com exigências modestas em relação ao manuseio de computadores, é algo impraticável nas condições das escolas. A estrutura disponível não permite o oferecimento de um treinamento minimamente razoável dos estudantes.
Além do mais, o próprio uso da informática como recurso didático adicional das disciplinas escolares também é pouco empregado. Isto porque até mesmo professores também não estão suficientemente familiarizados com o os recursos desta tecnologia.
Mesmo as escolas que procuram utilizar seus parcos meios informáticos esbarram em obstáculos graves. Diante de um imenso número de alunos para atender, o tempo que cada estudante passará diante dos equipamentos é mínimo. Os computadores precisam ser compartilhados por dois, três ou até quatro alunos por aula que não contam com material didático nem outros recursos úteis como CDs nem mesmo os ultrapassados disquetes para guardarem suas produções.
Quando os laboratórios não estão sendo utilizados por estudantes que estão especificamente tentando lidar com os computadores, ficam indisponíveis para o uso aberto por outros que possam utilizar a internet para realizar pesquisas e também não podem ser utilizados por professores que pretendam usar os computadores seja para buscar informações para uso didático, seja para levar também algum grupo de alunos para algum trabalho dirigido. Os pequenos laboratórios devem servir para tudo ao mesmo tempo.
Mais questões práticas tumultuam o emprego da tecnologia nas escolas. Além da insuficiência dos equipamentos, a manutenção é lenta. Quando algum problema ocorre nos computadores, demanda-se muito tempo entre burocracia e precariedade no atendimento técnico para solucionar os eventuais defeitos. Enquanto isso, computadores defeituosos ficam esperando reparos enquanto desfalcam os laboratórios. Muitas escolas possuem também laboratórios que operam com uma internet com baixíssimo desempenho, atrapalhando e tornando pouco produtivas as rarefeitas oportunidades de utilização destes espaços para pesquisas.
Além dos laboratórios, as salas dos professores também deveriam ser equipadas com computadores e impressores que deveriam ser utilizados pelos docentes para a elaboração de aulas, para a realização de pesquisas e até para que eles pudessem se familiarizar pela prática com o uso da informática.
Claro que todos estes problemas são críticos e merecem investimentos e uma política ordenada para que as dificuldades sejam superadas, porém há casos ainda mais drásticos, afinal, muitas escolas ainda não possuem sequer um laboratório de informática.
Enquanto isso, a Fundação Roberto Marinho agradece mais um convênio com a Secretaria de Educação...
A informatização das escolas é um exemplo disso. Qualquer suposto “mago” da educação lotado em algum dos mais comentados centros de estudos educacionais sabe e afirma que o conhecimento é a “base para o capital humano” e a ”chave para o desenvolvimento” (e os bordões usados são mais ou menos esses). Qualquer cidadão também pode afirmar que a “empregabilidade” (termo herdado da tecnocracia do governo FHC) está associada a um constante aperfeiçoamento dos saberes e habilidades dos indivíduos perante os desafios cotidianos. Tanto os estudiosos quanto o sensato senso comum concordam, portanto, que o conhecimento é necessário e, afinal, o que mais ouvimos é que vivemos na “Era Tecnológica” e na “Era da Informação”. Mas, qual a contribuição de nossa escola pública na ambientação dos estudantes neste panorama?
Fala-se muito em inclusão digital, mas nossas escolas não são inclusivas por claras razões práticas. Algumas unidades de ensino dispõem geralmente de uma sala de aula adaptada como laboratório de informática. Nestes laboratórios, uma dezena de computadores deve atender a cerca de um milhar de alunos. De imediato, ocorre-nos a inevitável constatação da insuficiência da proporção aluno-PC. Isso implica numa óbvia precariedade no uso da informática, pois a insuficiência de equipamentos resulta na incapacidade de atender ao público-alvo de forma eficiente. Esta evidência não é explicitada quando as propagandas dos governos mostram uma criança diante de um PC numa escola pública. Governantes e secretários adoram fazer pose em inaugurações de laboratórios de informática, mas jamais demonstram os dados práticos da aplicação da tecnologia no cotidiano escolar e também não garantem a devida funcionalidade dos laboratórios que inauguram tão festivamente.
Em geral, os laboratórios não contam com professores especificamente habilitados para o ensino da informática. Mesmo os professores que atuam de maneira improvisada nos laboratórios não conseguem atender à demanda das escolas, pois suas cargas-horárias são restritas. Oferecer um curso completo para habilitar os alunos quanto ao uso básico da informática que seja suficiente para prepará-los para o mercado de trabalho, mesmo com exigências modestas em relação ao manuseio de computadores, é algo impraticável nas condições das escolas. A estrutura disponível não permite o oferecimento de um treinamento minimamente razoável dos estudantes.
Além do mais, o próprio uso da informática como recurso didático adicional das disciplinas escolares também é pouco empregado. Isto porque até mesmo professores também não estão suficientemente familiarizados com o os recursos desta tecnologia.
Mesmo as escolas que procuram utilizar seus parcos meios informáticos esbarram em obstáculos graves. Diante de um imenso número de alunos para atender, o tempo que cada estudante passará diante dos equipamentos é mínimo. Os computadores precisam ser compartilhados por dois, três ou até quatro alunos por aula que não contam com material didático nem outros recursos úteis como CDs nem mesmo os ultrapassados disquetes para guardarem suas produções.
Quando os laboratórios não estão sendo utilizados por estudantes que estão especificamente tentando lidar com os computadores, ficam indisponíveis para o uso aberto por outros que possam utilizar a internet para realizar pesquisas e também não podem ser utilizados por professores que pretendam usar os computadores seja para buscar informações para uso didático, seja para levar também algum grupo de alunos para algum trabalho dirigido. Os pequenos laboratórios devem servir para tudo ao mesmo tempo.
Mais questões práticas tumultuam o emprego da tecnologia nas escolas. Além da insuficiência dos equipamentos, a manutenção é lenta. Quando algum problema ocorre nos computadores, demanda-se muito tempo entre burocracia e precariedade no atendimento técnico para solucionar os eventuais defeitos. Enquanto isso, computadores defeituosos ficam esperando reparos enquanto desfalcam os laboratórios. Muitas escolas possuem também laboratórios que operam com uma internet com baixíssimo desempenho, atrapalhando e tornando pouco produtivas as rarefeitas oportunidades de utilização destes espaços para pesquisas.
Além dos laboratórios, as salas dos professores também deveriam ser equipadas com computadores e impressores que deveriam ser utilizados pelos docentes para a elaboração de aulas, para a realização de pesquisas e até para que eles pudessem se familiarizar pela prática com o uso da informática.
Claro que todos estes problemas são críticos e merecem investimentos e uma política ordenada para que as dificuldades sejam superadas, porém há casos ainda mais drásticos, afinal, muitas escolas ainda não possuem sequer um laboratório de informática.
Enquanto isso, a Fundação Roberto Marinho agradece mais um convênio com a Secretaria de Educação...
Certamente, o que o Governo Estadual de Pernambuco está pretendendo fazer é um agrado, uma média com a toda e infeliz poderosa Rede Globo (Fundação Roberto Marinho)tão hostil em relação a luta dos professores por melhores condições de trabalho, basta verificar seus telejornais tendenciosos e de cunho neoliberal.Com isso, o Governo do Estado de Pernambuco ganha mais fôlego, pois, só assim, as crítcas da Toda Poderosa são mais amenizadas em relação ao Governador e o não atendimento às demandas, a ideal aqui é o ajuste fical..... O próprio secretário da Educação, que não entende de Educação, já afirmou, nos jornais e rádios da cidade que, para ele, não tem problema algum em trabalhar com a iniciativa privada, no que diz respeito a futuros projetos, em Educação,a dita e infeliz parceria público-privada. Vejam, amigos, o exemplo do GP (Sistema Prisional de Educação de Pernambuco ou mais um depósito de gente, voltado para o Vestibular) e isso é triste para um dito SOCIALISTA-secretário de Educação, que na verdade não passa de um neoliberal.
ResponderExcluirCarlos José
Amigos do A Alternativa,
ResponderExcluirCadê os programas, inclusive, do Governo Federal para fomentar a inclusão digital nas Escolas Públicas?
Cadê o Fusti? nem sei se a sigla está correta, mas é um programa que incrementa a instalação de computadores nas Escolas Públicas; programa este que, pelo jeito, não saiu do papel.
Não adianta, na minha opinião, colocar laboratórios em todas as escolas. Tudo depende de um projeto prévio, que cada escola deve elaborar, verificando suas potencialidades e vontade de seu corpo docente em realmente trabalhar com computadores. Pois, se não houver esse interesse dos professores, não adiantaria todo o esforço e investimento adotado nessa área; seria melhor prover as escolas de sala de cinema, teatro, balé ou oficinas; a vocação de cada escola deve ser priorizada.
Uma idéia inicial ou sugestão seria a volta de duplas de professores, em cada turno, para atender os alunos e melhorar a manutenção dos computadores, em cada escola, que possui laboratório, pelo menos isso, no mínimo.
Carlos José
Em matéria veiculada no JC(Jornal do Commercio/Informática,15/08/07,p.7)o representante do MEC(Carlos Eduardo),diz que os leptops que serão enviados às escolas integrarão a rotina das mesmas,inclusive poderão ser utilizados pelos alunos fora da sala de aula. Meu Deus que "viagem"!Conheço escolas que precisaram gradear as salas em que encontram-se os PC's convencionais,após várias tentativas de furto. Também fiquei imaginando:Já penssaram na briga entre as empresas que participarão das licitações? Tudo que vem "lá de cima "vira briga de cachorro grande".
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