“Professores” (Jornal do Commercio, quarta-feira, 08/07/09, Caderno Economia, p. 2. Coluna JC Negócios.) Fernando Castilho“E os professores, hein? O governo do Estado com publicidade na TV celebrando o programa Professor Conectado, piso nacional e a restauração das escolas com laboratórios, e o Sintepe decretando greve por tempo indeterminado. Ô povo ingrato esse da educação...”
Ilmo. Sr. Fernando Castilho,Saudações poéticas!!!Eu sempre estimei a função social (e pedagógica) do jornalista, do profissional da imprensa em geral. Contudo, às vezes, alguns desses profissionais adotam algumas posturas contradizentes com a realidade, inadequadas, parciais, tendenciosas e até preconceituosas.A sua nota "Professores", publicada na Coluna JC Negócios, do Jornal do Commercio, hoje (08/07/09), é um exemplo desse tipo de postura. Visivelmente, V. Sa. baseou-se apenas nos dados propagados pelo governo do Estado para escrever sua nota. Com isso, exerceu um papel de crítico e algoz de uma categoria que está em luta por melhores condições de trabalho e de vida. Inclusive, sendo extremamente inconveniente e sarcástico no final da "nota", ao afirmar: "Ô povo ingrato esse da educação...".Para poder tecer comentários acerca da greve deflagrada pelos professores do Estado, V. Sa. deveria considerar os dois (ou mais) lados da situação.Por exemplo:As cifras referentes a possíveis "aumentos" nos vencimentos, com a implantação do Piso nacional (de 30,6 a 68%(?)), atingiu uma pequena parcela dos professores da rede (a maioria em início de carreira). Os demais seriam contemplados com o PCC, cuja implantação tem sido adiada há anos. Isso sem falar que o tão-falado Piso também foi apenas parcialmente implantado no ano passado; pois deveria ter sido corrigido em janeiro deste ano e isso não foi feito.O "bônus" (ou 14º ou meio-14º) não foi pago na folha de junho, como foi divulgado na e pela imprensa; e os critérios para a conquista desse "benefício" ainda estão meio obscuros.O programa "Professor conectado" não atingiu a todos os professores hoje em exercício de sala de aula; haja vista o fato de o Estado possuir aproximadamente 5 mil professores contratados - que, apesar de darem aulas no estado por até 4 (quatro) anos, não têm direito a participar de nem UM dos programas, projetos, benefícios etc. destinados à categoria. (Isso sem falar que a manutenção da conexão (internet) é extremamente cara; e não é bancada pelo governo.)A maior parte das escolas que possuem laboratórios (pois, muitas ainda não os têm!) estão com os equipamentos sucateados e defasados; além de terem um número insuficiente de computadores (em geral oito) para atender todo o alunado. Até mesmo um simples conserto de uma máquina é invariavelmente burocrático e sempre adiável, devido à falta de peças para reposição.As "capacitações" não atingem todas as disciplinas e são realizadas em outras cidades (geralmente, do interior), o que não permite a participação de todos os profissionais convidados - que precisam ter mais de um vínculo empregatício para poder sobreviver. (Além disso, a “ajuda de custo” paga por tais participações demoram bastante para ser reembolsadas ao professorado, que paga por antecipação.)A maioria das escolas ainda conta com um número alarmante de professores-contratados; enquanto muitos outros esperam a nomeação oriunda dos concursos recentes.E, algumas dessas escolas, ainda não têm professores para algumas disciplinas desde o início do ano letivo (ou de anos anteriores), segundo números do próprio SINTEPE, constantemente divulgados, e corroborados pelo governo.Os educadores de apoio (coordenadores pedagógicos) estão recebendo o mesmo percentual de gratificação que os professores (60%); quando em anos anteriores, este percentual era 10% maior que o do professorado - devido à maior intensidade e diversidade de atividades.Algumas escolas estiveram passando por reformas durante as aulas no 1º semestre; causando mal-estar e problemas de saúde mais sérios em professores e alunos.Há escolas grandes que contam apenas com um ou dois funcionários na Secretaria, causando atrasos na execução de atividades e serviços; enquanto os aprovados no último concurso ainda esperam nomeação.Até hoje, no início do 2º semestre, há alunos que não receberam fardas; pois não foram entregues todos os números em quantidade suficiente.Alguns alunos estão esperando a reposição de livros de algumas disciplinas, que estão faltando nas escolas, desde o início do ano letivo.Ou seja, ainda há muito para ser feito. Por isso, a greve dos professores é lícita e visa a melhoria da educação como um todo. Não é "ingratidão" nenhuma dos professores. Todos respeitamos os esforços empreendidos pelo atual governador (eleito inclusive por uma grande maioria dos professores e funcionários públicos em geral). Contudo, as propagandas veiculadas na imprensa (e repetidas por alguns jornalistas/analistas) não podem servir como um "presentinho", um "cala boca", que nós estamos desdenhando, para que nós deixemos de reivindicar os nossos direitos.Queremos uma educação pública e de qualidade para todos!!!A nossa felicidade, neste caso específico, é a sua coluna não ficar num caderno central e de interesse geral; portanto, não é tão lida; e, por isso, o estrago que ela pôde fazer é bem menor do que se ela fosse veiculada no Caderno Cidades, por exemplo.Mesmo assim, eu (ou melhor: nós cidadãos, professores e não) solicitamos de V. Sa. um pouco mais de atenção e acuidade social ao redigir as notas de sua coluna.Agradeço pela sua atenção e coloco-me ao seu inteiro dispor para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.
Cordialmente,Francisco Mesquita. Professor. Olinda. ffmesquita@ig.com.br
Francisco, concordo com o teor da sua matéria porém, o que você chama de "esforços empreendidos pelo governo" eu chamo de POlÍTICA de COMPENSAÇÂO fazem isso com macacos, cachorros, e outros bichos principalmente, com os que, atuam em CIRCOS.
ResponderExcluirÉ assim que, o governo nos trata!
Este é o preço que se paga quando um Governo do Estado resolve oferecer assinaturas de jornais aos professores. A Imprensa, em geral, está comprometida com o Governador e com o Secretário de Educação. Vejam a maioria das machetes, todas elas, sem exceção são contra a categoria e tentam de maneira absurda jogar a população contra o professorado, como se nós vivemos apenas de jornais, revistas, capacitações em hotéis luxuosos e de notebooks. Eu até admirava o comentarista Fernando Castilho, mas depois dessa ... fiquei decepcionado. Isso veio de um jornalista formado e experiente, imagine o que viria de um profissional sem diploma ? É Castilho, professor neste país não vale o que gato enterra, na mente de pessoas preconceituosas como você.
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