Este pequeno ensaio tem por objetivo proporcionar uma reflexão sobre a concepção antrológica do amor em Marx e a sua relação com a luta dos trabalhadores em educação de Pernambuco. A princípio pode causar um certo estranhamento para aqueles leitores, estudiosos e simpatizantes do Marxismo, ou melhor, de um tipo de marxismo restrito ao aspecto puramente economicista. Marx e amor? è possível encontrar alguma referência ,nos textos deste filósofo e teórico , no que se refere a uma concepção antropológico do amor? Existe no itinerário intelectual do jovem Marx espaço para influencias romanticas em seu pensamento científico e positivistas? E por extensão, podemos identificar na luta e reivindicação dos trabalhadores e trabalhadoras em educação de Pernambuco pressupostos deste aspectos amoroso defendido por Marx?
A príncipio gostaria de esclarecer aos leitores e leitoras deste blog, que consultei dois livros de Karl Marx ( Manuscritos econômico-filosóficos e a sagrada familia), assim como Um livro escrito por Leandro Konder, filósofo marxista ( Sobre o amor ) da editora boitempo e o livro de um dos biógrafos de Karl Marx, o francês Pierre Durand, La vie amoureuse de Karl Marx( a vida amorosa de Karl Marx), na qual este autor narra a vida íntima e amorosa deste pensador e sua esposa Jenny Marx, nos mais de 40 anos que eles estiveram juntos, sendo separados apenas pela morte de Jenny em dezembro de 1851.
A aproximação de Marx à causa da classe operária não foi uma adesão puramente iluminista. Segundo Marx, " a fraternidade dos homens não é nenhuma frase(teoria), mas sim verdades para eles, e a nobreza da humildade nos ilumina a partir dessas figuras endurecidas pelo trabalho. " ( pag. 146 - 2005 ) Ou seja, o grande pensador, pouco compreendido, emocionou-se com a situação de exploração dos operários franceses, esta emoção incentivou a reflexão teórica de Marx. Uma das grandes indignações deste pensador com a civilização capitalista esta em seu aspecto extremamente individualista, esgoísta e mercadológico, que transforma todas as relações humanas em um moeda de troca, uma verdadeira mercantilização dos sentimentos humanos.
Para Marx, em seu livro Manuscritos econômico-filosóficos, afirma que " a dominação da essência objetiva em mim, a irrupção sensível da minha atividade essencial é a PAIXÃO. ( 113).
Esta paixão em Marx, não pode ser confundido com o conceito do psicologismo freudiano de amor arrebatador e irracional dos adolescente, mas uma paixão tranformadora e emancipadora da classe operária, um amor que une e provoca alegria nas relações humanas, um amor que não aceita nenhum tipo de opressão, entre patrão e operário e nem entre homem e mulher. Para marx, o amor só pode ser trocado pelo amor, a confiança pela confiança não como uma mercadoria de uso e troca, típico da lógica capitalista.
Na Sagrada Família, Marx contestou os críticos do amor, que tratavam este sentimento com uma verdadeira criancise e limitava-o a mera secerção seminal( ereção, penetração e ejaculação). De fato Marx vivia o que pensava. Sua paixão pela luta política possuia a mesma intensidade pelo amor que nutria por jenny, sua amada esposa, do qual teve seis filhos, tres meninas e tres meninos. Marx lutou a vida inteira pelo afeto de sua mulher, chegando a afirmar, que " .. não era o amor pelo prolétariado, mas o amor pela amada( no caso, por ti )- tornar a fazer do homem um homem." Marx sintia-se um homem na medida em que vivia a grande paixão, tanto pelos oprimidos como e principalmente pela sua amada e querida esposa.
Este pequeno texto, nos levar a refletir sobre o amor dos trabalhadores e trabalhadoras em educação de Pernambuco, que resistiram 24 dias de perseguições, mentiras, punições e ameaças de um Estado que elegeu como sua prioridade de governo o amor ao poder e não o poder do amor. Dedico este pequeno ensaio a todos que acreditam, como Marx lutou toda sua vida, no poder revolucinário do amor, que humaniza as relações sociais, que transforma o homem e a mulher em seres humanos e não em coisas, objetos, moedas de uso e troca. Neste sentido somos utópicos, por não aceitarmos um modelo de civilização que prioriza o lucro e não as pessoas e anunciamos que um outro tipo de civilização é possível, onde o conceito de amor defendido por Marx seja a essência e lógica desta nova civilização, em que o amor aos nossos companheiros e companheiras seja a mola mestra de nossas relações.
Por fim , temos que defender esta dialética da totalidade, entre o todo e as partes, em que o amor a classe também se estenda no amor aos nossos e nossas companheiras, não importando o o modelo de relações, hetero ou homo, temos que cuidar muito bem do nosso amor, seja quem for. Demonstramos ao Estado e seus aparelhos burocráticos ( imprensa, tv, rádios,justiça, poder legislativos, militares), que enquanto tivermos paixão pelo que fazemos , continuaremos a lutar por um mundo melhor. E a luta continuará sempre, dentro e fora da escola. Por isto afirmo que os revolucionários também amam e lutam com paixão, contra toda forma de poder destruidor e que embrutece as pessoas, causando-lhes dor e sofrimentos, opressão e depressão. Então,batemos palmas para eles e para elas, os verdadeiros responsáveis pela educação em nosso estado, os PROFESSORES E PROFESSORAS do Estado de Pernambuco.
Bibliografia:
1- Karl Marx , Manuscritos econômico-filosóficos ( trad. Jesus Ranieri, São Paulo, Boitempo. 2005).
--------------, A Sagrada Família ( trad. Marcelo Backes, São Paulo, boitempo, 2003)
2- Pierre Durand, A vida amorosa de Karx Marx , Paris, julliard, 1970
3- Leandro Konder, Sobre o amor, São Paulo, boitempo, 2007
É muito bom ler textos deste tipo no blog. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado Alexandre, temos que utilizar este espaço para compartilharmos com os amigos nosso ponto de vista.
ResponderExcluirmuito bom o blogger jairo mues parabéns muito legal mesmo.
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