sábado, 25 de julho de 2009

Greve dos professores do Estado de Pernambuco e os elevados índices de violência do Estado

O texto abaixo foi cordialmente enviado pelo professor Gildemarks Costa e Silva, que é doutor em educação pela UNICAMP e leciona na UFPE. Nós agradecemos a colaboração e recomendamos visitas ao blog editado pelo professor Gildemarks: http://paralelas-recife.blogspot.com/
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Greve dos professores do Estado de Pernambuco
e os elevados índices de violência do Estado
Por Gildemarks Costa e Silva
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Na abertura da I Conferência Estadual de Segurança, o Governador Eduardo Campos foi confrontado com protesto dos professores estaduais que estão em Greve por melhores salários. Curiosamente, o Governo que procura alternativas para a redução dos alarmantes índices de violência do Estado de Pernambuco esquece que a condição de professores com salários deploráveis se constitui em um estímulo ao aluno a não acreditar nas promessas de melhoria social por meio da escola e, em alguns casos, se voltar para "os mundos da criminalidade".
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Como há controvérsias públicas sobre o valor do salário dos professores em Pernambuco (sindicato/Governo), o melhor é se concentrar no valor que a imprensa divulgou (mês de julho/09) para a contratação de professores temporários, pois isso é um indicador de como o Governo do Estado vê esse profissional. O salário divulgado é de R$ 618,00 para um professor com 150hs/aula. Ora, não precisa ser economista para perceber que viver com tal salário, principalmente se o professor tiver filhos, implicará uma vida com acesso restrito a determinados bens de consumo. Se o professor conseguir alimentar sua família com dignidade com R$ 618,00 já é muito, nem pense em plano de saúde, carro, residência confortável, compra de livros, viagens culturais etc.
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Pois bem, a existência de um profissional com baixos salários mina a própria crença de que estudar permite acesso a uma vida melhor. Sabe-se que entre as principais motivações para se frequentar a escola está a promessa de que após anos de estudos se consegue uma vida melhor. A escola exige do aluno esforço, disciplina; ela exige isso com o discurso de que tal esforço um dia será recompensado com a melhoria na qualidade de vida; a escola na modernidade se baseia, em muito, no anúncio que um dia o estudo irá permitir bons salários, mudança de classe social etc. Como é que o aluno irá acreditar que um dia será alguém por meio da escola se ele sabe que o professor tem baixos salários, se o professor usa o mesmo ônibus superlotado, se está na mesma fila do posto de saúde pública dos alunos mais pobres, se é um profissional que sequer está em condições de dar vida digna para sua família, isso após anos de dedicação aos estudos? Não é à toa, então, que, cada vez mais, jovens pobres se coloquem a questão: "estudar para quê"?
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Ora, ao não ter uma resposta com sentido para essa questão, é possível que muitos desistam de estudar e, em alguns casos, possam até escolher outros caminhos (como o da criminalidade) que, talvez, tenham (na visão deles) muito mais sentido. Assim, o Governador Eduardo Campos talvez tenha perdido uma boa oportunidade de anunciar na abertura da I Conferência Estadual de Segurança Pública uma alternativa consistente para diminuir os alarmantes índices de violência do Estado de Pernambuco: fazer a instituição escolar ganhar sentido para todos, especialmente para os mais pobres. Para isso, sem dúvida, um primeiro passo é ter um professor com salário digno.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Agradeço a colaboração do Professor Doutor Gildemarks. Somos vítimas cotidianas de propaganda enganosa, de muita falácia que chega ao desrespeito para com o servidor público, nos dispensado pelo atual governo.

    A lógica do governo ninguém entende. Paga-se muito mal, oprimi-se, não nos dão estrutura,e ainda se pede qualidade de serviço? Os centros de referencia não constituem um mundo diferenciado daquele vivido pelas outras escolas públicas. Os alunos que lá estudam não possuem a estrutura prometida no projeto. As notas do IDEB e ENEM falam por si.

    Para mascarar tal falência da educação eduardina ainda criaram um índice que só serve para PE. Nada Faz sentido. Muito se fala, pouco se faz.

    Vivemos um período de eterna contradição do governo, como bem colocou o Dr. Gildemarks. Resta saber como iremos fazer para que o governo perceba que este não é o caminho certo para o desenvolvimento de nosso estado?

    Afinal Eduardo Campos quer ou não um Pernambuco melhor?

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  3. R$ 547.69 é o valor pago em meu contra cheque (salário base)por 150h/aulas, isto já incluindo o remuneração da especialização.
    Sem a especialização, estaria recebendo atualmente 1 salário mínimo.
    Não exite no estado, política de valorizaçao profissional, há sim uma política de adestramento, de recompensas, quando o governo classifica escolas em zero e cem porcento, premiando quem "melhor" desenvolve metas

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