Por Pierre Lucena.
para o blog Acerto de Contas
O Governo está literalmente perdido na greve com os professores. Digo isso porque já estive lá, e cometi as mesmas bobagens que Danilo Cabral comete hoje.
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Logo no começo do Governo Jarbas, fomos surpreendidos por uma greve do Sintepe, comandada à época por Teresa Leitão, e resolvemos radicalizar.
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Naquela situação foi até mais razoável, porque nem eles mesmos sabiam o que estavam pedindo. Agora os professores têm uma pauta mais clara, de antecipação do piso nacional, e ficaria mais fácil de negociar.
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A radicalização por parte da Secretaria em 1999 se deu por vários motivos. O primeiro deles é que era evidente que não havia espaço para negociação salarial, já que Arraes tinha deixado o Estado absolutamente quebrado. O argumento do Governo Jarbas era mais razoável, pois 5 meses antes assumiu com 2 folhas em atraso (dezembro e décimo-terceiro).
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Para piorar a situação, justamente neste momento o líder do Governo, Isaltino Nascimento, resolveu aprovar uma Lei, elevando o salário dos auditores para acima do teto permitido. Apesar da Lei ter sido vetada, ninguém acreditou que isso saiu da cabeça dele, e sim que estava cumprindo uma missão.
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Em 1998 a radicalização se deu através do corte do ponto, e da exoneração de 5 diretores que se negaram a entregar a falta dos professores. Como o Sintepe percebeu que o Secretário Efrem Maranhão não daria o braço a torcer, resolveram se dar por vencido. Mas se engana que numa batalha dessas alguém sai ganhando. Todos saem derrotados.
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Mas isso foi no primeiro ano de Governo, e mesmo assim o prejuízo foi imenso. A autoestima dos professores, que já era baixa, foi ao chão, e acabou sendo um início ruim de gestão.
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Agora o Governo resolve chamar pessoas para assumir os postos dos professores. Isso é pedagogicamente péssimo, e absolutamente ineficaz. Com a merreca que é o salário dos professores, não conseguirão bons profissionais disponíveis.
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Já o corte de salários é uma medida razoável (a greve foi declarada ilegal), pelo menos porque vai forçar a volta às aulas. Os professores não aguentarão ficar sem receber por vários dias, pois o que ganham é uma miséria.
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Sinceramente eu esperava uma melhor relação entre o Sintepe e o Governo. Apesar da insatisfação da categoria, o Sindicato está nas mãos do PT/PCdoB, e conseguem (pelo menos conseguiam) controlar a categoria.
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Apesar do Governo esconder Danilo Cabral, e colocar Paulo Câmara à frente, o desgaste é inevitável para o Secretário, que até se mexe com certa criatividade. Teve boas medidas em sua gestão, mas isso é pouco para o Governo. Está rezando agora para que a greve acabe com o mínimo de mortos e feridos.
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O problema é que não adianta bater em professor. O pedido de antecipação do piso pode até não se justificar do ponto de vista legal, mas como argumentar com alguém que ganha R$ 950,00 de salário.
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A frase que marcou esta greve foi dita hoje pela vereadora do PT de Petrolina, Cristina Costa, que é dirigente do Sintepe: “Professor não come notebook”.
Também não como papel (jornal, revistas...)nem a engulo mentiras, nem suporto sarcasmos governamentais.
ResponderExcluirNa década de 90, as ações terroristas, chegavam-nos através de cartinhas anexadas ao contra cheque, enviadas pelo sec.de educação Éfrem Maranhão, hoje as ações chegam "in loco" (fiscais nas escolas) e "on line" (vida do professor na internet).
Governos repressores,contribuintes do desmonte no processo educacional no estado de Pernambuco.