sábado, 4 de agosto de 2007

Despreparo e arbitrariedade

Que Danilo Cabral não entende nada de educação, todo mundo já sabe. Mas é possível verificar que sua assessoria também é despreparada, pois a imposição feita do calendário letivo para a reposição das aulas é simplesmente uma piada... coisas de tecnocratas! Ressalta-se também a incidência de mais uma medida imposta autoritariamente pela Secretaria de Educação, pois o calendário e as medidas para reposição estão sendo impostos - e não discutidos - de forma ampliada.

Uma das medidas estabelecidas pela Secretaria , por exemplo, é o acréscimo de uma aula nos turnos a partir do próximo dia 7, mas não foram consideradas as condições para viabilizar esta medida. A (péssima) idéia indica que o turna da manhã será das 7:10 às 12:30, o turno da tarde será das 12:50 às 18:00 e o turno da noite será das 18:10 às 22:10. Mas os gênios da Secretaria deixaram de considerar coisas práticas que são óbivias para quem trabalha nas escolas. Os professores que trabalham em mais de uma escola poderão cumprir esta carga-horária? O intervalo ridículo entre os turnos será suficiente para preparar as unidades escolares devidamente? Os alunos noturnos que também são trabalhadores, conseguirão chegar nas escolas neste horário? Como o Secretário e sua equipe não conhecem a rotina de uma escola nem as eventualidades e contextos dos alunos, fica fácil estabelecer planos sem critério e sem aplicabilidade à estrutura e funcionamento das unidades de ensino.

A brilhante equipe da Secretaria pretende enquadrar todos os dias de reposição ainda em 2007! Esta foi a mais longa greve dos últimos 10 anos e implicou na paralização durante 28 dias letivos. Greves mais curtas ocorridas neste período tiveram suas reposições aplicadas após o período de férias coletivas dos trabalhadores em educação (em janeiro). A Secretaria quer adotar uma receita que certamente será pior para todo o conjunto dos envolvidos no processo, por pura falta de apreciação prática. As mentes iluminadas da equipe do secretário possuem um entendimento rasteiro de que "ano letivo" está necessariamente condicionado ao entendimento de "período letivo" (os 200 dias obrigatórios). Sugestão: os técnicos deveriam verificar a legislação educacional existente (a LDB) para poder perceber que esta insistência é pura falta de percepção prática e os dias letivos podem extrapolar a fatídica data de 31 de dezembro!

Os professores que aderiram à greve estão compromissados com a reposição dos dias letivos parados, mas esta reposição precisa ser dirigida de maneira democrática e minimamente coerente. A Secretaria não está fazendo isso ao impor um plano de reposição e um calendário fixos que não foram submetidos a sequer uma apreciação por parte de gestores escolares e professores. As medidas também caracterizam o óbivio: a equipe do secretário é absolutamente alheia ao universo escolar.



Clique aqui e veja a portaria que define as reposições e o calendário.

6 comentários:

  1. Sinceramente, eu não assinarei termo de compromisso nenhum e também não darei aulas aos sábados, que fiquem com meu salário de julho, pois ainda me resta um pingo de vergonha na cara.

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  2. Nosso sindicato está tão sem moral que não consegue nem dar essas explicações obvías na mesa de negociação ao secretário.
    E quanto a assinar o termo de compromisso para ter direito ao meu salário vou fazer a opção de recebê-lo no próximo contra-cheque. O presidente do sindicato esqueceu de dizer ao secretário que nós não somos bandidos e que diferente do governador e do secr. de educação apesar de ganharmos o pior salário do Brasil nós temos compromisso com a educação.

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  3. TAMBÉM NÃO VOU ASSINAR COMPROMISSO ALGUM. ESTÃO NIVELANDO O CARÁTER DA MAIORIA DA CATEGORIA DOS PROFESSORES AO CARÁTER DOS GOVERNANTES DESSE ESTADO. TRABALHO PORQUE PRECISO, MAS POR SER EM EDUCAÇÃO, TAMBÉM AMO O QUE FAÇO. NÃO PRECISO PASSAR RECIBO DE NADA EM MINHA VIDA. TAMBÉM ME RESTA VERGONHA NA CARA.

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  4. Não resisti e enviei esta mensagem à SEDUC:

    "Putz! Cada ação que vcs promovem, passam mais recibos de incompetência. Vcs realmente não sabem qual a dinâmica de uma escola, das condições da comunidade escolar, etc. Exemplo: vcs sabem por quem é composto o quadro de alunado do turno noite? Pois bem, o alunado da noite, em sua grande maioria, vem do trabalho para a escola sem escala em casa. Vcs fazem idéia da hora que esses trabalhadores saem dos seus posto? Não. Vcs não sabem. De outra forma, não teriam cometido a asneira de impor um calendário de reposição que não considera a situação do alunado, principalmente. Vcs só consideram que devem mostrar um calendário. Toda essa situação de desencontros e irracionalidades, desde o início das negociações até o momento de apresentar um calendário, só pode ser obra de quem tem uma ERVILHA no lugar do CÉREBRO. É nisso que dá, colocar gente incompetente para fazer trabalhos que demandam especialistas."

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  5. O q é isso, companheiros? O PEE2000-2009 foi aprovado pela AL, com 3 anos de atraso, em 8 de julho de 2002. É um plano de sociedade, não de governo. Por isso mesmo, Eduardo e Danilo têm de cumpri-lo. No entanto, não dão a mínima para a Lei Estadual. Assinaram e não cumprem. Eu cumpro meu papel de educador, ms para isso não preciso assinar + P.... NENHUMMMA!!! Assim dizia o grupo Camisa de Vênus: "Bichos escrotos, vão se f."

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  6. Equanto a educação deste Estado for projetada por esses educadores de gabinete, desconhecedores da realidade das escolas, que melhorias podemos esperar? Como cumprir esse calendário imposto?O secretário e sua equipe não levaram em conta o fato de que grande parte de nossos educadores trabalham em outras redes de ensino, justamente porque nosso salário é insuficiente e eles desconhecem nossa realidade. Como poderemos chegar nas escolas a tempo? Não nos restou tempo suficiente nem para a alimentação entre um turno e outro, ou será que eles não sabem que trabalhamos mais de um turno? Estamos sendo punidos por reivindicar melhoras para a educação? Esta prática condiz com a tão sonhada democracia, em nome da qual tantas vidas foram ceifadas neste país? Além de amargarmos as perdas salariais e sofrermos as perseguições de diretores de escola, também seremos coagidos a cumprir esse calendário absurdo? É esta a prática de um governo que se diz democrático? Que diferença há ente a ditadura dos militares e a aditadura da gravata? Ambas não são da mesma forma opressoras? Devemos mesmo nos resignar e deixar que destruam com o mínimo da dignidade que ainda nos resta?

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